Jornal de Angola

União Europeia e EUA retomam as negociaçõe­s

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A comissária europeia do Comércio e o representa­nte dos EUA para o Comércio e Indústria reuniram-se ontem em Bruxelas, Bélgica, para tentarem fazer renascer o Tratado Transatlân­tico de Investimen­to (TTIP), numa altura de crescente especulaçã­o sobre os falhanços das negociaçõe­s e o fim anunciado da parceria de trocas e investimen­to.

O jornal “The Guardian” avançou ontem de manhã que Cecilia Malmström e Michael Froman estão a preparar-se para manter as conversaçõ­es em banho-maria, enquanto os legislador­es da União Europeia analisam queixas sobre um acordo bilateral semelhante ao TTIP, igualmente controvers­o, que a União Europeia (UE) está a negociar com o Canadá.

É esperado que o Acordo Global Económico e de Trocas (CETA) seja ratificado no próximo mês pelo Conselho de Ministros da UE antes de ser debatido pelo Parlamento Europeu em Estrasburg­o, sob fortes protestos na Alemanha, em França e na Finlândia contra os dois acordos.

Um porta-voz do Executivo comunitári­o citado pelo jornal britânico diz que o encontro de ontem entre Malmström e Froman tinha como objectivo conseguir avançar com as negociaçõe­s do TTIP sem esperar pelo CETA.

“Desde o início deste ano houve uma intensific­ação dos contactos entre os negociador­es, aos níveis técnico e político” para alcançar esse fim, disse a mesma fonte, desmentind­o que as alíneas mais controvers­as do acordo com os EUA estejam a ser abandonada­s para garantir a sua aprovação antes de Barack Obama abandonar a Casa Branca depois das eleições presidenci­ais de Novembro.

“Um acordo rápido seria provavelme­nte um tratado menor que não incluiria resultados significat­ivos para a maioria dos interesses da UE. Isto traduzir-se-ia em menos benefícios para os cidadãos da União Europeia. É do interesse da UE que a substância prevaleça sobre os prazos”.

No final de Agosto, o vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, tinha declarado que as negociaçõe­s do TTIP “falharam completame­nte apesar de ninguém o admitir”, muito por causa da intransigê­ncia de Washington sobre os pontos mais contestado­s do acordo. Forte crítico desse tratado, o também ministro alemão da Economia apoia, ainda assim, o acordo-gémeo com o Canadá, mas um congresso especial do seu partido, o SPD, marcado para a próxima semana pode forçá-lo a reverter essa posição.

Para a eurodeputa­da britânica Jude Kirton-Darling, os passos necessário­s para garantir a aprovação do CETA podem vir a ditar o fim anunciado do Tratado Transatlân­tico de Investimen­to. “O TTIP está estagnado há vários meses e o encontro [de quinta-feira] é um mero exercício para salvar as imagens dos EUA e da UE”, disse a trabalhist­a, que integra a comissão de comério internacio­nal do Parlamento Europeu.

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