Angola apela à coesão e condena ingerências
A XVII Cimeira do Movimento dos Não-Alinhados, organização que integra120 países, terminou ontem na Ilha Margarita (Venezuela), com os Chefes de Estado e de Governo a defenderem a reforma das Nações Unidas, incluindo o seu Conselho de Segurança. Hassan Rohani, do Irão, passou a presidência da organização a Nicolás Maduro, da Venezuela. O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, que representou na Cimeira o Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, pediu aos países Não-Alinhados que se mantenham coesos, condenando interferências nos assuntos internos. Manuel Vicente disse que a organização deve recusar a interferência nos seus assuntos internos, o desrespeito da integridade territorial e a soberania dos seus povos, que tendem a desacelerar o crescimento económico e o desenvolvimento sustentável dos países em vias de desenvolvimento. Pediu, por isso, uma maior articulação com os organismos das Nações Unidas para uma abordagem séria e identificar as políticas de crescimento económico sustentáveis e igualitárias, para que o mundo seja menos desigual e politicamente mais estável. “Os nossos países devem, num esforço concertado, defender a reforma do sistema das Nações Unidas, a reestruturação do Conselho de Segurança e a revitalização do trabalho da Assembleia-Geral”, frisou.
O Vice-Presidente da República, Manuel Vicente, pediu ao Movimento de Países Não Alinhados que se mantenham coesos na defesa dos Estados-membros e dos princípios daquele organismo, condenando interferências nos assuntos internos. “Devemos promover a coesão dos Estados para poder manter-nos fiéis e defender, com firmeza, os propósitos e princípios que foram as bases da criação do Movimento, contidos na Carta de Bandung, na Declaração de Havana, de Bali e na Carta das Nações Unidas”, disse.
Manuel Vicente falava na sessão de abertura da XVII Cimeira dos Não-Alinhados, que decorre na ilha venezuelana de Margarita, uma intervenção que terminou com um “muito obrigado”, em língua portuguesa, do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro. “Devemos recusar a interferência nos assuntos internos dos nossos Estados e o desrespeito pela integridade territorial e a soberania dos nossos povos, que tendem a desacelerar o crescimento económico e o desenvolvimento sustentável dos países em vias de desenvolvimento”, disse.
Manuel Vicente pediu uma maior articulação com “os organismos das Nações Unidas para ter uma abordagem séria e identificar as políticas de crescimento económico e sustentáveis, igualitárias, para que o mundo seja menos desigual e politicamente estável”. Os Não-Alinhados devem ainda continuar a condenar todas as políticas e práticas discriminadoras que impedem o acesso dos países em vias de desenvolvimento de obter os benefícios da informação e tecnologias de comunicação e de redes estabelecidas em países desenvolvidos, referiu.
“Os nossos países devem, num esforço concertado, defender a reforma do sistema das Nações Unidas, a reestruturação do Conselho de Segurança, a melhoria das relações com os organismos principais das Nações Unidas e a revitalização do trabalho da Assembleia-Geral”, frisou. A complexidade dos problemas que o mundo actual enfrenta requer concertação, diálogo e negociação permanente, porque a interdependência e maior proximidade fazem com que os problemas locais se tornem globais, obrigando a respostas concertadas e universais para acabar com os crimes transnacionais, as grandes doenças endémicas, o terrorismo e a destruição contínua do meio ambiente, referiu Manuel Vicente.
Estabilidade e paz
O Vice-Presidente destacou que “Angola tem sido um factor importante de paz e de estabilidade regional e internacional”. Enquanto líder da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos, Angola tem realizado “um debate ministerial aberto sobre a manutenção da paz e da segurança internacional, prevenção e resolução de conflitos na região, que assentou bases que podem contribuir para a resolução dos conflitos que continuam a afectar a sub-região de África”.
Angola continuará comprometida “com a promoção e preservação da harmonia e da segurança” no continente africano e em recuperar “a sua capacidade produtiva, na promoção da diversificação da sua economia nacional”, acrescentou Manuel Vicente.
Liderança iraniana
O Presidente do Irão, Hassan Rohani, afirmou sábado no início da Cimeira dos Não-alinhados, na qual passa a presidência à Venezuela, que a reunião decorre no meio de uma situação em que a paz está em risco no mundo inteiro.
“Os membros dos Não-alinhados precisam mais do que nunca de solidariedade, consolidação e integração”, disse o Presidente iraniano, que considerou “muito preocupante o que está a acontecer actualmente nas relações internacionais” no mundo globalizado.
Rohani destacou que os países não-alinhados constituem dois terços da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e são “uma parte indispensável nas soluções para os desafios actuais do mundo”.
O Presidente iraniano assegurou que a “tendência da polarização militar actual está a superar as corridas armamentistas do passado” com a proliferação de guerras, disputas e a ingerência nos assuntos internos das nações por parte de países que têm poder e riqueza.
“Temos visto incidentes muito dolorosos na Síria, Iraque, Líbia que têm ferido e ainda atingem a consciência de milhares de pessoas no mundo”, referiu, considerando o que acontece nestes países um “símbolo da irresponsabilidade das grandes potências”. Em relação a isto, Rohani disse que o Irão “advertiu desde o princípio sobre o perigo do terrorismo jihadista” junto de governos como os do Iraque e da Síria.