CARTAS DO LEITOR
Bancos e cambiais
Escrevo para este espaço dedicado aos leitores deste prestigiado órgão de comunicação social para manifestar o meu descontentamento em relação ao tratamento que alguns bancos comerciais dão, nesta fase difícil para todos, aos seus clientes com salários domiciliados há anos nessas instituições financeiras.
Sou cliente de um banco comercial, que não interessa citar, há anos e como tenho três filhos a fazer cursos superiores no estrangeiro à minha custa, há anos que também acordei com o banco, através de um instrutivo permanente e os documentos necessários, para a transferência mensal de um determinado montante retirado do meu salário para custear os estudos, alimentação e o pagamento da renda.
Nos primeiros anos, quando a crise cambial não se fazia ainda sentir como agora, o banco foi transferindo, mês sim mês não, as ajudas aos meus filhos. Aceitei essa situação sem reclamar, embora enquanto cliente devia ser o banco, através do gestor de contas, a comunicar sobre essas falhas, porque afinal há um instrutivo permanente que não foi revogado nem por mim, nem pelo banco.
Mas como a crise afecta a todos, não fiz grande alarido e fui “desenrascando” como podia, para fazer chegar o necessário para os meus filhos não passarem fome ou dormirem ao relento. Há três meses que o banco não envia um vintém à minha filha, mesmo com o dinheiro na minha conta.
Já fui reclamar “n” vezes, sem sucesso. O banco alega que esta é uma questão conjuntural, embora saiba que o Banco Nacional de Angola (BNA) realiza semanalmente venda de divisas aos bancos comerciais. Meus senhores, há direitos que não podem ser pisoteados de qualquer forma. Eu tenho o meu dinheiro no vosso banco e mereço ser tratado com respeito. Dois dos meus filhos foram retirados da casa arrendada, por falta de pagamento, e a minha filha corre o mesmo risco. A quem pedir contas? Esta é a questão que deixo no ar, com a esperança de que o assunto se resolva o mais rápido possível.
Trocas no trânsito
A troca de agentes de trânsito efectuada pelo Comando-Geral da Polícia Nacional já está a dar resultados. Em algumas zonas da cidade de Luanda, permanentemente engarrafadas, devido à má condução de muitos taxistas, a circulação já se faz com alguma fluidez. Percorri a cidade durante algumas horas e reparei que os novos agentes tratam os automobilistas com dignidade e, em alguns casos, com demasiada brandura. Acho que não se pode continuar a permitir que automobilistas, com carros de alta cilindrada, não respeitem os peões na passadeira. Era suposto que quem conduz um carro de alta cilindrada, alguns dos quais oficiais, tenha alguma urbanidade e respeite os peões. Vamos fazer figas para que os novos agentes reguladores do trânsito em Luanda e no país inteiro comecem a exigir dessa gente alguma educação, que parece faltar.
Os novos agentes não devem transportar o velho e mau hábito de concentração nas ditas paragens de candongueiros nas horas de ponta e devem realizar um amplo trabalho de sensibilização junto dos peões para não atravessarem fora das passadeiras. Porque, para mim, fica muito difícil compreender uma pessoa atravessar a rua por baixo da passadeira aérea, com o risco de vida que isso acarreta. Isso é uma coisa que me arrepia. A Polícia deve tomar isso a sério, porque já há muita gente a ser atropelada mortalmente por essa atitude irresponsável.
Não se pode continuar a ver gente a correr risco e às vezes diante das autoridades. Retirar as barreiras de separação das vias para fazer a travessia é outro mal que deve ser erradicado. As áreas da Clínica do Prenda e as pontes aéreas do Morro Bento registam todos os dias casos de gente a atravessar a rua através de buracos feitos nas redes de protecção que separam as áreas de circulação automóvel. Tem de ser feita alguma coisa para travar este vandalismo contra os bens públicos.