A diversidade e o debate
As eleições gerais que se realizam no próximo ano mexem já com a sociedade angolana. Os angolanos têm o hábito, desde 1992, quando se realizaram as primeiras eleições multipartidárias, de irem às urnas em massa. Os angolanos têm dado prova de que querem participar no processo de consolidação da democracia.
Os angolanos têm consciência de que as eleições são acontecimentos nos quais os cidadãos devem participar, como forma de contribuírem para consolidar a democracia.É positivo o facto de os partidos políticos e organizações da sociedade civil estarem a mobilizar os cidadãos para a actualização dos seus dados eleitorais.
Em 2017 teremos eleições gerais, em que os cidadãos eleitores vão poder escolher os seus governantes. É preciso que as pessoas saibam, em particular aquelas que são potenciais eleitores, que devem actualizar os seus dados eleitorais ou proceder ao registo eleitoral pela primeira vez.
No próximo ano, o maior acontecimento serão as eleições gerais. É positivo que os partidos políticos estejam a mobilizar os seus militantes e simpatizantes para o registo eleitoral. Os partidos políticos são organizações que, por serem concorrentes ao poder, são essenciais para o avanço da democracia no nosso país.
Mas a consolidação da democracia não se faz apenas com os partidos políticos. A sociedade civil é também fundamental para que o país progrida no sentido de termos instituições democráticas sólidas. As eleições são um momento importante da nossa vida em democracia. Todas as forças da Nação– nomeadamente, os partidos políticos e sociedade civil– devem empenhar-se em dar valor acrescentado à nossa democracia que precisa de ter uma maior vitalidade para que o país beneficie do regime democrático, em que todos exprimem as suas ideias, independentemente das convicções políticas e ideológicas.
É preciso compreender que a diversidade de ideias é uma das nossas principais riquezas em democracia. É necessário que todos saibam que têm a oportunidade de expressar os seus pontos de vista. A diferença não é um mal. É mesmo necessário a diferença de opiniões. O contraditório pode levar-nos a encontrar o entendimento e as soluções para muitos dos nossos problemas, que é o que faz avançar o mundo. É bom que haja, numa sociedade, opiniões diversas. Nem sempre a unanimidade é o caminho que leva à resolução dos problemas. Também não é preciso que as soluções passem sempre pelo confronto. Os governantes, em particular, devem saber, isso sim, captar a opinião correcta dos vários sectores da sociedade. Temos no país quadros de elevada competência que têm emitido as suas opiniões sobre assuntos importantes que têm a ver com a vida do país. Não se deviam ignorar as opiniões de especialistas angolanos que não se cansam de dizer o que deve ser feito e o que não deve ser feito.O país é de todos nós e os argumentos dos especialistas que discordam de certas decisões em relação à política económica ou a outros assuntos da vida nacional deviam ser analisados com ponderação, para se ver se eles podem ser úteis para dar solução a problemas concretos.
Impõe-se hoje, por exemplo, com o início do processo de diversificação da economia, um diálogo mais frequente entre os governantes e a classe empresarial. Não tenhamos dúvidas: as empresas são o motor do crescimento económico. Há muitos angolanos com experiência em vários ramos do saber. Estes angolanos devem poder dar a sua contribuição, com as suas ideias, para a concretização de projectos que resultem de facto em bem-estar das populações.
Há angolanos, e não são poucos, que estão envolvidos em actividades produtivas. Eles trabalham, em muitos casos, em condições difíceis. Há empresários com muita vontade de realizar os seus projectos produtivos, mas infelizmente têm dificuldades em encontrar financiamento.
É indispensável que comecemos a debater assuntos diversos, sobretudo os que têm a ver com a actividade empresarial. Os empresários angolanos têm estado disponíveis para abordar assuntos diversos sobre o rumo a dar à nossa diversificaçãoeconómica. O processo de diversificaçãonão é um assunto exclusivo do Estado. O Executivo tem consciência disso e empreendeu acções para incentivar a iniciativa privada.
Os empresários têm de estar no centro deste processo de diversificação da economia.Trata-se de um processo que teve um início e que se vai prolongar no tempo. Como disse um prestigiado economista angolano, a diversificação da economia tem um início, mas não tem um fim. Vamos ter de diversificar a economia ao longo de muitos anos.
Teremos uma vez mais no próximo ano eleições multipartidárias, num contexto em que ainda teremos problemas económicos e financeiros, em virtude da queda do preço do petróleo, o que fez com que se reduzissem consideravelmente as reservas internacionais. O debate, no quadro das eleições, deve contribuir para ajudar o país a encontrar as saídas para a crise que atravessa, a fim de todos termos uma vida melhor.