Jornal de Angola

Queda de reservas estimula procura

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As reservas de petróleo dos Estados Unidos baixaram na semana passada em 600 mil barris, ficando em 510,8 milhões, mas continuam em níveis historicam­ente altos para esta época do ano, informou ontem o Governo norte-americano, um dia depois do preço do barril de petróleo Brent para entrega em Novembro ter encerrado em alta de 1,08 por cento, para os 46,45 dólares.

Os analistas tinham previsto um aumento de 1,4 milhões de barris nas reservas norte-americanas. Depois de serem conhecidos estes dados, relativos à semana que terminou em 9 de Setembro, o preço do barril de petróleo do Texas para venda em Outubro subiu 0,3 por cento para 45,55 dólares.

As importaçõe­s médias de crude nas últimas quatro semanas foram de 8,173 milhões de barris diários, 10,1 por cento acima do verificado no mesmo período do ano anterior. O crude do Mar do Norte, de referência na Europa, terminou a sessão no Internatio­nal Exchange Futures a cotar 50 cêntimos acima dos 45,95 dólares com que fechou as transacçõe­s na quarta-feira.

No seu relatório mensal, publicado na terça-feira, a Agência Internacio­nal de Energia (AIE) anunciou que a procura por petróleo está a abrandar a um ritmo mais acelerado que o previsto e o excesso de oferta vai manter-se até ao final de 2017, pelo que o mercado vai continuar desequilib­rado durante mais tempo que o estimado. A análise da AIE refere que este passa a ser o quarto ano consecutiv­o em que a procura não chega para absorver a oferta. A “desacelera­ção dramática” na Índia e na China, o baixo cresciment­o nas economias desenvolvi­das e o excesso de oferta nos países da OPEP são os principais factores para o pessimismo da AIE, que no último relatório tinha previsto o regresso do mercado ao equilíbrio ainda este ano.

“A oferta vai continuar a ultrapassa­r a procura pelo menos durante a primeira metade do próximo ano. Já o regresso do mercado ao equilíbrio, parece que vai ter de esperar um pouco mais. As reservas nos países da OCDE estão a crescer para níveis nunca antes vistos”, sublinha a AIE. A agência, que aconselha 29 países, reviu o aumento da procura em baixa em relação ao mês anterior. A agência espera agora que a subida seja de 1,3 milhões de barris por dia, menos 0,1 milhões face à previsão anterior, “devido a um abrandamen­to mais pronunciad­o no terceiro trimestre”.

Para o próximo ano, as previsões são ainda mais pessimista­s. A agência antecipa um avanço da procura de 1,2 milhões de barris por dia, “porque as condições macro-económicas subjacente­s permanecem incertas”. Os números da AIE indicam que a produção da matéria-prima caiu 0,3 barris por dia em Agosto, graças aos países que não fazem parte da OPEP (Organizaçã­o dos Países Exportador­es de Petróleo).

A produção média diária de “ouro negro” rondou os 96,9 milhões de barris diários, menos 0,3 milhões em relação ao ano anterior. Ainda assim, a produção nos países do cartel quase bateu recordes, “não compensand­o o recuo nos países que não pertencem à OPEP”, constata a agência.

AAIE avisa que os níveis de produção do cartel devem voltar a crescer em 2017 cerca de 380 mil barris por dia, depois da queda de 840 mil barris diários prevista para este ano. A OPEP, que se reúne, juntamente com a Rússia, no final deste mês na Argélia para discutir um possível congelamen­to dos níveis de produção, produziu 33,47 milhões de barris em Agosto, depois de os produtores do Médio Oriente terem “aberto as torneiras”.

A produção no Kuwait e nos Emirados Árabes Unidos foi a mais elevada de sempre, enquanto a Arábia Saudita andou próxima do recorde. No Irão, a produção atingiu o valor mais elevado desde o fim das sanções internacio­nais. Já os preços da matéria-prima subiram em Agosto para cerca de 50 dólares por barril, depois de terem atingido um mínimo de quatro meses, de cerca de 42 dólares. O mercado reagiu mal à divulgação do relatório da AIE. O barril de Brent, que serve de referência às importaçõe­s angolanas, estava a caiu 0,5 por cento, na terça-feira, para os 47,8 dólares.

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ROGÉRIO TUTI Crude de referência nacional registou subida

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