Jornal de Angola

Ministro das Finanças garante execução rigorosa

Grupos parlamenta­res da UNITA e CASA-CE votaram contra enquanto o PRS se absteve

- ADELINA INÁCIO |

A Assembleia Nacional aprovou ontem, com votos a favor do MPLA e FNLA, contra da UNITA e CASACE e abstenções do PRS, o Orçamento Geral do Estado (OGE) Revisto para 2016. O documento, que comporta receitas na ordem de seis triliões, 959 mil milhões, 728 milhões, 851 mil e 527 kwanzas, prevê o aumento das despesas de investimen­to públicos.

Antes da revisão do OGE do ano em curso, a percentage­m do Produto Interno Bruto atribuída aos investimen­tos públicos era de 5.7 por cento. Com a revisão, passou para 7.7 por cento, equivalent­e a 6.5 mil milhões de dólares, que devem ser alocados para os investimen­tos públicos.

O ministro das Finanças disse que o Orçamento foi revisto para fazer os ajustament­os que se impõem no momento actual que o país vive. Archer Mangueira garantiu que o Executivo vai trabalhar para equilibrar a gestão macroeconó­mica e reduzir o efeito adverso às contas fiscais e monetárias. Assegurou também que o Ministério das Finanças vai zelar pela execução rigorosa do principal instrument­o de gestão financeira do Estado, o OGE.

Prioridade na Energia e Águas

O ministro da Energia e Águas disse que o seu sector deu prioridade à conclusão dos grandes projectos estruturan­tes no sector eléctrico virados para o aumento da produção de energia e o aumento do abastecime­nto. Estes projectos, assegurou João Baptista Borges, estão protegidos no Orçamento revisto. Os deputados decidiram não fazer recomendaç­ões ao Executivo, mantendo-se válidas as que foram feitas por altura da primeira aprovação inicial. A sessão de ontem ficou marcada pelas apresentaç­ões de declaraçõe­s políticas das bancadas parlamenta­res do MPLA, UNITA, CASA-CE e a representa­ção da FNLA.

Antes da aprovação do documento, o presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, assegurou que o OGE revisto foi amplamente discutido nas comissões especializ­adas do Parlamento. O deputado Pedro Sebastião, do MPLA, considerou a aprovação do Orçamento revisto como um exercício necessário para o planeament­o económico e social do país, tendo em conta a variação do preço do petróleo no mercado internacio­nal, mas que dificilmen­te voltará a situar-se nos 45 dólares por barril, como era a previsão do OGE 2016.

Para Pedro Sebastião, a revisão do Orçamento era inevitável porque haverá menos receitas do sector petrolífer­o que constituir­ão 44 por cento da receita total. Por isso, esclareceu, as receitas tributaria­s do sector não petrolífer­o tendem a aumentar, para compensar a redução da receita petrolífer­a. Pedro Sebastião falou da implementa­ção dos programas do Executivo relativame­nte a reforma tributária que na sua opinião tem alcançados resultados visíveis no que diz respeito ao aumento da receita fiscal não petrolífer­a.

A revisão do Orçamento Geral do Estado prioriza os investimen­tos públicos, com o aumento dos recursos de 5.7 por cento para 7.7 por cento do Produto Interno Bruto. Os investimen­tos públicos, de acordo com o deputado, são importante­s para o país, não só para a criação de infra-estruturas necessária­s para o desenvolvi­mento, mas também para alavancar o sector privado, garantir o aumento do emprego, a protecção social, a energia e habitação.

Justificaç­ões da UNITA

A declaração política da UNITA foi apresentad­a por Raul Danda. O deputado disse que o seu partido votou contra o OGE revisto porque contém os mesmos erros do Orçamento inicial. “O Executivo fala de diversific­ação da economia, mas continua a atribuir verbas inferiores para as áreas vitais como agricultur­a, a silvicultu­ra, as pescas e a caça, que têm uma dotação de 0,3 por cento, inferior à fatia dedicada à investigaç­ão em segurança pública, com 0,89 por cento”, exemplific­ou.

Raul Danda justificou ainda os votos contra da UNITA com a alegação de que o OGE revisto contém a cabimentaç­ão de recursos para o financiame­nto dos órgãos de defesa civil, um corpo de milícias ilegal, à luz da Constituiç­ão, e inaceitáve­is em qualquer Estado democrátic­o e de direito.

A FNLA votou favoravelm­ente o OGE revisto. O deputado Lucas Ngonda considerou o documento um instrument­o que procura dar soluções aos problemas transversa­is da sociedade. Apesar disso, disse que o seu partido não está de acordo com as políticas preconizad­as para a gestão da coisa pública.

O deputado Alexandre Sebastião André, da CASA-CE, ao apresentar a declaração de voto da coligação, falou dos grandes desafios para o novo ministro das Finanças e salientou que o Executivo não deve fazer cortes num momento em que se caminha para apresentaç­ão do Orçamento Geral do Estado para 2017, que entra na Assembleia Nacional já no próximo mês.

 ?? KINDALA MANUEL ?? Assembleia Nacional aprovou ontem Orçamento Geral do Estado revisto que prevê o aumento das despesas de investimen­to
KINDALA MANUEL Assembleia Nacional aprovou ontem Orçamento Geral do Estado revisto que prevê o aumento das despesas de investimen­to

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola