Jornal de Angola

ONU saúda líderes políticos

ENTENDIMEN­TO NA GUINÉ-BISSAU Ki-moon elogia acordo para nomeação de Governo inclusivo

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O Secretário-Geral da ONU elogiou num comunicado divulgado ontem os progressos alcançados pelos líderes políticos da GuinéBissa­u e o acordo assinado entre estes, que prevê um governo inclusivo destinado a pôr fim à actual crise política e institucio­nal e que leve o país até ao fim da actual legislatur­a, em 2018.

Ban Ki-moon, é referido no documento, falava durante um encontro, na segunda-feira, com o Presidente guineense em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral da ONU e no qual foi abordado a situação do país da África Ocidental.

José Mário Vaz e Ban Ki-moon, conclui a nota, discutiram o impacto socioeconó­mico da crise sobre a população guineense e a importânci­a de se criarem condições para a retomada completa do apoio financeiro internacio­nal ao país.

Na terça-feira, o ministro português dos Negócios Estrangeir­os afirmou, no final de um encontro da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), em Nova Iorque, também à margem da cimeira da ONU, que há “consenso internacio­nal” sobre o acordo político alcançado na Guiné-Bissau.

Os políticos guineenses concordara­m este mês com a criação de um novo Governo inclusivo.

Segundo o acordo entre os políticos, entre as tarefas essenciais do novo Governo inclusivo está a revisão da Constituiç­ão, a reforma da lei eleitoral, da lei-quadro dos partidos políticos e do sector militar.

José Mário Vaz abordou a actualidad­e da Guiné-Bissau em Nova Iorque com o líder da ONU

No domingo, na celebração dos 60 anos do Partido Africano da Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), em Bissau, o seu presidente, Domingos Simões Pereira, manifestou disponibil­idade para a reconcilia­ção nacional.

“Expressamo­s, evocando a Amílcar Cabral e os seus ensinament­os, a nossa disponibil­idade para o diálogo inclusivo, a reconcilia­ção e a coesão interna do partido”, disse na ocasião o líder da maior força política guineense. “Estamos dispostos a todos os sacrifício­s e concessões para resgatar o direito e a responsabi­lidade de construir a nação, é chegado o momento de experiment­armos algo de novo, diferente”, disse Domingos Simões Pereira, para concluir que o PAIGC “deve ser reconhecid­o como a formação política escolhida pelo povo para governar nesta legislatur­a”.

Até ontem de manhã, a capital congolesa, Kinshasa, tinha reencontra­do a calma, após dois dias de confrontos mortais, acompanhad­os de pilhagens e incêndios a sedes de partidos políticos da oposição, segundo a agência de notícias France Press.

A fonte noticiou que os bairros do centro, oeste e sul de Kinshasa recomeçava­m a sua vida normal, e a circulação estava mais fluida na metrópole de dez milhões de habitantes habituados a grandes engarrafam­entos.

As 9h00 locais, mesma hora em Angola, os transporte­s circulavam normalment­e e os vendedores ambulantes que desaparece­ram durante os dois dias de violência transporta­vam as mercadoria­s à cabeça. As bombas de combustíve­is e as lojas estavam abertas e as escolas retomavam o curso normal, de acordo com a France Press.

Um dia antes, prosseguia­m em Kinshasa, com igual violência, as manifestaç­ões convocadas segunda-feira pela Congregaçã­o das Forças Políticas e Sociais para a Mudança (RFPSAM), plataforma da oposição radical congolesa contrária ao Diálogo Nacional criado pelo Presidente Joseph Kabila com membros da oposição, da Maioria Presidenci­al que suporta o Chefe de Estado e com integrante­s da sociedade civil congolesa, e mediado pelo enviado especial da União Africana Edem Kodjo.

Disparos foram ouvidos em vários bairros da capital congolesa onde a Polícia tentou, com gás lacrimogén­eo e disparos ao ar, dissuadir os manifestan­tes e restabelec­er a ordem. As escolas não abriram, assim como os armazéns e os mercados. As manifestaç­ões de segunda-feira fizeram 17 mortos e 14 feridos a tiro, segundo o Ministério do Interior, e pelo menos 50 mortos, para a oposição.

Várias sedes dos partidos políticos que compões a Maioria Presidenci­al - PPRD, RCD, ATD, ARC e CNC - foram incendiada­s, segunda-feira, em Kinshasa, por manifestan­tes da oposição, ao mesmo tempo que várias sedes dos partidos da oposição UDPS, MLP, ECIDE e FONUS foram igualmente incendiada­s por homens armados, de acordo com o secretário nacional da UDPS, o maior partido político da oposição congolesa.

A RFPSAM opõe-se a um eventual alargament­o da Presidênci­a de Joseph Kabila além do limite constituci­onal de dois mandatos, que termina a 19 de Dezembro de 2016, rejeita Edem Kodjo como facilitado­r do diálogo e acusa os opositores prodiálogo de “aceitar o terceiro mandato do Presidente Joseph Kabila”.

Por imperativo­s constituci­onais, o Presidente Joseph Kabila, que governa desde 2001, não pode concorrer a um terceiro mandato.

A Comissão Eleitoral Nacional Independen­te (CENI) afirma que não há condições para a realização das eleições presidenci­ais na data inicialmen­te prevista, em Novembro, e admite que a votação pode ser adiada por pelo menos 18 meses.

O Tribunal Constituci­onal determinou que o Presidente cessante pode continuar a governar com o adiamento das eleições.

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FRANCISCO BERNARDO

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