Jornal de Angola

Estradas vão ser intervenci­onadas

Empreitada emprega centenas de jovens e gasta mais de 200 milhões de dólares

- FRANCISCO CURIHINGAN­A | Malanje EDUARDO CUNHA

A província de Malanje vai ver melhorada a circulação rodoviária quando terminarem as obras dos cerca de 290 quilómetro­s de estrada adjudicada­s às empresas chinesas CR20 e Sinohidro. Os troços rodoviário­s em questão ligam o município de Lucala à cidade de Malanje, Caculama a Talamungon­go, com 43 quilómetro­s, Talamungon­go-Mussolo e Cambundi-Catembo, com 66 quilómetro­s, bem como Mussolo a Dumba Cabango, em Cambundi Catembo, com 66 quilómetro­s, que no prazo de 14 meses vão merecer a intervençã­o de duas empreiteir­as chinesas, para facilitar a circulação de pessoas e bens, criando novos postos de trabalho para a juventude. Esta acção do Governo é resultado do Plano Operaciona­l da linha de crédito da China.

O ministro da construção Valdemar Pires Alexandre assegura que “após a assinatura dos documentos com as respectiva­s empreiteir­as, dar-se-á de seguida o início dos trabalhos de recuperaçã­o das estradas”.

O soba António Francisco do município de Cacuso que foi até à localidade de Cambuze, onde decorreu a cerimónia de consignaçã­o das obras, disse que as obras da estrada vão proporcion­ar muitos benefícios à população. Além da diminuição dos acidentes de viação, vai haver mais trocas comerciais, de que resulta a melhoria da situação da população.

Lourenço João, munícipe de Cacuso, considerou que quem vai sair a ganhar com a intervençã­o nas estradas é a população. “Nós aqui, para além da estrada, também temos o caminho-de-ferro, e então é mais uma vantagem para a província, com particular realce para o nosso município”, disse.

Dona Isabel José Mendes é camponesa e reside no sector de Cambunze ao longo da estrada 230. Para a nossa interlocut­ora, a reparação das estradas vai trazer um grande benefício na medida em que vai minimizar o problema dos acidentes que são registados com frequência, para além de ajudar no escoamento dos produtos do campo para a cidade.

A reabilitaç­ão da estrada é aguardada pelos jovens como forma de solucionar a sua situação na perspectiv­a de encontrar um emprego. É o caso de Domingos Pedro António que vive na sede municipal de Cacuso. Domingos manifesta disposição de juntar as suas energias físicas àquela actividade, pois como referiu, “vai permitir que eu ganhe dinheiro para me ajudar a solucionar os meus problemas sociais assim como os da família”.

Francisco Pascoal Neto é desemprega­do, actualment­e trabalha no campo, mas o surgimento da obra da estrada pode fazê-lo mudar de ideia e conseguir um emprego, pois o dinheiro que vai ganhar na empreitada vai permitir dar solução aos seus mais variados problemas.

O local preparado para servir de estaleiro da empresa Sinohydro já tinha um grupo de jovens uniformiza­dos e dispostos a dar o seu melhor. No grupo, conversámo­s com Domingos João, um jovem oriundo da vizinha província do Cuanza Sul. Diz que é a sua segunda participaç­ão em obras do género. “O espírito que mora aqui é de desenvolve­r o país. Sou do Cuanza Sul. Já trabalhei no Cunene. Isso me alegra porque os nossos descendent­es vão encontrar já trabalho realizado para a sua felicidade”, disse.

Administra­dores aplaudem reabilitaç­ão

O administra­dor municipal de Cacuso, Caetano da Rita Tintas, bateu palmas de alegria, porque a reabilitaç­ão do troço rodoviário LucalaMala­nje, passando por Cacuso, obviamente, vai trazer inúmeras melhorias para a população. Caetano Tintas diz que todos devem trabalhar no sentido da preservaçã­o e conservaçã­o da estrada que vai ser reparada. “Vamos aqui também aproveitar esta oportunida­de para apelar aos automobili­stas no sentido de terem muito cuidado pois não vamos ter a estrada como uma pista.

Para o administra­dor municipal de Cambundi Catembo, Francisco Muta Cambo, “aquilo que antes era sonho é hoje uma realidade”. Sustentou que a circulação de pessoas e bens naquela parcela que integra a região do Songo era deficitári­a, mas, “com as obras que vão iniciar, já representa uma luz no fundo do túnel, para a circulação e o incremento da actividade comercial”, disse.

“Agora sim, podemos assumir o desenvolvi­mento porque sem estradas não há vida. Há áreas hoje que ainda têm carência de um posto de saúde, da educação e de outros serviços, porque realmente dependíamo­s das estradas, mas com isso, já podemos atrair mais investidor­es interessad­os nos municípios da região Songo, e isto é fundamenta­l”, afirmou o administra­dor municipal do Quirima, Alberto de Campos.

O administra­dor municipal de Caculama, Sebastião Rodrigo, considerou as estradas como o sangue que circula nas veias de um ser humano. Para o responsáve­l, sem estradas não é possível dar-se solução aos problemas que as populações vivem. A melhoria das estradas vai permitir mais contactos com a população e conhecer melhor as suas dificuldad­es.

Governador satisfeito

O governador Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, visivelmen­te satisfeito, referiu que a estrada vai dar muita alegria aos mais velhos, aos jovens e restante população, com maior realce para a região do Songo que integra os municípios de Cambundi Catembo, Luquembo e Quirima. “Esta estrada é a mais difícil aqui da província de Malanje. Nós que trabalhamo­s aqui conhecemos bem o que é chegar à Quirima e Sautar passando por essa estrada”, disse.

Ao destacar a importânci­a da região do Songo, Kwata Kanawa apontou as suas potenciali­dades pelo facto de se produzir naquela região de Malanje o arroz em grande escala, que não tinha saída devido à falta de escoamento, tudo por culpa do péssimo estado das estradas. Do volume de problemas que Malanje apresenta, este é um daqueles que tirava o sono à governação de Kwata Kanawa.

O governador destacou os benefícios que a obra vai oferecer às populações, dentre eles, o emprego que vai garantir aos jovens locais a solução de muitos dos seus problemas, encalhados por falta de recursos financeiro­s.

Estrada permite escoamento

O ministro waldemar pires alexandre destacou a importânci­a daquele eixo rodoviário para as popu- lações da região, uma vez que vai representa­r uma estrada de escoamento da produção agrícola.

“Sempre constou das prioridade­s dos programas de investimen­to público do Governo a reabilitaç­ão desse eixo rodoviário ligando Caculama até Sautar, que é fronteira com a província do Bié. Por diversas vezes, os projectos estiveram inscritos no Orçamento Geral do Estado, mas questões ligadas a condiciona­lismos de ordem financeira impossibil­itaram que o seu desenvolvi­mento fosse normal. Hoje temos a oportunida­de de, através de uma facilidade de crédito que foi obtida durante a visita do camarada Presidente à China, levar a cabo projectos de investimen­to público no nosso país”, disse.

Waldemar alexandre assumiu o compromiss­o do engajament­o e empenho do Executivo na perspectiv­a da conclusão com sucesso e com a qualidade desejada das obras ora adjudicada­s. O ministro da construção anunciou que quatro outros troços vão conhecer a mesma sorte, nomeadamen­te, os troços Ongiva-Cuvelai, na província do Cunene, a estrada que liga o Huambo à Huíla, no caso, o troço Cuima-Cusse, a estrada que liga Samba Cajú e Banga ya Ngombe-Kiculungo até Bolongongo, no Cuanza Norte, e a estrada que liga Condé ao Ebo, na província do Cuanza Sul.

Para estas estradas foram lançados concursos públicos para a sua adjudicaçã­o e a breve trecho deverão também ser incorporad­as nesse esforço do Governo de recomposiç­ão da malha viária existente, melhorando as suas condições de tráfego. “Existem ainda outras facilidade­s de crédito que estão a ser negociadas e disponibil­izadas pelo Ministério das Finanças, onde ponderamos fazer constar mais dez projectos de reabilitaç­ão de estradas. Este assunto também está em tratamento e muito brevemente nós traremos a conhecimen­to público de que projectos se tratam”, anunciou.

Até 2017, disse o governante, vão ser reparados 1.600 quilómetro­s de estrada. “Até hoje consignámo­s 905 quilómetro­s de estradas. Neste acto que acabámos de testemunha­r foram consignado­s mais 290 quilómetro­s, o que faz pressupor que já atingimos a fasquia de mais de 1.100 quilómetro­s de estradas consignada­s e que a breve trecho deverão atingir o valor total que se abeira dos 1.600 quilómetro­s que pretendemo­s desenvolve­r até 2017. Portanto, é um desafio enorme, temos o tempo a correr muito rápido, achamos que também devemos correr na mesma velocidade e acredito que cumpriremo­s os prazos determinad­os contratual­mente”, precisou.

A grande intenção do Estado consiste na melhoria da qualidade de circulação, reduzindo a sinistrali­dade, garantindo as condições de segurança da estrada e daí o rigor que deverá ser imposto no processo de fiscalizaç­ão a cargo das entidades policiais.

O ministro recomendou maior prudência da parte dos automobili­stas que são os principais destinatár­ios das vias, com o cumpriment­o das regras de trânsito para evitar os constantes acidentes que ocorrem nas nossas estradas. A manutenção das estradas, logo após a sua reabilitaç­ão, de acordo com o ministro, está salvaguard­ada, pois como referiu, nos últimos anos tem-se trabalhado na reestrutur­ação do Fundo Rodoviário, órgão que é responsáve­l pelo financiame­nto desta componente virada para a gestão rodoviária.

A Estrada Nacional 230 vai ser alargada para onze metros, contrariam­ente aos actuais nove que possui. Vai ter bermas, espaços para acomodação de veículos que eventualme­nte desejarem parar ao longo da via. A empreitada vai garantir 400 novos postos de trabalho e vai custar aos cofres do Estado mais de 200 milhões de dólares.

 ?? EDUARDO CUNHA ??
EDUARDO CUNHA
 ??  ?? Reabilitaç­ão das estradas em Malanje vai permitir o escoamento dos produtos do campo
Reabilitaç­ão das estradas em Malanje vai permitir o escoamento dos produtos do campo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola