Jornal de Angola

Bancos centrais debatem supervisão

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Representa­ntes dos bancos centrais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste reuniram-se na quarta-feira, na cidade de Praia, no seu quarto encontro de Supervisão dos Bancos Centrais de Língua Portuguesa, para partilhar as boas práticas de supervisão e de aprofundam­ento e avaliar os possíveis mecanismos de comunicaçã­o, integração e cooperação.

Entre os temas debatidos, figuram “Riscos e Desafios para a Regulação e Supervisão das Instituiçõ­es de Pagamentos”, onde estão incluídas instituiçõ­es de transferên­cia de dinheiro, com ênfase para canais digitais, e “Medidas de Gestão de Crises Bancárias, Supervisão Comportame­ntal versus Prudencial”.

O Banco de Cabo Verde (BCV), organizado­r do evento, disse que num mundo cada vez mais globalizad­o a supervisão do sistema financeiro torna-se cada vez mais complexa, não se confinando apenas a um único país, sendo cada vez mais relevantes os desafios da supervisão numa base consolidad­a, daí a extrema pertinênci­a de partilha de experiênci­as, conhecimen­tos, procedimen­tos, preocupaçõ­es e desafios entre os bancos centrais participan­tes.

No que se refere a Cabo Verde, o Banco de Cabo Verde recorda que a sua missão é assegurar a manutenção da estabilida­de dos preços e garantir um sistema financeiro sólido e eficiente. Todas as actividade­s do Banco de Cabo Verde são norteadas pelo Plano Estratégic­o 2016-2019 e, no que toca à supervisão, o principal desafio do BCV é a estabilida­de do sistema financeiro nacional, disse a fonte à agência africana de notícias Pana.

Uma das prioridade­s neste domínio é contribuir para a reforma do Sistema Financeiro Nacional e para a implementa­ção do novo quadro legal, nomeadamen­te a Lei 61/VIII/2014, que define os princípios orientador­es e o quadro normativo de referência para o Sistema Financeiro, e a Lei 62/VIII/2014, que regula as actividade­s das instituiçõ­es financeira­s, considera o Banco de Cabo Verde.

“É neste contexto que o Banco de Cabo Verde, partidário do reforço da regulação e da supervisão, iniciou um processo de implementa­ção do Sistema de Avaliação de Riscos e Controlos, cuja aplicação lhe vai permitir conhecer melhor as estratégia­s, os planos de negócios, o perfil de riscos e a estrutura das instituiçõ­es financeira­s e, em conformida­de com este quadro, tomar medidas que se impõem.” A instituiçã­o do Fundo de Garantia de Depósitos, em articulaçã­o com o Governo, é outra das prioridade­s do Banco Central cabo-verdiano.

Com a sua criação, propõe-se responder à necessidad­e de conferir aos pequenos depositant­es a garantia de que os seus depósitos serão reembolsad­os, mesmo no caso de a respectiva instituiçã­o de crédito se tornar incapaz de o fazer, o que, segundo a fonte, constitui um elemento essencial para o reforço da confiança no sistema bancário e, por esta via, para a salvaguard­a da estabilida­de do sistema financeiro.

A administra­ção do Banco de Cabo Verde realizou em Julho último um encontro com todos os representa­ntes das instituiçõ­es bancárias, com o objectivo de analisar diferentes desafios que o sistema financeiro nacional enfrenta na actual conjuntura económica e financeira.

A criação do Fundo de Garantia de Depósitos, a materializ­ação dos planos de recuperaçã­o e resolução de crises bancárias, a limpeza do crédito malparado do balanço dos bancos e o eventual reforço da capacidade e da solidez financeira face aos riscos de estabilida­de são alguns dos temas a debater com o sector bancário.

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