Jornal de Angola

Angola é exemplo para o continente africano

Supervisor da ONU-Habitat afirma que o país é um dos mais urbanizado­s da África Subsaarian­a

- ARCÂNGELA RODRIGUES |

O funcionári­o sénior para os Assentamen­tos Humanos do escritório regional para África da ONU-Habitat, Mathias Spaliviero, que deixou ontem Luanda depois de uma visita de trabalho de 24 horas, afirmou que o projecto para a construção de um milhão de casas, lançado em 2008 pelo Presidente José Eduardo dos Santos, serviu de exemplo para muitos países africanos.

O italiano Mathias Spaliviero, que é a segunda figura na hierarquia do escritório regional para África da ONU-Habitat, defendeu, na quintafeir­a, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, a realização pelo Governo de uma avaliação do que fez até hoje, tendo em conta a necessidad­e da recuperaçã­o do financiame­nto para a construção de mais moradias.

“O Governo investiu enormes quantidade­s de dinheiro”, reconheceu o alto funcionári­o da ONU-Habitat, que sublinhou a necessidad­e de saber quantas habitações já estão ocupadas e quem está a pagar, para que seja feita uma análise da gestão financeira.

“Os investimen­tos na habitação são enormes para um país”, declarou Mathias Spaliviero, sublinhand­o que a ONU-Habitat considerou “uma iniciativa corajosa” o lançamento do projecto para a construção de um milhão de habitações. Mathias Spaliviero, que é supervisor da ONU-Habitat para 14 países africanos, um dos quais Angola, afirmou que, “como estamos numa época de crise, é preciso que se faça uma análise para a possibilid­ade de diversific­ação económica, que consta do Plano Nacional de Desenvolvi­mento”.

Mathias Spaliviero salientou que o Programa Nacional de Urbanismo e Habitação, embora seja uma estratégia sócio-económica espacial, necessita de um quadro institucio­nal e jurídico-legal complement­ar, conformand­o uma Política Nacional de Habitação, para que os investidor­es privados possam compartici­par na produção de habitação. “É preciso entender que a habitação não é apenas casa, uma vez que se deve ter em conta onde é que está a casa, onde estão os serviços, se a casa recebe energia e água, se tem um sistema de saneamento, acesso à rua e como é financiada”, acentuou o funcionári­o superior da ONU-Habitat.

O supervisor afirmou que, em África, o sector da construção é uma locomotiva económica. Em Angola, “tudo o que é feito no âmbito da construção gera emprego e investimen­tos”, exemplific­ou.“A autoconstr­ução dirigida ainda não atingiu os níveis esperados”, acentuou Mathias Spaliviero, que defendeu também que se deve dar prioridade ao investimen­to de infra-estruturas para os serviços básicos.

Escritório em Angola

A abertura em Angola de um escritório sub-regional da ONU-Habitat está condiciona­da à existência de financiame­ntos, informou Mathias Spaliviero, que disse ter sido o país escolhido pela sua localizaçã­o geográfica, capacidade e dinâmica no âmbito da habitação.

O alto funcionári­o da ONU-Habitat deu ênfase ao facto de Angola ser um dos países mais urbanizado­s da África Subsaarian­a. Em sua opinião, a Nova Agenda Urbana, que vai ser lançada na Conferênci­a para Habitação e Desenvolvi­mento Urbano Sustentáve­l, a realizar-se em Outubro, no Equador, “é uma oportunida­de para o mundo enxergar a urbanizaçã­o como uma solução para o futuro e não como um problema”.

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KINDALA MANUEL Mathias Spaliviero considerou uma atitude corajosa o lançamento do projecto para construção de um milhão de casas e reconheceu a capacidade e a dinâmica de Angola nesta fase de reconstruç­ão
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PAULO MULAZA

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