Equipas de socorristas mantêm as buscas
As autoridades egípcias anunciaram ontem que o número de mortos do naufrágio de uma embarcação de pesca que transportava centenas de migrantes na sua costa subiu para 133, depois da descoberta de novos corpos ontem no Mar Mediterrâneo pelas equipas de socorristas.
Os sobreviventes indicaram que 450 migrantes se encontravam a bordo do barco de pesca que os transportava para a Itália, quando a embarcação virou e começou a afundar diante do porto egípcio de Rosetta, na quarta-feira. “O balanço de mortos do naufrágio no litoral de Rosetta já está em 133”, indicou o Ministério da Saúde do Egipto num comunicado.
As autoridades militares indicaram que foram resgatadas 163 pessoas, e as operações de busca prosseguem. Os socorristas indicaram que as operações de resgate se concentram no porão do barco, onde, segundo testemunhas, havia 100 pessoas quando a embarcação virou, e ainda não foram retiradas.
As autoridades prenderam quatro suspeitos de serem traficantes de seres humanos, responsáveis pela tragédia. Este naufrágio acontece meses depois que a agência europeia de controlo de fronteiras, Frontex, expressou a sua preocupação pelo número cada vez maior de migrantes que tentam chegar à Europa a partir da fronteira do Egipto.
“Neste ano o número é de mil travessias de barco do Egipto à Itália”, disse o director da Frontex, Fabrice Leggeri, tendo confirmado que desde o encerramento da rota dos Balcãs as partidas são feitas a partir da costa da África do Norte, em particular da Líbia. Na terça-feira, o Exército egípcio anunciou a intercepção de um navio que transportava 68 migrantes. Na quarta-feira interceptou outro com 294 pessoas a bordo.
Mais de 300 mil migrantes e refugiados cruzaram em 2016 o Mediterrâneo para chegar à Europa, principalmente Itália, segundo o HCR. Este número é inferior ao registado nos nove primeiros meses de 2015 (520.000 pessoas), mas é superior ao do conjunto de 2014 (216.054 pessoas).
Os traficantes usam barcos em estado calamitoso, que são sobrecarregados de migrantes que pagam uma fortuna pela viagem.
Segundo a Organização Internacional de Migrações (OIM), a maioria dos sobreviventes desse naufrágio são egípcios. Mais de dez mil migrantes morreram no Mediterrâneo desde 2014, dos quais três mil e 200 desde o início de 2016, segundo dados da agência das Nações Unidas para os refugiados (HCR), que considera que este pode ser o ano mais mortífero.