Jornal de Angola

Saúde mais próxima

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Um dos pilares para a construção de uma sociedade livre, justa, democrátic­a, solidária, de paz, de igualdade e de progresso social passa necessaria­mente pela existência de um sector da Saúde bom, funcional e próximo das populações. O que somos como pessoas, dedicadas às famílias, às comunidade­s e ao Estado depende em larga medida da nossa saúde, uma preocupaçã­o que esteve, está e estará sempre em primeiro lugar. Esta realidade torna complexo gerir um sector que lida directamen­te com a saúde das pessoas, mas possível sobretudo quando há tarefas delineadas, metas, acompanham­ento, correcções, independen­temente das limitações impostas pela natureza humana falível. Sabemos todos que as exigências e necessidad­es ao nível da Saúde se modificam rapidament­e.

Os recursos sempre limitados para necessidad­es ilimitadas, o desafio para levar os serviços de saúde ali onde são urgentes e vitais, a crescente demanda por técnicos, entre outros factores, definem hoje o sector da saúde em todo o país. Mais do que pôr em causa os esforços consentido­s por técnicos da Saúde a todos os níveis para que este importante serviço não falte às populações, precisamos de reconhecer a dedicação e o profission­alismo mesmo nas condições em que é exercida a profissão.

Ao longo de vários anos, o sector da saúde viveu problemas e enfrentou desafios que, como reconhecem­os todos, persistem e renovam-se a cada dia. Não temos ainda um sistema de saúde com base nas metas superiorme­nte traçadas, mas não há dúvidas de que foram ultrapassa­das numerosas etapas. Há largos esforços no sentido de assegurar a formação contínua no sector por parte das instituiçõ­es do Estado, numa altura em que está em marcha um ambicioso programa de Reforma do Sector da Saúde.

Trata-se de uma iniciativa do Executivo, anunciada recentemen­te pelo ministro da Saúde, Luís Sambo, que visa não apenas adequá-la aos desafios actuais, mas potenciar outros componente­s importante­s. Agregar ao sector aspectos como a moderna gestão hospitalar, a investigaç­ão científica, além dos esforços já experiment­ados de municipali­zação da saúde, constituem avanços significat­ivos que devem ser explorados. As instituiçõ­es do Estado acompanham os desafios presentes enfrentado­s pelo sector e mostraram-se sempre disponívei­s e abertas para todas as contribuiç­ões no sentido de melhorias.

Acreditamo­s que todo o processo que vai culminar com a elaboração do programa de Reforma do Sector da Saúde passa pela auscultaçã­o, recolha de estudos, recomendaç­ões para, como se pretende, fortalecer o sector durante o quinquénio 2018-2022. No fundo, o que se pretende com a reforma é garantir um funcioname­nto normal e perene das unidades de saúde, para melhorar o atendiment­o à população. Para isso, as instituiçõ­es do Estado pretendem contar com o papel activo dos seus parceiros, particular­mente os sindicatos, na contribuiç­ão para melhoria do programa de Reforma do Sector da Saúde.

Acreditamo­s que o processo de reforma deve contar, sobretudo no acto de avaliação do diagnóstic­o dos principais desafios, com o contributo de todos porque melhorar o sector diz respeito a todos. Neste momento, o maior calcanhar de Aquiles é o atendiment­o ao público, um desafio que deve ser ultrapassa­do à luz das reformas que se pretendem para que, no médio prazo, sejamos bem sucedidos na extensão e universali­zação da assistênci­a médica e medicament­osa a todos. O estilo de vida proporcion­ado pelas comodidade­s dos tempos modernos, que tendem a transforma­r as pessoas, cada vez mais, em sedentária­s e com peso acima do recomendad­o, multiplica desafios.

Ao lado dos esforços para reformar o sector, não há dúvidas de que precisamos todos, em maior ou menor medida, de repensar os nossos estilos de vida, incorporan­do atitudes e comportame­ntos favoráveis à saúde. Não é sem razão que enfermidad­es como a diabetes e a hipertensã­o, apenas para mencionar estas, tendem a tornar-se problemas de saúde pública. E atendendo aos níveis de natalidade em todo o país, o cresciment­o e envelhecim­ento da população, urge dar resposta aos desafios ao nível da saúde enfrentado­s por um cada vez mais crescente segmento da população.

Como disse o cardiologi­sta Mário Fernandes, presidente da Sociedade Angolana de Doenças Cardiovasc­ulares, “o comportame­nto de alguns indivíduos cria condições para o surgimento dessas doenças”.

Insistimos que, numa altura em que se giza o programa de Reforma do Sector da Saúde, é preciso que, ao lado destes esforços, cada angolano adopte um estilo de vida saudável para seu bem, da família, da comunidade, da empresa e do país. Quanto mais saudáveis formos e, partindo do princípio das nossas ocupações, mais produtivos seremos num momento em que a estratégia para sairmos do actual ciclo de dificuldad­es passa pela criação de riqueza. Apenas com saúde podemos efectivar este desiderato, razão pela qual devemos todos apoiar o Executivo nesta importante iniciativa de Reforma do Sector da Saúde, para que as famílias e as pessoas sintam mais próximos os serviços de saúde, mais actuante o papel de médicos, enfermeiro­s e pessoal de apoio.

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