Saúde mais próxima
Um dos pilares para a construção de uma sociedade livre, justa, democrática, solidária, de paz, de igualdade e de progresso social passa necessariamente pela existência de um sector da Saúde bom, funcional e próximo das populações. O que somos como pessoas, dedicadas às famílias, às comunidades e ao Estado depende em larga medida da nossa saúde, uma preocupação que esteve, está e estará sempre em primeiro lugar. Esta realidade torna complexo gerir um sector que lida directamente com a saúde das pessoas, mas possível sobretudo quando há tarefas delineadas, metas, acompanhamento, correcções, independentemente das limitações impostas pela natureza humana falível. Sabemos todos que as exigências e necessidades ao nível da Saúde se modificam rapidamente.
Os recursos sempre limitados para necessidades ilimitadas, o desafio para levar os serviços de saúde ali onde são urgentes e vitais, a crescente demanda por técnicos, entre outros factores, definem hoje o sector da saúde em todo o país. Mais do que pôr em causa os esforços consentidos por técnicos da Saúde a todos os níveis para que este importante serviço não falte às populações, precisamos de reconhecer a dedicação e o profissionalismo mesmo nas condições em que é exercida a profissão.
Ao longo de vários anos, o sector da saúde viveu problemas e enfrentou desafios que, como reconhecemos todos, persistem e renovam-se a cada dia. Não temos ainda um sistema de saúde com base nas metas superiormente traçadas, mas não há dúvidas de que foram ultrapassadas numerosas etapas. Há largos esforços no sentido de assegurar a formação contínua no sector por parte das instituições do Estado, numa altura em que está em marcha um ambicioso programa de Reforma do Sector da Saúde.
Trata-se de uma iniciativa do Executivo, anunciada recentemente pelo ministro da Saúde, Luís Sambo, que visa não apenas adequá-la aos desafios actuais, mas potenciar outros componentes importantes. Agregar ao sector aspectos como a moderna gestão hospitalar, a investigação científica, além dos esforços já experimentados de municipalização da saúde, constituem avanços significativos que devem ser explorados. As instituições do Estado acompanham os desafios presentes enfrentados pelo sector e mostraram-se sempre disponíveis e abertas para todas as contribuições no sentido de melhorias.
Acreditamos que todo o processo que vai culminar com a elaboração do programa de Reforma do Sector da Saúde passa pela auscultação, recolha de estudos, recomendações para, como se pretende, fortalecer o sector durante o quinquénio 2018-2022. No fundo, o que se pretende com a reforma é garantir um funcionamento normal e perene das unidades de saúde, para melhorar o atendimento à população. Para isso, as instituições do Estado pretendem contar com o papel activo dos seus parceiros, particularmente os sindicatos, na contribuição para melhoria do programa de Reforma do Sector da Saúde.
Acreditamos que o processo de reforma deve contar, sobretudo no acto de avaliação do diagnóstico dos principais desafios, com o contributo de todos porque melhorar o sector diz respeito a todos. Neste momento, o maior calcanhar de Aquiles é o atendimento ao público, um desafio que deve ser ultrapassado à luz das reformas que se pretendem para que, no médio prazo, sejamos bem sucedidos na extensão e universalização da assistência médica e medicamentosa a todos. O estilo de vida proporcionado pelas comodidades dos tempos modernos, que tendem a transformar as pessoas, cada vez mais, em sedentárias e com peso acima do recomendado, multiplica desafios.
Ao lado dos esforços para reformar o sector, não há dúvidas de que precisamos todos, em maior ou menor medida, de repensar os nossos estilos de vida, incorporando atitudes e comportamentos favoráveis à saúde. Não é sem razão que enfermidades como a diabetes e a hipertensão, apenas para mencionar estas, tendem a tornar-se problemas de saúde pública. E atendendo aos níveis de natalidade em todo o país, o crescimento e envelhecimento da população, urge dar resposta aos desafios ao nível da saúde enfrentados por um cada vez mais crescente segmento da população.
Como disse o cardiologista Mário Fernandes, presidente da Sociedade Angolana de Doenças Cardiovasculares, “o comportamento de alguns indivíduos cria condições para o surgimento dessas doenças”.
Insistimos que, numa altura em que se giza o programa de Reforma do Sector da Saúde, é preciso que, ao lado destes esforços, cada angolano adopte um estilo de vida saudável para seu bem, da família, da comunidade, da empresa e do país. Quanto mais saudáveis formos e, partindo do princípio das nossas ocupações, mais produtivos seremos num momento em que a estratégia para sairmos do actual ciclo de dificuldades passa pela criação de riqueza. Apenas com saúde podemos efectivar este desiderato, razão pela qual devemos todos apoiar o Executivo nesta importante iniciativa de Reforma do Sector da Saúde, para que as famílias e as pessoas sintam mais próximos os serviços de saúde, mais actuante o papel de médicos, enfermeiros e pessoal de apoio.