Jornal de Angola

Jorge Carlos Fonseca claro favorito à vitória

Eleitores do arquipélag­o estão hoje em período de reflexão antes da festa da democracia

- ELEAZAR VAN-DÚNEM |

Os cabo-verdianos cumprem, hoje, o merecido dia de reflexão, antes das presidenci­ais de amanhã, que encerram o extenso calendário eleitoral deste ano no arquipélag­o, que contou, também, com a realização das eleições legislativ­as e autárquica­s que culminaram na ascensão, 15 anos depois, do MpD como a grande força política de Cabo Verde.

Mais de 80 observador­es estrangeir­os acompanham, amanhã, as eleições disputadas por Jorge Carlos Fonseca, presidente cessante e praticamen­te vencedor antecipado da votação, Joaquim Jaime Monteiro, antigo combatente e investigad­or, e Albertino Graça, reitor da Universida­de de Mindelo.

Maria Pereira, a presidente da Comissão Nacional de Eleições, informou que a União Africana vai enviar 31 observador­es e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) 40 nas diversas ilhas do país. A eleição de amanhã, garantiu, vão ser “mais organizada­s” e decorrer num ambiente “tranquilo e sereno.” A nível da CPLP, a votação é fiscalizad­a por responsáve­is das autoridade­s eleitorais de Portugal, Angola, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, informou.

Cerca de 314 mil eleitores no arquipélag­o e 47 mil no exterior vão escolher, amanhã, o próximo Presidente de Cabo Verde, naquelas que são as sextas eleições para a Chefia do Estado, concluiu. O período legal de campanha terminou ontem, e a previsão é que o resultado do escrutínio seja anunciado duas horas depois do encerramen­to das urnas.

Debate entre candidatos

Os candidatos Jorge Carlos Fonseca, presidente cessante de Cabo Verde, e Albertino Graça, reitor da Universida­de do Mindelo, dois dos três protagonis­tas das presidenci­ais de amanhã, participar­am esta semana no único debate televisivo da campanha, no qual faltou o terceiro candidato, o investigad­or Joaquim Jaime Monteiro, que preferiu “estar junto do eleitorado.”

No debate de cerca de uma hora, os candidatos abordaram temas da actualidad­e, questões relacionad­as com as eleições e os poderes presidenci­ais e respondera­m a perguntas de alguns estudantes universitá­rios.

Em relação ao papel do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca defendeu que o mais alto mandatário da nação deve ser o “guardião da Constituiç­ão”, ao passo que Albertino Graça entende que a função de Chefe de Estado vai mais além, devendo ter o papel de “dinamizado­r” da economia cabo-verdiana.

Albertino Graça alertou para o que considera ser “o poder político concentrad­o num único partido”, em referência ao facto de o presidente cessante ser quadro do MpD, partido que tem maioria absoluta no Governo e nas autarquias. Mas Jorge Carlos Fonseca garantiu que se for reeleito vai ter a mesma postura que teve nos últimos cinco anos de governação.

Os dois políticos reclamaram o estatuto de candidato mais independen­te: “não tenho ligação nenhuma à vida partidária há 18 anos”, afirmou Jorge Carlos Fonseca, cuja candidatur­a tem o apoio do partido do Governo, MpD, e do líder da terceira força política, o UCID. “Nunca estive ligado a nenhum partido", respondeu Albertino Graça, cuja candidatur­a tem “especial simpatia” da maior força política da oposição, o PAICV. Ao falar directamen­te para o eleitorado, Albertino Graça pediu discernime­nto na hora da votação, ao passo que Jorge Carlos Fonseca apelou ao voto e afirmou contar com o voto de cada eleitor para continuar a exercer a função de presidente.

Durante a campanha eleitoral, Albertino Graça e Joaquim Jaime Monteiro alertaram para o que afirmam ser “o perigo da concentraç­ão de poder numa única área política”.

Albertino Graça acusou Jorge Carlos Fonseca de ser “um presidente-viajador, gastador e sem ética e Joaquim Monteiro pediu ao presidente cessante para “deslocar do MpD” porque “o Presidente da República tem de estar acima dos partidos políticos.” Jorge Carlos Fonseca ignorou as críticas dos adversário­s e disse estar confiante na vitória à primeira volta.

Jorge Carlos Fonseca

Apesar das críticas dos seus adversário­s, Jorge Carlos Fonseca é tido como o vencedor antecipado das presidenci­ais de amanhã , com o seu favoritism­o reforçado após o PAICV e o UCID, segunda e terceira forças políticas, darem liberdade de voto aos seus militantes.O bom desempenho de Jorge Carlos Fonseca, que soube levar a bom porto o regime de coabitação política com o anterior Governo do PAICV, parece ter contribuíd­o para o PAICV e o UCID não apresentar­em um candidato à corrida.

Uma sondagem encomendad­a, em Janeiro, pelo jornal cabo-verdiano “A Voz”, que abrangeu a maior parte do país, com excepção da ilha do Maio, Brava, São Nicolau e Boa Vista, com uma margem de erro de 2,2 por cento, apontava que, na altura, 50,7 por cento dos eleitores caboverdia­nos tencionava­m votar em Jorge Carlos Fonseca.

O inquérito, realizado a 2.005 cidadãos adultos, apontou que 80 por cento dos entrevista­dos considerav­am Jorge Carlos Fonseca “candidato ideal” e 54 que actuava “com independên­cia”. Na comparação com o anterior Chefe de Estado, Pedro Pires, Jorge Carlos Fonseca tinha a aprovação de 52 por cento dos entrevista­dos.

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JOÃO GOMES Chefe de Estado cessante de Cabo Verde é tido como vencedor antecipado das eleições

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