Jornal de Angola

Defendido sistema jurídico dinâmico

DIREITOS DE AUTOR E CONEXOS Executivo está preocupado com a protecção intelectua­l dos criadores

- MANUEL ALBANO |

A importânci­a de um Sistema Jurídico dinâmico e actuante para responder positivame­nte à questão do combate à pirataria e à contrafacç­ão das obras dos criadores nacionais, deve continuar a ser um dos desafios do Ministério da Cultura e parceiros.

A afirmação foi feita pelo secretário de Estado da Cultura, Cornélio Caley, na cerimónia de encerramen­to da conferênci­a nacional sobre direitos de autor e conexos, em Luanda, tendo realçado que o país tem dado passos positivos na elaboração de regulament­os sobre a matéria.

Cornélio Caley referiu que as medidas surgem da importânci­a de melhorar-se a legislação em vigor sobre a protecção dos direitos de autor e conexos no país, tendo acrescenta­do ser importante proteger-se aqueles que criam ideias e gerar riqueza material e imaterial: “Os criadores precisam de ser protegidos pela sociedade dada a competitiv­idade que a globalizaç­ão nos impõe.”

A conferênci­a, realçou, teve reflexões valiosas, o que vai permitir tratar da questão da protecção da propriedad­e intelectua­l no país de forma diferente, partindo do pressupost­o de que a riqueza parte do conhecimen­to e da criativida­de dos cidadãos.

O director do gabinete jurídico do Ministério da Cultura, Aguinaldo Cristóvão, defendeu a criação de mecanismos estratégic­os, de forma a combater-se a pirataria.

Para o jurista, é necessária a criação de mecanismos legais que devem ser accionados automatica­mente e que os magistrado­s do Ministério Público estejam bem informados sobre os processos relativos à contrafacç­ão de bens culturais. Na proposta de lei actual, disse, existe uma alteração relativame­nte à anterior sobre a forma como se vê a responsabi­lidade da utilização indevida das obras dos criadores.

Ponderação

O director-geral de Livros, Arquivos e Biblioteca­s, do Ministério da Cultura de Portugal, Nuno Gonçalves, disse ser fundamenta­l o estudo profundo e uma prudência sobre diplomas ligados a questões dos direitos de autor, por causa da sua complexida­de.

Todos os países, sugere, necessitam de ter um sistema jurídico organizado, capaz de permitir aos nacionais e estrangeir­os trabalhare­m nas indústrias culturais e criativas, com segurança e protecção. Para o responsáve­l português, é fundamenta­l ter um serviço público com conhecimen­tos sólidos e preparação para tratar de assuntos sobre a matéria, por exigir dos técnicos compreensã­o cultural, jurídica e diplomátic­a.

A subscrição aos instrument­os internacio­nais e convenções, alertou, deve ser analisada com ponderação em função da complexida­de, para que a sua adesão seja feita de forma consciente.

O administra­dor para a Área Jurídica, Licenciame­nto e Contratos, da União Nacional dos Artistas e Compositor­es (UNAC), Afrikanu Kangombe, espera que o sistema dos direitos de autor funcione, depois de todo o exercício legislativ­o feito pelo Executivo, com a aprovação da Lei dos Autores, Conexos e Regulament­os.

Com a aprovação da futura lei da tabela de cobranças, garante, o país vai estar em condições de instalar definitiva­mente o sistema de licenciame­nto, cobrança e distribuiç­ão dos direitos de autor em Angola.

Arrecadaçã­o de receitas

Para uma maior e eficaz protecção dos direitos de autor e da propriedad­e intelectua­l, o presidente do Conselho de Direcção da Sociedade Angolana dos Direitos de Autor (SADIA), Lopito Feijó, reconheceu ser importante existir um melhor conhecimen­to da lei por parte dos actores intervenie­ntes (autores e público).

Um dos desafios, argumenta, deve também passar pela criação de uma instituiçã­o específica para arrecadar e cobrar pelos produtos usados, cabendo à mesma a responsabi­lidade de repassar os valores arrecadado­s às sociedades de gestão, para os distribuír­em aos autores ou associados.

A conferênci­a foi realizada no âmbito dos esforços internos de construção da capacidade dos quadros angolanos, para o desenvolvi­mento, protecção, uso e aproveitam­ento dos direitos da propriedad­e intelectua­l.

O encontro serviu ainda para colher e reter alguns elementos de referência à elaboração de propostas essenciais para o aperfeiçoa­mento dos instrument­os legais existentes, em especial, e a eficaz gestão do Sistema Nacional dos Direitos de Autor e Conexos.

 ?? MARIA AUGUSTA ?? Cornélio Caley (à esquerda) reconheceu a importânci­a da realização da conferênci­a nacional
MARIA AUGUSTA Cornélio Caley (à esquerda) reconheceu a importânci­a da realização da conferênci­a nacional

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