Candidatura da Bulgária é questionada
Angola, Federação Russa, Malásia e Uruguai, membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), questionaram a apresentação formal pela Bulgária da comissária europeia do Orçamento, Kristalina Georgieva, como a sua candidata a secretária-geral.
Os quatro países solicitaram ao Governo de Sófia que clarificasse a sua afirmação de que Georgieva era a “única e exclusiva candidata” da Bulgária ao principal cargo executivo da ONU, na carta em que apresenta a candidatura.
Georgieva foi nomeada pelo Governo búlgaro na quarta-feira, substituindo a actual chefe da Agência das Nações Unidas para a Cultura, Educação e Ciência (UNESCO), Irina Bokova, que não conseguiu recolher um apoio forte nas votações já realizadas.
Bokova, porém, já afirmou que tenciona permanecer na corrida e que não há regras que a forcem a abandonar a disputa, mesmo que a manutenção de uma candidatura sem o apoio de um governo seja vista como tendo poucas hipóteses.
“As pessoas querem apenas clarificar se temos uma candidata ou duas”, afirmou o embaixador da Nova Zelândia, Gerard van Bohemen, que desempenhou em Setembro a função de presidente do Conselho de Segurança.
“O que temos é uma candidata com o apoio oficial do Governo búlgaro e outra candidata [sem este apoio] que permanece na corrida”, disse ontem a jornalistas. Quadros da ONU sugeriram que as objecções russas eram uma possível indicação de que Moscovo estava com pouco entusiasmo em relação à candidatura de Georgieva.
A corrida para substituir Ban Ki-moon vai conhecer um novo desenvolvimento na quarta-feira, com a sexta votação.
O candidato apresentado por Portugal, António Guterres, venceu todas as cinco votações anteriores.
Sob as regras da ONU, os Estados membros podem apresentar candidatos em qualquer momento do processo de selecção, mesmo no último minuto.
Mas o embaixador ucraniano, Volodymyr Yelchenko, exprimiu a sua desaprovação do aparecimento de Georgieva nesta altura do processo.
“Penso que ela está muito atrasada”, afirmou Yelchenko a jornalistas. “A maneira como foi feita (a candidatura) não foi totalmente correcta”, acrescentou.
A disputa pelo cargo de secretário-geral está a ser protagonizada por nove candidatos, quatro mulheres e cinco homens. Seis dos candidatos são da Europa de Leste.
Ban Ki-moon acaba o seu segundo mandato de cinco anos em 31 de Dezembro próximo.