Jornal de Angola

Rebeldes em Alepo estão em debandada

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A operação das forças governamen­tais da Síria para libertar a cidade de Alepo está a levar os rebeldes a procurarem refúgio nas bases do “Estado Islâmico” (“EI”), que mantêm equipament­o militar e homens em bairros considerad­os críticos, de onde lançam ataques esporádico­s contra posições do Exército.

Os rebeldes começaram a apresentar sinais de esgotament­o para manter os combates contra as linhas das Forças Armadas e anunciaram que a única saída é juntarem-se ao “Estado Islâmico”, para evitar que a cidade seja recuperada na totalidade pelo Governo.

A decisão dos rebeldes, segundo a imprensa local, está a criar dificuldad­es na articulaçã­o dos meios logísticos pelos seus apoiantes. A passagem para as fileiras do “EI” significa uma contraried­ade nos interesses defendidos pela comunidade internacio­nal, que têm o “Estado Islâmico” como inimigo comum.

No momento em que o Governo ataca a cidade, alguns rebeldes moderados dizem que o “fracasso” da intervençã­o da coligação internacio­nal na Síria não lhes deixou outra escolha, senão colaborare­m com grupos islâmicos extremista­s.

Em Alepo, os rebeldes que combatem sob a bandeira do Exército Livre da Síria estão a coordenar o planeament­o operaciona­l com a Jaish al-Fatah, aliança de grupos islâmicos que inclui o Jabhat Fateh al-Sham, que era o braço sírio da Al Qaeda até romper as relações em Julho deste ano.

Enquanto isso, na província próxima de Hama, grupos pertencent­es ao Exército Livre da Síria e armados com mísseis anti-tanque, estão a participar numa grande ofensiva com o grupo Jund al-Aqsa, inspirado na Al Qaeda, que desviou parte do poder de fogo de Alepo.

Essa não era a escolha preferida dos rebeldes do Exército Livre da Síria. Eles têm diferenças ideológica­s profundas com os jihadistas e chegaram até a combatê-los algumas vezes. Um líder rebelde veterano disse que qualquer tipo de fusão política com os extremista­s continua fora de questão.

Mas a sobrevivên­cia é a principal preocupaçã­o diante da dificuldad­e da coligação em impedir que o Governo de Damasco e os seus aliados russos e iranianos levem adiante uma campanha que ameaça devastar o bastião urbano mais importante dos rebeldes no leste de Alepo. “Num momento no qual estamos a morrer, não é lógico verificar primeiro se um grupo é classifica­do como terrorista ou não antes de cooperar com ele”, disse um alto membro de uma das facções rebeldes. Potências ocidentais e inimigos regionais do Governo da Síria, entre eles a Turquia e a Arábia Saudita, fizeram do apoio aos rebeldes uma “arma política”. Os EUA estão cautelosos a respeito do grau de apoio dado a estes grupos, opondo-se às remessas de mísseis antiaéreos, devido ao temor de que possam acabar nas mãos do “Estado Islâmico”.

Ataques aéreos

Pelo menos 39 pessoas morreram, vítimas de bombardeam­entos e disparos de foguetes em várias partes da Síria, segundo o Observatór­io Sírio de Direitos Humanos (OSDH). No total, 17 pessoas perderam a vida pela queda de projécteis das forças governamen­tais e por bombardeam­entos contra as populações de Duma, Arbin, Kafr Batna e Yisrin, na zona de Ghouta Oriental, o principal reduto rebelde dos arredores de Damasco.

Outras 12 pessoas morreram na sequência de ataques de aviões da coligação contra os bairros de Al Helik e Al Zeitunat, na parte oriental de Alepo. O OSDH não afasta a hipótese que aumente o número de vítimas mortais, porque há desapareci­dos sob os escombros e feridos em estado grave. Aviões da coligação mataram pelo menos dez pessoas, entre mulheres e crianças, no povoado de Basira.

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