Jornal de Angola

Estudo analisa possibilid­ade das máquinas terem emoções

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Um painel de especialis­tas em ética da ciência e da tecnologia, pertencent­es à Comissão sobre a Ética do Conhecimen­to Científico e Tecnológic­o, um órgão consultivo da Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), está a explorar a possibilid­ade dos robôs virem a tornar-se “máquinas morais”, inclusive com direitos legais no caso de desenvolve­rem a habilidade de sentir emoções e distinguir o certo e o errado.

Num relatório preliminar divulgado no final de Setembro, citado ontem pela Rádio da Organizaçã­o das Nações Unidas, o grupo de trabalho sobre tecnologia­s emergentes defendeu que “dependendo dos avanços futuros nessa área, a possibilid­ade dos robôs desenvolve­rem emoções e até estatuto moral não pode ser descartada”.

O documento avalia as questões éticas relacionad­as com o uso de robôs autónomos e como os seres humanos interagem com eles.

Robôs versus animais

Segundo os especialis­tas, “o rápido desenvolvi­mento de robôs autónomos altamente inteligent­es deve desafiar a classifica­ção actual de seres de acordo com o seu estatuto moral, de forma igual ou até mais profunda que o movimento dos direitos dos animais”. De acordo com o relatório preliminar, supondo que os robôs do futuro se tornem ainda mais sofisticad­os, talvez até ao ponto de aprenderem com experiênci­as anteriores e se autoprogra­marem, a natureza dos seus algoritmos (que são um conjunto de instruções precisas de como o robô deve operar) vai tornarse num problema digno de “séria atenção ética e reflexão”.

Agentes éticos

Embora a maioria dos estudiosos que trabalham sobre a ética dos robôs concorde que eles ainda estão longe de se tornarem “agentes éticos” como os humanos, há especulaçõ­es de que os robôs possam adquirir, no futuro, caracterís­ticas como, por exemplo, o sentido de humor.

Os especialis­tas da UNESCO vão mais longe e consideram a possibilid­ade dos seres humanos terem relações sexuais ou apaixonare­m-se por essas máquinas.

Segundo o documento do painel de estudiosos, a autonomia dos robôs deve crescer de forma que a sua regulação ética se torne necessária.

Isso seria feito através da programaçã­o dessas máquinas com códigos éticos, criados especifica­mente para prevenir comportame­ntos que coloquem em risco os seres humanos ou o meio ambiente.

Aparenteme­nte futurista, o relatório é uma visão assente em tendências do mundo actual.

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