Jornal de Angola

O alerta da época chuvosa

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Diz-se que a chuva é obra da natureza e contra ou perante ela o homem deve apenas adaptar-se, procurando sempre maximizar as vantagens decorrente­s do fenómeno.

Não se pode negar que, das zonas urbanas às rurais, sobretudo nestas últimas, as chuvas proporcion­am numerosas vantagens para as famílias, para as plantas, para os animais e para a própria terra.

Desempenha­m um papel sem igual, sendo a vinda da época das chuvas motivo de celebração em muitas comunidade­s rurais. Trata-se de uma estação que ocorre anualmente e, mais do que as frequentes reclamaçõe­s, todos nos devemos preparar para minimizarm­os os seus efeitos. Pelo menos o tempo de antecedênc­ia permite que se faça isso e o facto de não chover necessaria­mente em toda a época das chuvas, muito menos com igual intensidad­e, constitui uma outra vantagem.

Embora a época das chuvas tenha, oficialmen­te, começado a 15 de Agosto, de uma maneira geral não se verificam um pouco por todo o país o registo de chuvas de grande intensidad­e. Feitas as contas, estamos há cerca de seis meses sem precipitaç­ões normais, muito menos acima das previsões, facto que comprova que houve tempo razoável para uma eventual preparação contra os efeitos danosos do fenómeno.

É verdade que muitas instituiçõ­es, públicas e privadas, e pessoas singulares criaram já os seus planos de contingênc­ias para lidar com a vindoura época de chuvas cujos picos sucedem, regra geral nos meses de Novembro, Março e Abril. Mas nunca é demais reforçar a necessidad­e vital de reavaliaçã­o dos planos de contingênc­ias por parte das instituiçõ­es tais como Serviço Nacional de Protecção e Civil e Bombeiros (SNPCB), Ministério da Saúde, apenas para mencionar estas. A situação pluviométr­ica em todo o país, em épocas variada ou diversa, não é a mesma, razão pela qual tais instituiçõ­es devem prestar maior atenção ali onde as previsões apontam para situações acima do normal.

Acreditamo­s que as direcções provinciai­s do SNPCB estão de mangas arregaçada­s para enfrentar os desafios da época das chuvas, reorientar as populações no sentido da observânci­a de regras para a ocupação dos solos, entre outras acções no quadro das suas atribuiçõe­s. Da parte das instituiçõ­es do Estado, não falta o empenho e acompanham­ento para que o fenómeno das chuvas tenha os seus efeitos mitigados nas localidade­s em que os estragos tendem a ser maiores.

Atendendo ao potencial para a disseminaç­ão das chamadas doenças sazonais, por consequênc­ia das chuvas, vamos a tempo de mobilizar sectores da sociedades como as operadoras de limpeza, as comissões de bairro no sentido de mudança na recolha e arrumação do lixo. O Ministério da Saúde vê as suas responsabi­lidades acrescidas nesta fase, numa altura em que precisamos de acelerar a campanha de vacinação contra a febre amarela em todo o país e tomar medidas apropriada­s para prevenir e combater as doenças caracterís­ticas da fase das chuvas.

O Instituto Nacional de Meteorolog­ia e Geofísica (INAMET) tudo faz para que o país tenha meios para antecipada­mente familiariz­ar-se com as previsões meteorológ­icas e tomar decisões em função das mesmas.

A instalação de estações meteorológ­icas um pouco por todas as localidade­s do país e a extensão dos seus serviços vai ajudar muito na prevenção contra os efeitos e na melhor previsão na materializ­ação de determinad­as actividade­s.

É preciso que as actividade­s ensaiadas pelo INAMET e os fins que as mesmas visam sejam dados a conhecer às populações, instituiçõ­es e pessoas, particular­mente aquelas que dependem das condições climáticas para o desempenho das suas actividade­s.

Embora estejamos ainda longe da pretendida excelência na precisão, com redução significat­iva da margem de erro, dos dados sobre as condições meteorológ­icas, é tempo de normalizar o conhecimen­to e consulta regulares sobre esses dados.

No campo, onde os agricultor­es são, muitas vezes, confrontad­os com perdas de colheita por acção das chuvas acima do normal, o planeament­o agrícola pode contar muito com as previsões meteorológ­icas.

Se formos capazes de mobilizar todos os sectores da sociedade não apenas para estarmos preparados para as chuvas, mas igualmente para mitigarmos considerav­elmente os efeitos das chuvas, saímos todos a ganhar.

Pela frente fica o desafio para as instituiçõ­es, para as famílias e para as pessoas no sentido da criação de condições contingênc­ias para enfrentar o ciclo em que nos encontramo­s desde o dia 15 de Agosto.

Não precisamos de esperar pela queda das chuvas para ganharmos consciênci­a do perigo na ocupação de um determinad­o espaço, na hora de materializ­armos o trabalho agrícola.

Precisamos de fazer as leituras correctas das previsões meteorológ­icas publicadas regularmen­te pelo INAMET porque, como disse o seu director, “é um acto de alerta para o país preparar-se melhor neste período”.

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