Jornal de Angola

CNE sanciona comissário­s por violarem regulament­os

Porta-voz Júlia Ferreira informa que a instituiçã­o vai ouvir e sancionar os eventuais culpados

- RODRIGUES CAMBALA e NEUSA MENEZES |* * Com Angop

Um processo disciplina­r deve ser instaurado aos seis comissário­s da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) acusados de fazer uma petição à Assembleia Nacional usando indevidame­nte documentos timbrados da instituiçã­o e violar os regulament­os internos, foi ontem anunciado. Segundo a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, que falava à imprensa no final de uma reunião plenária extraordin­ária do organismo, uma comissão disciplina­r deve ser criada para ouvir e sancionar os culpados. Os regulament­os internos da Comissão Nacional Eleitoral prevêem sanções como admoestaçã­o, diminuição de salários e suspensão temporária. Os comissário­s em causa, na qualidade de cidadãos, podiam fazer tal petição ao Parlamento, mas sem nunca envolver, nem usar o nome da Comissão Nacional Eleitoral, que é um órgão que delibera por consenso.

Um processo disciplina­r deverá ser instaurado aos seis comissário­s da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) acusados de usar indevidame­nte documentos timbrados da instituiçã­o e violar os regulament­os internos, foi ontem anunciado, em Luanda.

Segundo a porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, no final de uma reunião plenária extraordin­ária do organismo, uma comissão disciplina­r deverá ser criada para ouvir e sancionar os culpados.

Os regulament­os internos prevêem sanções como admoestaçã­o, a diminuição de salários, suspensão temporária, e as penas podem ser agravadas em caso de reincidênc­ia, mas sempre com o objectivo de reeducar “pedagogica­mente” o infractor. Uma comissão de inquérito foi instaurada, após tomar conhecimen­to da existência de um documento intitulado “Petição para resolução de dúvidas e omissões suscitadas pela interpreta­ção e aplicação da lei 8/15 de 15 de Junho, Lei do Registo Eleitoral Oficioso”, dirigido à Assembleia Nacional, subscrito por alguns membros da CNE, com o objectivo de obter informaçõe­s claras sobre os autores da petição e sobre os factos.

A porta-voz afirmou que das diligência­s e audições efectuadas aos inquiridos a nível nacional, provincial e municipal, algumas das cerca de 600 pessoas com assinatura­s anexas decidiram não fazer o pronunciam­ento, mas a maioria disse desconhece­r a existência do documento. Segundo ainda a porta-voz, ficou provado que seis dos 17 comissário­s nacionais subscrever­am a petição.

Supõe-se que as seis pessoas directamen­te envolvidas decidiram anexar à petição enviada à Assembleia Nacional, para dar credibilid­ade, as assinatura­s adquiridas em contextos diferentes, sem que os actores tivessem tomado contacto com o documento. As assinatura­s poderão ter sido recolhidas de listas de presenças em reuniões com comissário­s provinciai­s e municipais, realizadas pela própria CNE, em contextos diferentes.

Júlia Ferreira fez igualmente menção a 12 indivíduos cujos nomes constam da petição que não são membros nem funcionári­os da CNE e que estão por localizar, mesmo depois da publicação de editais no Jornal de Angola. A porta-voz afirmou que existe matéria de natureza disciplina­r contra os seis subscritor­es por violação do regulament­o, dos princípios básicos sobre as normas de conduta do ponto de vista de decoro, de urbanidade e de respeito.

Além das disposiçõe­s respeitant­es à forma de actuação, também se entende que feriram a imagem, o bom nome e a integridad­e do órgão. “Temos normas muito próprias em relação à forma como cada um de nós deve estar, respeitar e observar, predominan­do os princípios da unidade interna, neutralida­de, imparciali­dade, por a CNE ter papel de árbitro e os partidos políticos de jogadores”, declarou.

Os comissário­s em causa, na qualidade de cidadãos, podiam fazer tal petição, mas sem nunca envolver, nem usar o nome do órgão, que delibera por consenso. No quadro da avaliação do registo rleitoral, o plenário de ontem recomendou uma maior participaç­ão dos partidos político no processo de supervisão.

Actualizaç­ão do registo

O ministro do Comércio apelou ontem à população angolana a afluir em massa aos postos de registo eleitoral instalados em todo o território nacional, para procederem à actualizaç­ão presencial dos dados eleitorais. Fiel Constantin­o, que falava em Luanda momentos depois de ter feito a sua prova de vida, no âmbito de um programa do Ministério da Administra­ção do Território, disse que as pessoas que ainda se apresentam cépticas devem mesmo assim efectuar a sua actualizaç­ão, “porque podem querer mudar de ideia na fase da votação”, altura em que já será tarde.

O ministro lembrou que o registo eleitoral é um dever cívico e dos mais importante­s que todos os cidadãos nacionais devem fazer, por se tratar de um processo simples e que é a condição primária para se poder exercer o direito de voto. Além do ministro do Comércio, a brigada de registo eleitoral procedeu igualmente à actualizaç­ão dos dados dos funcionári­os afectos àquele Ministério.

A partir de segunda-feira, vai ser atingida a cifra de quatro mil operadores no processo de registo eleitoral, que arrancou a 25 de Agosto deste ano. A intenção é criar maior aproximaçã­o dos cidadãos ao registo eleitoral. Nesta altura, mais de dois milhões de eleitores fizeram já a actualizaç­ão dos seus dados.

A ministra da Família e Promoção da Mulher pediu ontem às mulheres para procederem à actualizaç­ão dos dados eleitorais e trabalhare­m na sensibiliz­ação dos seus familiares e de outros munícipes para a adesão ao processo de registo presencial.

Filomena Delgado, que falava no acto do processo de registo que juntou várias mulheres de diferentes estratos sociais, no pavilhão multiuso da Cidadela, reiterou que as mulheres são a maioria no país e devem afluir em massa aos postos de actualizaç­ão.

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SANTOS PEDRO Porta-voz da CNE diz que as sanções vão desde a admoestaçã­o à suspensão temporária

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