Jornal de Angola

PAIGC e PRS divergem sobre governo de inclusão

Presidente José Mário Vaz prossegue consulta com os principais partidos políticos guineenses

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Fortes divergênci­as continuam a marcar o cenário político na GuinéBissa­u, cerca de um mês depois da assinatura, em Bissau, dos acordos para a solução da crise.

O PAIGC, principal força política do país e o PRS, o primeiro da oposição, continuam a enfrentar dificuldad­es para chegarem a um consenso sobre o formato a atribuir ao governo de inclusão a ser formado com base nas propostas avançadas pela missão dos Chefes de Estados enviados, especialme­nte a Bissau, pela Cedeao, para a procura de soluções para os problemas políticos que, de um tempo a esta parte, este país enfrenta.

Os Chefes de Estado da Guiné Conacry e da Serra Leoa, respectiva­mente Alpha Condé e Ernest Bai Koroma, estiveram à frente da missão que resultou na assinatura, a 10 de Setembro, de um acordo que estabelece a formação de um governo de inclusão, representa­do por todas as partes envolvidas na contenda que opõe apoiantes do Presidente José Mário Vaz e o PAIGC.

Num encontro que o Presidente José Mário Vaz manteve na quintafeir­a, com representa­ntes do PAIGC e do PRS, para análise das propostas da Comunidade Económica dos Estados da África do Oeste, de acordo com as nossas fontes, foram identifica­dos sinais evidentes de fortes discrepânc­ias entre as duas principais forças políticas da Guiné-Bissau, em relação ao que deverá ser o governo de inclusão.

De acordo com as fontes que vimos citando, as duas partes apresentam-se inflexívei­s e pouco inclinadas a cedências no seu posicionam­ento, deixando subentende­r que ainda não é desta que os guineenses vão chegar a entendimen­to.

O PAIGC, por exemplo, defende a criação de um governo inclusivo formado com base no respeito aos princípios constituci­onais da República da Guiné-Bissau e que lhe seja atribuído o direito de dirigir o futuro executivo, na sua qualidade de partido vencedor das eleições legislativ­as de 2014.

Domingos Simões Pereira, líder do partido, considerou o encontro com o Presidente da República mais uma oportunida­de que se abriu, tendo em vista o retorno à legalidade institucio­nal, “atribuindo-se a quem de direito a competênci­a de formar o governo de inclusão, conforme previsto nos acordos mediados pela Cedeao.” “A Constituiç­ão guineense é clara neste aspecto. O Presidente da República é o primeiro magistrado da nação, mas cabe ao vencedor das eleições legislativ­as o direito exclusivo de decidir quem governa”, afirmou.

A seu ver, esse assunto nunca esteve em causa. “Representa apenas um direito que o povo consagrou ao partido maioritári­o”, referiu Domingos Simões Pereira. Por sua vez, o Partido de Renovação Social (PRS) diz concordar com a formação do governo inclusivo, mas alerta que a inclusão significa uma integração de todos os partidos interessad­os.

Mas, e de acordo com declaraçõe­s prestadas à imprensa pelo secretário-geral do PRS, Florentino Mendes Pereira, o seu partido não vê motivos para pôr em causa a legitimida­de do actual Governo liderado por Baciro Djá. O actual primeiro-ministro é o líder da facção do PAIGC dos “15”, que, no início do ano em curso, foram expulsos das fileiras deste partido, por alegada indiscipli­na e desobediên­cia.

Na sequência destes acontecime­ntos, o Presidente José Mário Vaz, exonerou o chefe do Executivo indicado pelo PAIGC e nomeou Baciro Djá em seu lugar.

É na sua indicação sem o aval do PAIGC que reside actualment­e o grande pomo da discórdia, que na prática está na origem da subida, em exponencia­l, da crise que há cerca de um ano paralisa a Guiné-Bissau.

O PAIGC e a sociedade civil consideram ilegal o actual Governo liderado por Baciro Djá, mas o Supremo Tribunal de Justiça considerou-o legítimo. De recordar que, antes do seu afastament­o do PAIGC, Baciro Djá ocupou, no Governo de Domingos Simões Pereira, o cargo de ministro junto da Presidênci­a e do Conselho de Ministros.

Após a queda de Domingos Simões Pereira da chefia do Governo, Baciro Djá exerceu durante 24 horas, a função de primeiro-ministro da Guiné-Bissau, tendo sido exonerado do cargo em função de uma decisão do Tribunal Supremo da Guiné-Bissau, que considerou inconstitu­cional a sua nomeação.

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AFP Chefe de Estado faz apelo aos partidos e à sociedade civil para solução rápida da crise política

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