Líder da Colômbia vence Nobel da Paz
Comité de escolha presta tributo aos colombianos e espera o fim da guerra
O comité norueguês decidiu premiar o Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, com o Nobel da Paz 2016 pelos seus “esforços para pôr fim aos mais de 50 anos de guerra civil no país”. De fora de um prémio que foi também “para o povo colombiano” ficou o líder das FARC, Rodrigo Londono.
O Presidente da Colômbia foi distinguido ontem com o Prémio Nobel da Paz 2016, pelos esforços em prol da paz no seu país, após mais de 50 anos de guerra civil, anunciou o Comité Nobel da Noruega, em Oslo.
Juan Manuel Santos, de 65 anos e ex-ministro da Defesa no Governo do Presidente Álvaro Uribe, recebe o galardão máximo atribuído pelo Comité Nobel norueguês por causa da sua luta intransigente em prol das negociações de paz entre o Governo e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
O conflito armado no país causou pelo menos 220 mil mortos e quase sete milhões de deslocados em 52 anos e não tem um fim à vista.
Apesar de ter sido alcançado um acordo de paz histórico, este foi rejeitado em referendo. O “não” ganhou com 50,21 por cento dos votos contra 49,78 por cento do “sim” ao cessarfogo, num escrutínio em que a abstenção atingiu os 62 por cento.
“Isto não significa necessariamente que o processo esteja morto”, disse o Comité Nobel norueguês em comunicado, ao justificar a atribuição do Nobel da Paz à luz dos esforços encetados por Juan Manuel Santos nesse sentido.
Apesar do resultado da consulta popular, os negociadores do acordo, cujas conversações decorrem desde há quatro anos em Cuba, já encetaram contactos para elaboração de um novo plano que possa obter o consenso nacional. De acordo com o júri, o prémio é também “um tributo ao povo da Colômbia que, apesar das grandes dificuldades e os abusos, não perdeu a esperança de uma paz justa, todas as partes que contribuíram com o processo de paz” e todas as vítimas de uma guerra que custou a vida de pelo menos 220 mil colombianos e obrigou mais a saída de mais de seis milhões de pessoas das suas casas.
O Comité norueguês recebeu este ano um número recorde de candidaturas: 228 pessoas e 148 organizações. No ano passado, o prémio foi atribuído ao Quarteto para o Diálogo Nacional na Tunísia, grupo de organizações que permitiu salvaguardar a transição democrática na Tunísia, onde decorreram os primeiros protestos da Primavera Árabe, vaga de manifestações que abalou vários países do mundo árabe em 2011.
A temporada dos prémios Nobel 2016 começou na segunda-feira com o anúncio do Nobel da Medicina, atribuído ao japonês Yoshinori Ohsumi pela descoberta do mecanismo de autofagia celular. O Nobel da Física foi atribuído na terça-feira a David J. Thouless, e a F. Duncan M. Haldane e J. Michael Kosterlitz pelas descobertas teóricas das transições da fase topológica e das fases topológicas da matéria. Já o Nobel da Química foi atribuído quartafeira a Jean-Pierre Sauvage, J. Fraser Stoddart e Bernard L. Feringa pela “concepção de equipamentos de síntese molecular”.
O Nobel da Economia vai ser conhecido na segunda-feira e o da Literatura, cuja entrega foi este ano adiada, é anunciado dia 13.