Governo cubano expressa gratidão pelo apoio firme dos angolanos
Embaixadora Gizela Rivera saúda solidariedade da comunidade internacional para com Havana
POLÍTICA | 2
O “importante apoio” do Governo angolano na luta do povo cubano contra o bloqueio unilateral dos EUA à Cuba mereceu, em Luanda, o agradecimento da embaixadora daquele país das Caraíbas em Angola.
Gizela Rivera falava em exclusivo ao Jornal de Angola, à margem da cerimónia do 40º aniversário da sabotagem do avião de Barbados, da aviação cubana, em 6 de Outubro de 1976, que provocou a morte de 73 cubanos, incluindo a equipa nacional de esgrima que viajava de regresso ao país após participar, em Caracas, Venezuela, no Campeonato Centro-Americano e das Caraíbas.
Sobre a situação do bloqueio dos EUA contra Cuba, Gizela Rivera informou que Havana volta a pedir este ano na ONU o fim do bloqueio económico, comercial e financeiro dos EUA, “que se mantém apesar dos discursos e da visita do Presidente dos EUA a Cuba, bem como das medidas tomadas por Barack Obama, que reconhecemos como positivas, mas consideramos limitadas e insuficientes”.
Questionada se a mudança na Presidência dos EUA pode prejudicar a luta para a retirada do bloqueio dos EUA contra Cuba, respondeu que a maioria dos norte-americanos é contra o bloqueio, razão pela qual, “se a vontade do povo é ouvida e respeitada, independentemente de quem venha a estar na Casa Branca, vai ter em conta o desejo dos norte-americanos”. Cuba, prosseguiu, está convencida de que o bloqueio vai ser levantado mais cedo ou mais tarde, “porque não tem sentido, é contrário às leis internacionais e até mesmo contra o interesse dos norte-americanos”. A comunidade internacional, sublinhou, também apoia Cuba nesta luta. “No ano passado, 191 países votaram contra o bloqueio, apenas dois países não o fizeram”, recordou.
Gizela Rivera também comentou a nomeação de António Guterres ao cargo de Secretário-Geral da ONU. Apesar de não ter na altura uma posição oficial do seu país, disse estar segura que Cuba “vai dar ao próximo Secretário-Geral da ONU todo o apoio”, porque seguiu o seu percurso e a sua acção positiva enquanto alto funcionário da ONU para os Refugiados. Sobre a questão dos refugiados, Gizela Rivera afirmou que Cuba “sempre vê o lado humanitário e a necessidade de apoio de todos os que necessitam em qualquer parte do mundo”. E disse ser muito importante entender a causa da crise migratória e buscar consensos para acabar com o fenómeno.
Terrorismo de Estado
Ao falar sobre a tragédia de 6 de Outubro de 1976, a diplomata cubana afirmou que a vida destes cubanos foram retiradas “por um grupo de criminosos que hoje gozam impunidade e abrigo em território norte-americano, apesar de ter sido provada a sua participação neste e noutros actos terroristas contra Cuba”.
Gizela Rivera denunciou o que chamou de “política de terrorismo de Estado” aplicada contra Cuba “mediante acções na maioria dos casos encorajadas por autoridades dos EUA”, e reiterou que o Governo e o povo cubano “condenam e enfrentam o terrorismo em todas as suas formas e manifestações”. Em homenagem às vítimas do avião de Barbados, Cuba declarou oficialmente o 6 de Outubro Dia das Vítimas do Terrorismo de Estado.Em 6 de Outubro de 1976 duas bombas explodiram a bordo do voo 455, da aviação cubana, causando a morte de 73 pessoas, a maioria integrante da equipa juvenil cubana de esgrima, que retornava da Venezuela, após receber a maioria das medalhas de ouro de um campeonato naquele país da América do Sul. Entre as vítimas, 57 eram cubanas, onze guianenses e cinco norte-coreanas.