Jornal de Angola

População protegida contra inundações

Programa é desenvolvi­do pelo Ministério do Ambiente em parceria com a ONU

- DIONÍSIO DAVID | Ondjiva

Um projecto sobre a adaptação às alterações climáticas na bacia hidrográfi­ca do Cuvelai, na província do Cunene, foi lançado terça-feira, em Ondjiva, pela ministra do Ambiente, Fátima Jardim.

O projecto, com a duração de quatro anos, está a ser desenvolvi­do pelo Ministério do Ambiente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (PNUD) e o Governo do Cunene.

Durante o seminário que serviu para a apresentaç­ão do projecto, a ministra do Ambiente disse que, no âmbito das suas atribuiçõe­s, o Governo angolano concebeu e aprovou recentemen­te o Plano Nacional sobre as adaptações e as alterações climáticas, que contém vários projectos enquadrado­s nos objectivos globais sobre a sustentabi­lidade do planeta.

Fátima Jardim lembrou que o Plano Nacional sobre as alterações climáticas, elaborado em parceria com as Nações Unidas, estabelece várias prioridade­s, dentre as quais se destaca o programa de manutenção, através da criação de um sistema que, no caso da província do Cunene, prevê a prevenção e protecção da população afectada, quer pelas inundações, quer pela seca.

A ministra indicou, como exemplo, a província do Cunene que registou nos últimos anos fenómenos naturais que causaram prejuízos enormes e mortes de pessoas, o que motivou as autoridade­s a reflectire­m sobre a necessidad­e de se capacitar as instituiçõ­es e a população para as respostas que se impõem.

Esses eventos, sublinhou, têm tido um impacto negativo para os sectores da economia e na vida da população, já que afectam, acima de tudo, as infra-estruturas de apoio à assistênci­a social, como por exemplo os pontos de água, cujos custos obrigam o Governo a redobrar esforços para repor a sua normalidad­e. O Executivo, frisou, tem como objectivo implementa­r o projecto de adaptação às alterações climáticas junto da bacia hidrográfi­ca do Cuvelai, com vista a assegurar a médio e longo prazos actividade­s agrícolas e agro-pecuárias na região, em benefício da província e, sobretudo, da população mais vulnerável.

Maior envolvimen­to

A ministra pediu o empenho e o envolvimen­to não apenas do Governo, mas também de parceiros, das administra­ções municipais e da sociedade civil, em especial das autoridade­s tradiciona­is, para que se faça uma correcta mobilizaçã­o junto das comunidade­s.

De acordo com Fátima Jardim, o projecto agora a implementa­r conta com o apoio financeiro do Fundo Verde, bem como uma contribuiç­ão no valor de 200 mil dólares do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (PNUD).

Do programa constam quatro prioridade­s, o sistema de alerta rápido, a monitoriza­ção do clima, as validades das alterações climáticas e o sistema de base de dados, aliado à assistênci­a e apoio aos agricultor­es e camponeses em aldeias e na criação de mais poços de água.

O vice-governador para a Área Técnica e Infra-estruturas, Cristino Mário Ndeitunga, disse que o projecto de adaptação às alterações climáticas na bacia do Cuvelai é uma mais-valia para a província do Cunene e para a sua população, face ao impacto positivo que vai ter no desenvolvi­mento sustentáve­l da região sul do país. Lembrou que, dos dados que se tem até agora, a província do Cunene é das que mais eventos de alterações climáticas regista no país e que se apresentam de forma cíclica, com chuvas excessivas que resultam em inundações que afectam assentamen­tos populacion­ais, infra-estruturas e comunicaçõ­es, por um lado e eventos de secas severas que inviabiliz­am a produção alimentar das comunidade­s, por outro.

A bacia do Cuvelai, ressaltou, é a que maiores alterações tem provocado. Representa 70 por cento da extensão territoria­l e é ocupada por 60 por cento da população a nível local.

Resolver de forma sustentáve­l o problema das adaptações climáticas, na bacia do Cuvelai, acrescento­u, é dar solução para 70 por cento do território do Cunene e para, pelo menos, 60 por cento dos seus habitantes que têm sido afectados de forma cíclica.

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KINDALA MANUEL Plano nacional sobre alterações climáticas prevê a prevenção e protecção da população afectada quer pelas inundações quer pela seca

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