Jornal de Angola

Arminda de Faria foi uma mulher destemida

- ANA PAULO |

Arminda Correia de Faria, falecida no domingo, aos 96 anos, foi uma mulher destemida que cedo percebeu a injustiça e a opressão a que estava sujeito o povo angolano no seu próprio país e que era necessário lutar para a Independên­cia Nacional, disse ontem o presidente da Fundação Sagrada Esperança e membro do Bureau Político do MPLA, Roberto de Almeida.

O político recordou que Arminda de Faria, que foi ontem a enterrar no Cemitério do Alto das Cruzes, em Luanda, era uma aluna exemplar. Natural de Luanda, onde nasceu a 6 de Novembro de 1919, viveu os seus primeiros anos de vida no Lucala, Cuanza Norte, onde foi viver com os pais. Em 1931 veio para Luanda onde iniciou os seus estudos. Fez o curso auxiliar de Enfermagem em 1941 e cinco anos depois o Curso Geral de Enfermagem no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, tendo-se especializ­ado em hemoterapi­a.

Ao ler o elogio fúnebre, Roberto de Almeida sublinhou que devido ao seu alto sentido humanista e amor ao próximo, Arminda de Faria, exdirigent­e da Organizaçã­o da Mulher Angolana (OMA), exerceu com dedicação a profissão durante vários anos como enfermeira graduada.

Em 1947 tomou consciênci­a dos problemas nacionais, dando os primeiros passos em acções com o nacionalis­ta Mário Pinto de Andrade, Agostinho Neto, Ilídio Machado e outros patriotas com vista à emancipaçã­o do povo angolano. De 1952 a 1959 Arminda de Faria iniciou os trabalhos na clandestin­idade com o padre Joaquim Pinto de Andrade, Cónego Manuel das Neves, Ilídio Machado, André Franco de Sousa, António Rebelo de Macedo, Higino Aires, Joaquim Enriques Monteiro “Chuchudo” e outros.

Em 1956 a nacionalis­ta ingressou nas células clandestin­as do Movimento pela Independên­cia de Angola (MIA), com Ilídio Machado e André Franco de Sousa. Em 1960 foi detida sendo acusada da fuga de Tomás Ferreira, um dos primeiros comandante­s do MPLA. Na concretiza­ção da fuga participar­am também as nacionalis­tas Madalena Elisa Monteiro, Dina Stela e Luísa Azevedo.

Em representa­ção da OMA, Irene Webba disse que na clandestin­idade, Arminda de Faria destacava-se pela fidelidade aos princípios do MPLA.

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