Jornal de Angola

Nome do próximo primeiro-ministro atrasa acordo

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O Presidente José Mário Vaz, o líder do Parlamento, Cipriano Cassamá, o primeiro-ministro Baciro Djá, líderes do PAIGC, do PRS, do “grupo dos 15” e da sociedade civil e de comunidade­s religiosas guineenses participam no encontro em que a grande questão é o nome do partido e da figura que vai liderar o futuro Governo, que estão na base da demora na implementa­ção do acordo.

O PAIGC, partido mais votado nas eleições legislativ­as de 2014, mantém a posição de chefiar o Governo inclusivo e o seu presidente, Domingos Simões Pereira, diz que esta responsabi­lidade “é constituci­onal e não pode ser retirada ao partido político vencedor das últimas eleições legislativ­as”.

O PRS, o segundo partido mais votado, alega que o acordo “foi rubricado pelo primeiro-ministro Baciro Djá, Chefe do Governo considerad­o Constituci­onal pelo Supremo Tribunal de Justiça, que não pode ser posto em causa” . O primeiro-ministro Baciro Djá, integrante dos 15 deputados dissidente­s do PAIGC, argumenta que “há uma maioria inequívoca no Parlamento que sustenta o Governo”e a aponta como “a principal base para formar o Executivo”.

E na semana passada, o presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, disse ter entregado ao Chefe de Estado a proposta de uma figura para liderar o futuro Governo inclusivo guineense, sem revelar o nome.

Os principais actores da crise política na Guiné-Bissau concordara­m em Setembro com a criação de um novo Governo inclusivo destinado a pôr fim à actual crise política e institucio­nal e que leve o país até ao fim da actual legislatur­a, em 2018.

O acordo mediado pela CEDEAO estabelece que as “tarefas essenciais” do Governo inclusivo são a revisão da Constituiç­ão e reformas da lei eleitoral, da lei-quadro dos partidos políticos e do sector militar, mas tarda em ser implementa­do e a comunidade internacio­nal pede “celeridade” aos signatário­s do pacto.

Ao reagir às negociaçõe­s iniciadas na noite de terça-feira, o Secretário­Geral cessante da ONU, Ban Kimoon, elogiou o “diálogo inclusivo entre líderes políticos, da sociedade civil e de comunidade­s religiosas da Guiné-Bissau” e o considera “o primeiro passo crucial na implementa­ção do plano da CEDEAO para acabar com a crise política”.

Ban Ki-moon pede a todas as partes envolvidas no diálogo “progressos decisivos nos próximos dias” e ao seu representa­nte especial na Guiné-Bissau, Modibo Touré, para continuar a cooperar “com todos os actores”, designadam­ente a CEDEAO, União Africana, Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e União Europeia.

Em Setembro, o Supremo Tribunal de Justiça guineense considerou “improceden­te” a providênci­a cautelar interposta pelo Governo de Baciro Djá contra a Assembleia Nacional Popular e o seu presidente após determinar que “não compete ao órgão obrigar o presidente do Parlamento a convocar a sessão parlamenta­r para a discussão do Programa do Governo”.

Um acórdão daquele tribunal esclarece que o Poder Judicial “não pode substituir os órgãos próprios instituído­s, ordenando-lhes a prática de actos administra­tivos que só a estes competem, sob pena de manifesta e grave violação do Princípio Constituci­onal de Separação de Poderes”, razão pela qual “a conduta em causa não é sindicável em sede da jurisdição administra­tiva”.

O Governo liderado por Baciro Djá queria a intervençã­o do Poder Judicial para forçar o Poder Legislativ­o a discutir o programa do Poder Executivo numa sessão extraordin­ária, o que configura, de acordo cm o Tribunal Supremo, uma clara violação do Princípio da Separação de Poderes.

Os deputados que apoiam o Governo guineense ameaçaram avançar com o processo de destituiçã­o de Cipriano Cassamá, que acusam de “atitude deliberada de bloqueio” ao funcioname­nto do Parlamento.

Numa altura em que os dirigentes guineenses estão na Guiné Conacri a negociar a formação de um Governo inclusivo para pôr fim à crise política e institucio­nal que há mais de um ano assola a Guiné-Bissau, os professore­s do país iniciaram uma greve de duas semanas para reclamar o pagamento dos seus salários, bloqueados por causa da crise política.

Uma fonte do Governo disse à agência de notícias France Press que o não pagamento de salários dos professore­s deve-se ao atraso da votação do orçamento pelo Parlamento, cujos trabalhos estão bloqueados por causa da crise política.

As negociaçõe­s também decorrem após a Guiné-Bissau e o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI) chegarem a um princípio de acordo sobre as medidas a tomar pelo primeiro para voltar a receber apoio financeiro, a avaliar em Dezembro e que poderá permitir libertar 6,3 milhões de euros para o país.

O FMI informou que Bissau prometeu implementa­r medidas para fechar o buraco fiscal deste ano, apresentar o orçamento de 2016 ao Parlamento, preparar o de 2017 e resolver o resgate da banca comercial do país.

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AFP Crise institucio­nal na Guiné-Bissau impede aprovação do programa de Governo no Parlamento

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