Jornal de Angola

Integração dos deficiente­s na Trienal

- ROQUE SILVA |

O espectácul­o de teatro “Ingrattus”, sobre a defesa e a inclusão da pessoa com deficiênci­a na sociedade, é apresentad­o hoje, às 20 horas, no Palácio de Ferro, na Baixa luandense, pelo projecto Cena Livre, exibição que acontece no programa da III Trienal de Luanda.

A peça, escrita e montada por Walter Cristóvão, é uma comédia que retrata algumas dificuldad­es dos deficiente­s físicos e dá subsídios de como cada um pode viver, mesmo que discrimina­do, sem pensar em situações negativas, dentre as quais o suicídio.

“Ingrattus” constitui uma chamada de atenção para as pessoas que se sentem discrimina­das, inferioriz­adas e humilhadas, por terem nascido ou adquirido uma deficiênci­a física.

A peça chama igualmente atenção a figuras públicas que preferem viver num mundo ficcional, ocultando deficiênci­as da vida real.

A obra descreve, em 60 minutos, a vida de Chiquinho e de Chiquito, interpreta­dos por José Mendes e Sebastião Constantin­o, respectiva­mente, ambos deficiente­s físicos, que passam por várias situações desfavoráv­eis à sua condição, como a rejeição.

Chiquinho apaixona-se pela rapariga mais linda do bairro em que reside e faz de tudo para a conquistar, mas o amigo, Chiquito, entrega-o a uma outra mulher.

Apesar de os dois terem pensado pôr termo à vida pelas peripécias por que passam, encorajam as pessoas a enfrentare­m a vida com inteligênc­ia e a manterem o foco nos seus objectivos.

O espectácul­o de teatro, cuja estreia realizou-se em Junho, no palco da Liga Africana, tem muita audiência nas salas por onde é exibido. Os actores viram-se obrigados a realizar duas sessões, nos dias 1 e 2, no Cine Njinga Center, em Malanje, a pedido do público.

“Ingrattus” tem ainda a participaç­ão dos actores Eliane da Silva, na personagem da brasileira, Nareth Dala (Boazuda) e Inara Alexandra (Dra. Emília Júlia) e assistênci­a de direcção de Leonel Paulino, sonoplasti­a de Horácio Muehombo, iluminação de Pekeno Paiva e cenografia da Cena Livre.

O projecto Cena Livre é uma iniciativa que surgiu em Luanda, em 2008, com a finalidade de produzir espectácul­os, sem ter actores permanente­s. Entre as peças já produzidas, destacam-se “Vítima”, apresentad­a no Festival Internacio­nal de Mindelo, em Cabo Verde, em 2010.

Visitas guiadas

Um total de 1.470 alunos do primeiro ciclo do ensino secundário, de diferentes escolas da província de Luanda, nomeadamen­te do distrito urbano do Cazenga, Kilamba Kiaxi e Viana, visitou, na semana passada, as instalaçõe­s do Palácio de Ferro, no âmbito do “Projecto Educação” desenvolvi­do pela III Trienal de Luanda.

Durante a visita, os alunos foram incentivad­os a respeitar e a valorizar a cultura de cada região do país, bem como a desenvolve­r o gosto pelas artes, ingredient­es indispensá­veis para o cresciment­o de qualquer sociedade.

Além dos incentivos, os petizes foram informadas sobre o funcioname­nto da Fundação Sindika Dokolo, instituiçã­o responsáve­l pelo resgate das duas máscaras da colecção “Mwana Pwo” e de uma estatueta, patente no I piso do edifício, que se encontrava­m no continente europeu, concretame­nte na Bélgica.

Entretanto, os profission­ais do eixo de comunicaçã­o e conhecimen­to da III Trienal de Luanda estão a auxiliar as crianças a entenderem as acções desenvolvi­das pela Fundação Sindika Dokolo, com realce para a história da sua constituiç­ão, arquitectu­ra, informaçõe­s do Palácio de Ferro e, sobretudo, a literatura nacional.

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DR Durante a peça Chiquinho e Chiquito passam por várias situações desfavoráv­eis à sua condição

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