CRIME BÁRBARO OCORRIDO NO CAZENGA Polícia esclarece triplo assassinato
Um dos dez presumíveis homicidas de três pessoas, duas das quais da mesma família, assassinadas durante um assalto à moradia em que viviam, no bairro do Cazenga, em Luanda, foi ontem apresentado à comunicação social, seis dias após a sua detenção, ocorrida quatro horas depois do assalto.
O suspeito, de 21 anos e identificado como Carlos Gomes, criou um grupo de assaltos com mais nove indivíduos, libertados recentemente no âmbito da última Lei da Amnistia, que conheceu na cadeia, em 2014.
O delinquente, que já era conhecido das autoridades policiais, disse à comunicação social não se lembrar do número de assaltos praticados pelo grupo em dois meses de actividade, antes do crime que abalou a província de Luanda.
A casa assaltada por volta das duas horas de madrugada do dia 6 deste mês e localizada na rua do Big, não era o alvo, mas sim uma cantina que se encontra no interior da moradia, junto à linha férrea.
Quando o grupo chegou ao local, Carlos Gomes ficou do lado de fora, de onde ouviu cinco disparos, que causaram muitos gritos e choros, tendo depois saído da moradia assaltada duas pessoas. “Foi assim que disparei”, revelou aos jornalistas o detido, que disse ter usado uma AKM. Do assalto à cantina, os meliantes conseguiram levar uma pasta, na qual estavam quatro mil kwanzas, e dirigiram-se a um parque, onde fizeram a divisão.
Com o mísero valor recebido, Carlos Gomes comprou droga, consumida no momento da compra e, quando chegou a casa, por volta das 6h00, foi surpreendido por agentes do Serviço de Investigação Criminal, que o prenderam. No assalto morreram dois irmãos, no interior da residência, filhos do proprietário, Miguel Manuel Pedro, também baleado, e no exterior o inquilino, Luís Fuca, que geria a cantina, quando fugia com o seu filho Miguel Fuca, de 13 anos, ferido gravemente na cabeça, encontrando-se internado no Hospital Américo Boavida. Ambos foram baleados por Carlos Gomes. O corpo de Luís Fuca, natural de Cabinda, é enterrado hoje na sua terra natal.
O proprietário da residência, atingido com seis tiros nas costas, já foi operado no Hospital Militar Central e está em plena recuperação.
“A nossa intenção não foi tirar a vida de ninguém”, declarou o suposto assassino, acentuando que conseguiu a arma que usou há um ano, quando assaltou um vigilante de uma empresa de segurança privada.
Além da arma, o grupo usava sempre mais três pistolas nos assaltos que praticavam, no município do Cazenga e no distrito do Kilamba Kiaxi, município de Luanda.
Na apresentação de Carlos Gomes, o Gabinete de Comunicação e Imagem da Polícia Nacional divulgou o balanço das acções de combate à criminalidade violenta em Luanda de 2 a 10 deste mês, em cujo período foram detidas três pessoas, uma das quais de nacionalidade congolesa.
No rol de delitos registados está o assassinato de um oficial da Polícia Nacional, na sequência de um assalto a uma esquadra localizada no Bita, feito por marginais, com o objectivo de libertarem um comparsa, considerado altamente perigoso. O ataque à esquadra permitiu a fuga de dez reclusos, sete dos quais continuam foragidos.