Governo angolano recebe doação financeira da China
Federação de empresários chineses e de países de língua portuguesa foi criada na quarta-feira
O Governo da República Popular da China concedeu uma ajuda não reembolsável no valor de cem milhões de yuan, como parte de um montante global solicitado pelas autoridades angolanas, destinado a implementar um projecto do Centro Integrado de Formação e Tecnologia (CINFOTEC) e outro do projecto de Manutenção Técnica do Hospital Provincial de Luanda.
No âmbito do “Acordo de Cooperação Económica e Técnica entre o Governo da República Popular da China e o Governo da República de Angola”, o Banco de Desenvolvimento da China e o Banco Nacional de Angola devem abrir um livro em nome das respectivas partes, designado “Aid Account n.º 2016/1”, em renminbi, a divisa chinesa, e sem juros, para o registo e informação de todos os pagamentos referentes às despesas resultantes da doação, de acordo com os procedimentos das operações do Banco de Desenvolvimento da China, sem quaisquer despesa para as partes.
O comércio entre a Região de Macau e os países de língua portuguesa cifrou-se, entre Janeiro e Agosto do presente ano, em 55,9 milhões de dólares, um valor que representa um acréscimo homólogo de 16 por cento, anunciou o secretário chinês para a Economia e Finanças, Lionel Leong, ao efectuar o balanço da Conferência Ministerial.
Lionel Leong disse ainda que a reunião foi uma das mais produtivas de sempre, ao serem apresentadas dezoito medidas a favor dos países de língua portuguesa e de dezanove outras de apoio ao desenvolvimento de Macau. O secretário chinês afirmou que a realização da conferência representa o reconhecimento e a afirmação do papel de Macau como um novo conjunto de oportunidades para o desenvolvimento, enquanto plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa.
Lionel Leong salientou o facto de Macau passar a albergar a sede do fundo de investimento, anunciado pela China em 2013, para projectos em países de língua portuguesa, dizendo que tal é “uma prenda de Pequim”, que deve fazer com que Macau se assuma como um grande centro financeiro.
Activado no final de Junho de 2013, três anos depois de anunciado pelo então primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, no âmbito da 3.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa, o fundo aprovou até à data o financiamento de dois projectos, um proveniente de Angola e um chinês para Moçambique, no valor global de 16,5 milhões de dólares.
As medidas incluem Centros de Intercâmbio Cultural e sobre a Inovação e o Empreendedorismo dos Jovens e a construção do Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Protocolos empresariais
A federação de empresários chineses e de países de língua portuguesa foi criada na quarta-feira, em Macau, com a assinatura de protocolos entre os presidentes da câmara de comércio e indústria da China e dos países lusófonos participantes. O fórum empresarial foi realizado no âmbito da 5.ª Conferência Ministerial para a Cooperação Económica e Comercial, em que Angola esteve representada por uma delegação chefiada pelo ministro da Economia, Abrahão Gourgel.
Ao reagir à criação desta nova organização empresarial, o secretáriogeral da Câmara de Comércio e Indústria de Angola (CCIA), Tiago Gomes, um dos signatários dos acordos, disse ser de extrema importância para o grémio dos empresários angolanos, já que o país precisa de parcerias sólidas para alavancar o sector produtivo não petrolífero. Relativamente aos desafios para o sector empresarial nacional, no quadro de parcerias com empresas chinesas e lusófonas, Tiago Gomes disse tratar-se de um processo no qual os angolanos podem contar com a experiência avançada da China, para o alcance de outros patamares.
O secretário-geral da CCIA afirmou que a instituição está comprometida com o desenvolvimento da cooperação empresarial no âmbito do Fórum de Macau. Ao falar no seminário sobre a promoção da capacidade nos países do Fórum Macau, durante a Conferência de Empresários e Quadros da Área Financeira da China e Países de Língua Portuguesa, Tiago Gomes disse que a CCIA conta com mais de cinco mil empresas associadas, que podem fazer parcerias com empresas chinesas, portuguesas e brasileiras, dado o seu desenvolvimento tecnológico.
Para Tiago Gomes, os empresários angolanos têm o desafio de diversificar a economia, aumentar os bens de exportação e diversificar as fontes de recursos necessários ao desenvolvimento económico e social sustentado. A câmara, referiu, pretende continuar a procurar parceiros que queiram partilhar com os angolanos o conhecimento, os avanços tecnológicos e recursos financeiros, para que seja possível explorar a imensidão de recursos disponíveis que o país tem e transformá-los em riqueza para o povo.