Jornal de Angola

Washington e Moscovo retomam diálogo

Cessar-fogo e entrega de ajuda a civis são discutidos hoje em Lausana

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A cidade suíça de Lausana acolhe hoje uma reunião internacio­nal sobre a Síria, entre os chefes da diplomacia norte-americana, John Kerry, e russa, Serguei Lavrov, no primeiro encontro deste tipo, desde que Washington anunciou o congelamen­to das negociaçõe­s sobre um cessar-fogo.

Lavrov e Kerry estão de acordo com essas conversaçõ­es para “criar as condições de uma solução para a crise síria com países-chave da região”, refere um comunicado oficial russo.

Em entrevista quinta-feira à CNN, Lavrov disse que essas discussões deverão incluir a Turquia, a Arábia Saudita e talvez o Qatar.

“Preferimos um encontro restrito, como uma reunião de negócios, ao invés de um debate tipo Assembleia Geral da ONU”, explicou o ministro russo dos Negócios Estrangeir­os.

Uma fonte do Departamen­to de Estado norte-americano confirmou a realização do encontro. O Departamen­to de Estado norte-americano tinha anunciado uma outra reunião, em Londres, entre Kerry e os seus parceiros europeus para esta semana.

Kerry vai assistir às duas reuniões, para discutir “um enfoque multilater­al para resolver a crise na Síria, que inclua uma cessação da violência e a retomada da ajuda humanitári­a”, afirmou o porta-voz do Departamen­to de Estado norteameri­cano, John Kirby.

O Presidente francês, François Hollande, e a Chanceler alemã, Angela Merkel, por sua vez, pediram ao Presidente russo, Vladimir Putin, que se comprometa com um cessarfogo na Síria.

Numa conversa por telefone, os dois líderes insistiram em recordar sobre a urgência de um cessar-fogo e do envio de ajuda humanitári­a.

“Histeria em torno da Rússia”

O Presidente Vladimir Putin acusou, quarta-feira, a França de tentar “inflamar a situação” na Síria ao forçar a Rússia a vetar uma resolução da ONU sobre o fim dos bombardeam­entos no país.

“Os franceses apresentar­am uma resolução, mesmo sabendo que não seria adoptada para obter um veto, inflamar a situação e atiçar a histeria em torno da Rússia”, declarou Putin durante um discurso num fórum económico em Moscovo.

“Nós é que teríamos que ficar ofendidos, não os nossos parceiros por esta situação. Isto chama-se influencia­r ou chantagem. Mas, com a Rússia, não terá resultado”, afirmou Putin, que, no entanto, preferiu abrandar o tema ao reiterar mais uma vez a sua relação de amizade com a França e com Hollande.

O veto da Rússia deixou as relações entre Paris e Moscovo tensas, tanto que, na terça-feira, o Kremlin anunciou que o Presidente Vladimir Putin tinha cancelado uma visita a Paris prevista com antecedênc­ia.

O Ministério da Defesa russo denunciou também, na quarta-feira, a “histeria russófoba” do chefe da diplomacia britânico, Boris Johnson, que pediu que fossem realizadas manifestaç­ões diante da Embaixada da Rússia em Londres, para protestar contra os bombardeam­entos na Síria.

“Há tempos, não se pode levar a sério a histeria russófoba alimentada regularmen­te por alguns membros do establishm­ent britânico”, declarou o porta-voz militar russo Igor Konashenko­v, num comunicado. A tentativa de Boris Johnson de “acusar a Rússia de todos os pecados não passa de uma tempestade em copo d'água”, assegurou, pedindo ao chefe da diplomacia britânico que apresente provas do envolvimen­to de Moscovo nos crimes de guerra na Síria, atribuídos à Rússia pelos países ocidentais.

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REUTERS John Kerry e Serguei Lavrov voltam a falar de paz para a Síria apesar das diferenças de opinião

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