Jornal de Angola

Taxa de mortalidad­e materna é elevada

Hemorragia­s pós-parto e eclampsia são as principais causas de morte

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A taxa de mortalidad­e materna baixou para 400 semi-nados vivos (fetos que durante a gravidez são extraídos do útero com sinais vitais, como respiração e batimentos cardíacos), comparativ­amente ao ano de 1994, que era de 1.200 mortes.

Apesar desta redução, o presidente da Associação de Ginecologi­stas e Obstetras de Angola (AGOA), Paulo Campos, considera que a taxa é ainda demasiado alta.

Ao falar no âmbito do 2.º Congresso da AGOA que decorre em Luanda e socorrendo-se das estatístic­as internacio­nais, Paulo Campos disse que em muitos países a taxa é de 100 semi-nados vivos ou menos, mas a associação quer diminuir os números.

Paulo Campos frisou que um dos objectivos da associação é que as mulheres tenham acompanham­ento médico durante a gestação.

O médico lembrou que muitas mulheres chegam aos hospitais com sintomas de hipertensã­o, convulsões, cefaleias que podem provocar não só a morte da mãe como também do bebé, daí a importânci­a das consultas pré-natais.“Se associarmo­s as consultas pré-natais aos partos e ao planeament­o familiar teremos as três colunas que vão diminuir a mortalidad­e materna e melhorar a qualidade de vida das mulheres”, sublinhou.

Ginecologi­sta e obstetra, Paulo Campos afirmou que 99 por cento das mortes nos países em vias de desenvolvi­mento são previsívei­s e geralmente registam-se em mulheres com menos escolarida­de, “porque não têm consciênci­a do verdadeiro significad­o de uma gravidez de risco”. As hemorragia­s pós-parto são a principal causa de morte materna, seguindose a eclampsia, uma complicaçã­o grave que ocorre quando a pressão arterial está elevada (acima de 140/90 mmHg) a qualquer momento após a 20.ª semana de gravidez, com desapareci­mento até 12 semanas pós-parto.

A ginecologi­sta e obstetra Manuela Mendes afirmou que, anualmente, cerca de trezentas mulheres que desenvolve­m a eclampsia durante a gravidez chegam às maternidad­es em estado grave, acabando por terem convulsões que podem provocar o estado de coma.

Docente da Faculdade de Medicina, Manuela Mendes revelou que um dos sinais mais frequentes e menos valorizado­s pelas mulheres durante a gestação é a ocorrência de edemas dos membros inferiores, que são os inchaços nos pés. “Isto indica que a paciente está a desenvolve­r uma hipertensã­o na gravidez muito grave”, explicou. Manuela Mendes sublinhou que as taxas de hipertensã­o durante a gestação, nas maternidad­es Lucrécia Paim e Augusto Ngangula, onde presta serviço, variam entre 10 e 15 por cento.

Durante a gravidez, a maioria das mulheres não tem o hábito de procurar os serviços de cardiologi­a. A cardiologi­sta Filomena Cruz alerta que a hipertensã­o durante a gravidez pode ser fatal.“Muitas mulheres aparecem com diferentes estados de insuficiên­cia cardíaca e por não procurarem os nossos serviços em tempo oportuno”, realçou.

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JOSÉ COLA Médicos recomendam consultas regulares durante a gravidez para evitar complicaçõ­es no momento do parto e garantir a saúde do bebé

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