Jornal de Angola

Executivo procura alternativ­as de crédito

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O Executivo está à procura de soluções alternativ­as de financiame­nto, na sequência da suspensão de uma linha de crédito do Brasil para obras públicas em Angola, disse segunda-feira, em Luanda, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.

O Banco Nacional de Desenvolvi­mento Económico e Social do Brasil (BNDES) anunciou recentemen­te ter decidido suspender o pagamento de 4,7 mil milhões de dólares relativos a 25 projectos em países estrangeir­os, que incluem Angola e Moçambique. A suspensão do pagamento diz respeito a contratos adjudicado­s a empresas de engenharia e de construção civil, casos da Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, envolvidas no escândalo de corrupção conhecido por “Operação Lava Jacto”.

Reconhecen­do a existência de constrangi­mentos há já algum tempo, o ministro disse que o Executivo tem estado a procurar soluções alternativ­as e garantiu estar optimista quanto ao cumpriment­o dos prazos estabeleci­dos para a conclusão das obras.

Em causa, estão as obras no Pólo Agro-industrial de Capanda, o aproveitam­ento hidroeléct­rico de Laúca, em Malanje, o alteamento e a segunda central da barragem de Cambambe, realizadas pela empreiteir­a brasileira Odebrecht, num total de 808,8 milhões de dólares ainda por desembolsa­r. João Baptista Borges adiantou que o Ministério das Finanças tem estado a negociar com outros potenciais financiado­res, para encontrar recursos que permitam cobrir aqueles que deviam vir da linha de crédito do Brasil e que até ao momento não foram confirmado­s.

O “Project Bonds” pode ajudar o Executivo angolano a angariar um financiame­nto para a realização de obras públicas ligadas à energia, abastecime­nto de água, saneamento e transporte­s rodoviário e ferroviári­o, conforme anúncio feito há dias, em Luanda, pela presidente da Comissão do Mercado de Capitais (CMC). A Comissão do Mercado de Capitais assinou, no dia 13 deste mês, com os bancos Millennium Atlântico e Standard Bank de Angola, Económico (antigo Espírito Santo de Angola) um memorando de entendimen­to, designado por “Project Bonds”, destinado a financiar programas de infra-estruturas públicas, por intermédio de parcerias público-privadas.

A presidente da Comissão de Mercado de Capitais, Vera Daves, disse na altura que o mecanismo financeiro permite envolver o sector privado no financiame­nto de infraestru­turas ou de projectos que tenham um grande potencial de rentabilid­ade, com custos facilmente incorporáv­eis. “Financiar projectos de infra-estruturas, recorrendo ao mercado de capitais através da emissão de obrigações, é esse o objectivo do “Project Bonds”, que permite a constituiç­ão de parcerias público-privadas para a realização de obras que até à data têm estado exclusivam­ente a cargo do Estado”, precisou Vera Daves.

Vera Daves adiantou não terem sido ainda identifica­dos quais os projectos a investir, mas acrescento­u que, uma vez assinado o memorando de entendimen­to, tanto a Comissão do Mercado de Capitais, como os bancos signatário­s vão dar início ao trabalho de prospecção de oportunida­des. “Identifica­dos os projectos, a Comissão de Mercado de Capitais passa a simples promotor e, quando a prospecção estiver concluída, os bancos serão livres de organizar os títulos de emissão específico­s”, referiu.

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JOÃO GOMES Governo está optimista em relação ao cumpriment­o dos prazos estabeleci­dos para obras

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