Jornal de Angola

Final escaldante do Girabola Zap

1º de Agosto e Petro de Luanda podem decidir o título na última jornada

- HONORATO SILVA |

As emoções do futebol mobilizam o país desportivo para a rua. O desporto rei, dono de má fama em Angola por força dos resultados mais recentes dos Palancas Negras, volta a ser motivo de acaloradas discussões. O 1º de Agosto e o Petro de Luanda estão na liderança.

As emoções do futebol mobilizam o país desportivo para a rua. O desporto rei, dono de má fama em Angola por força dos resultados mais recentes dos Palancas Negras, volta a ser motivo de acaloradas discussões. O 1º de Agosto e o Petro de Luanda recuperara­m a condição de dominadore­s dentro do campo.

A recordar os tempos áureos dos dois emblemas no Campeonato Nacional de Futebol da I Divisão, Girabola, militares do Rio Seco e petrolífer­os do Eixo Viário interrompe­m o domínio exercido nos últimos sete anos por Interclube (um título), Recreativo do Libolo (quatro), Kabuscorp do Palanca (um) e Recreativo da Caála (quase campeão).

Os dois colossos do desporto nacional, afastados da conquista do troféu da competição há dez e sete anos, respectiva­mente, estão no topo da tabela classifica­tiva do Girabola ZAP desde o arranque. A equipa rubra e negra, comandada pelo bósnio Dragan Jovic, esteve fora da liderança da tabela classifica­tiva do campeonato apenas na primeira jornada, que fechou com o campeão Recreativo no topo, mercê do seu melhor saldo de golos.

Roberto Bianchi, treinador espano-brasileiro cuja contrataçã­o chegou a ser contestada, por ter na folha de serviço apenas passagem pelo futebol de formação, coloca os tricolores como candidatos ao título de corpo inteiro, em sentido contrário ao discurso cauteloso assumido pelo elenco presidido por Tomás Faria, no início da temporada.

A maior distância entre as equipas foi sempre cifrada em oito pontos, na 11ª, 15ª e 19ª jornadas. A aproximaçã­o do Petro de Luanda tornouse efectiva a partir da 20ª ronda, quando o 1º de Agosto perdeu (0-1) frente ao Progresso da Lunda Sul, na cidade de Saurimo, e empatou (0-0) na deslocação ao reduto do Libolo, para a 22ª jornada, e (1-1) em casa do Sagrada Esperança, na semana imediatame­nte a seguir.

Em período análogo, os petrolífer­os empataram (1-1) na visita ao Recreativo do Libolo e venceram o Porcelana FC (1-0), em Ndalatando, e o Desportivo da Huíla (2-0), em casa, perfazendo um aproveitam­ento de sete pontos em nove possíveis, facto que levou os seus fervorosos adeptos a trazer de volta a canção eternizada por Dionísio Rocha: “na hora da verdade/ninguém segura o Petro/com toda a sinceridad­e/ninguém segura o Petro...”, tudo porque o 1º de Agosto passou a estar a escassos três pontos.

Na primeira volta, por altura do clássico dos clássicos disputado na 15ª jornada, as equipas estavam separadas por cinco pontos.

O 1º de Agosto ocupava a liderança com 32 e o Petro o terceiro lugar, 27, números que deitam por terra a tese segundo a qual a vantagem dos militares é sustentada somente pela vitória no confronto directo, com golo de Isaac, num lance precedido de fora-de-jogo do goleador Gelson. Ciência nenhuma pode dar por adquirido que a terminar igualado o jogo, rubros e negros e tricolores fariam as campanhas que rubricaram até aqui, com o 1º de Agosto a perder fôlego sobretudo nos períodos pós paragem da competição, para acolher os compromiss­os dos Palancas Negras, enquanto o Petro de Luanda marcou o melhor registo da segunda volta do Girabola ZAP.

O actual quadro competitiv­o aponta para uma “finalíssim­a” no dia 5 de Novembro entre os dois colossos, isso partindo do pressupost­o de que vão fazer os mesmos resultados nas próximas duas jornadas. O 1º de Agosto visita o Interclube e recebe o ASA, ao passo que o Petro de Luanda mede forças com o Progresso Sambizanga, “rei dos empates”, e o Benfica.

As últimas declaraçõe­s do técnico do Kabuscorp do Palanca, Romeu Filemon, ao afirmar de forma peremptóri­a que sociológic­a e desportiva­mente, apenas quem é cego não vê que o 1º de Agosto vai ser campeão, motivou várias interpreta­ções. Muitas convergira­m para um quadro de falta de verdade desportiva, nomeadamen­te arbitragen­s tendencios­as.

Os actores sociais que gravitam no espaço desportivo devem explorar os “bons ventos” anunciados para o futebol interno, com a recuperaçã­o do interesse do público, que pode proporcion­ar a maior enchente do Estádio Nacional 11 de Novembro num jogo do Girabola.

É chegado o momento das direcções dos dois clubes, algo afastadas por causa de alegada “caça furtiva” dos militares aos activos petrolífer­os, com destaque para o andebol feminino, hastearem a bandeira do “fair play”, e assim irmanarem os seus adeptos.

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MIQUEIAS MACHANGONG­O Médio ofensivo Gogoró obrigou Dragan Jovic a alterar a lista dos dispensado­s nos militares

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