Congoleses elogiam papel desempenhado por Angola
Ministro das Relações Exteriores esteve em Kinshasa para testemunhar o acto
Angola, em particular o seu Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, foram cruciais para a estabilidade política que, doravante, a República Democrática do Congo vai viver, em consequência da assinatura, na terça-feira, de um memorando de entendimento entre o Governo, a oposição e a sociedade civil congolesa.
O desempenho de Angola foi destacado, terça-feira, pelo ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, que testemunhou o acto de assinatura do acordo, em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC).
Em declarações à imprensa, no aeroporto 4 de Fevereiro, momentos depois de ter regressado de Kinshasa, o chefe da diplomacia angolana salientou que as autoridades e o povo congolês reconhecem e enaltecem os esforços que Angola tem estado a levar a cabo para a paz na Região dos Grandes Lagos, particularmente na RDC.
“Eles (congoleses) agora só têm que se preparar para as eleições de 2018. Eu acho que o papel de Angola, particularmente do Presidente da República, foi enaltecido e reconhecido, sobretudo os esforços que Angola tem estado a levar a cabo para a paz na região e, particularmente na RDC. E acho que isto também é importante para a nossa vizinhança”, sublinhou.
O acordo alcançado na RDC vai permitir a criação de um novo Governo de Unidade Nacional, a ser dirigido por um primeiro-ministro da oposição, com vista a uma governação consensual. O referido acordo, segundo Georges Chikoti, também estabelece como deverá decorrer o processo de registo eleitoral, até à conclusão das eleições gerais, nomeadamente as presidenciais, legislativas e provinciais, inicialmente marcadas para Abril de 2018, para pôr fim ao governo de transição.
Segundo Georges Chikoti, todos reconhecem o grande empenho de Angola para a garantia da assinatura deste acordo, tendo sublinhado que, para o Executivo angolano, se trata de um bom acordo, porque vai evitar conflitos, não obstante a indiferença de alguns partidos da oposição que abnegaram do diálogo “O papel de Angola foi bom e agora vamos só esperar que os congoleses possam então implementar este acordo que nos parece ser um bom ponto de partida. E acho que isto também é importante para a nossa vizinhança e a Região dos Grandes Lagos, que no dia 26 se reúne em Luanda, para analisar a crise na RDC e em alguns Estados membros”, disse. Mas o importante neste acordo político para a organização de eleições justas, credíveis e transparentes, sublinhou o ministro, é que o mesmo está aberto para que aqueles que não o ratificaram o possam fazer mais tarde, caso entendam. No diálogo que levou ao acordo, não participou o “Ressamblement”, que é uma parte do UDPS, o partido de Etiene Tshissekedi. Mas a outra parte, a do secretário-geral, participou. Quem também não fez parte do diálogo, por ainda se encontrar ausente do país, é Moise Katumbi. Seja como for, Angola considera que foi alcançado um bom acordo.
Angola foi convidada a testemunhar a assinatura do acordo na qualidade de presidente da CIRGL e de vice-presidente do Órgão para a Política, Defesa, Cooperação e Segurança da SADC.
A propósito da cimeira da Conferência Internacional sobre a Conferência dos Grandes Lagos (CIRGL), que se realiza na próxima semana, em Luanda, Georges Chikoti informou que muitos dos envolvidos no acordo rubricado na terça-feira e outras entidades do continente manifestaram o desejo de participar da mesma.
O chefe da diplomacia angolana também não descarta a hipótese de que outras entidades estejam presentes, nomeadamente o Presidente da Tanzânia, que dirige o processo de negociação no Burundi e os secretários-gerais da Francofonia e da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), que participaram no alcance do acordo.
A cimeira é uma promoção conjunta da CIRGL, Nações Unidas e União Africana e surge da necessidade de debater-se os últimos acontecimentos na República Democrática do Congo. No encontro, deverá, igualmente, ser discutida a situação no Burundi, Sudão do Sul e na República Centro Africana (RCA), que continua a preocupar a região e o continente africano em geral.
Entretanto, a cimeira de Luanda será antecedida de um encontro de peritos dessas organizações, na próxima segunda-feira, além de uma outra reunião do Órgão para Política, Defesa, Cooperação e Segurança, a realizar-se ainda esta semana, na RDC.