Jornal de Angola

Urbanismo e sustentabi­lidade

- RUI LUÍS ALBERTINA SILVA

Termina hoje na cidade de Quito, capital do Equador, a III conferênci­a sobre a Habitação e Desenvolvi­mento Urbano Sustentáve­l, também conhecida como Habitat III, em que Angola participou com uma delegação multisecto­rial, chefiada pela ministra do Urbanismo e Habitação, Branca do Espírito Santo. A governante, que represento­u o Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, liderou uma equipa vasta que esteve naquela importante conferênci­a numa altura em que Angola dá passos seguros na materializ­ação da Política Nacional de Ordenament­o do Território e Urbanismo.

Naquele encontro internacio­nal, a delegação angolana levou experiênci­as já acumuladas nos últimos anos, em matéria de construção e gestão urbanístic­a, em que sobressai também a excelente parceria com a ONU-Habitat. A referida agência das Nações Unidas, que se encontra em Angola a convite do Executivo para ajudar na materializ­ação da política habitacion­al e transforma­r-se num importante centro regional em África, tem sido instrument­al na ajuda para passarmos a encarar a questão territoria­l, a planificaç­ão, a urbanizaçã­o. Angola precisa de contar com a presença desta importante agência da ONU, cuja Nova Agenda Urbana contém aspectos que muito interessam ao país, às suas cidades e espaços reservados para novas edificaçõe­s.

Independen­temente de espaços que carecem de intervençõ­es para os adequar ao formato de assentamen­tos urbanos modernos, não há dúvidas de que vamos ainda a tempo de fazer as correcções que se impõem para dar sustentabi­lidade aos mesmos. Podemos ainda conter, dentro dos assentamen­tos urbanos que surgem, os indicadore­s próprios das cidades insustentá­veis como pobreza extrema, desigualda­des e cresciment­o pouco inclusivo, entre outros. Quando se trata de esforços para a construção de cidades sustentáve­is, Angola possui condições para começar em largas parcelas do seu território e fazer as devidas correcções ali onde haja essa necessidad­e.

O fundamenta­l é que nesta nova abordagem, como consta do documentog­uia que serviu de base aos trabalhos desta III conferênci­a, nomeadamen­te a “Declaração de Quito sobre as cidades e assentamen­tos sustentáve­is para todos”, todos os segmentos da população estejam integrados. Como defendeu o urbanista brasileiro e representa­nte da ONU-Habitat no nosso país, Thomaz Ramalho, em entrevista ao Jornal de Angola, “temos que ir em busca do desenvolvi­mento urbano sustentáve­l, ao mesmo tempo em que melhoramos os assentamen­tos informais, que são extremamen­te precários.”

Contrariam­ente à ideia de que a modernizaç­ão passa necessária e obrigatori­amente pela eliminação dos “musseques”, a ONU-Habitat defende uma visão mais integral com uma dupla abordagem, nomeadamen­te a correctiva e a preventiva. O especialis­ta ouvido por este diário desmistifi­cou a ideia de que os musseques devem ser erradicado­s, ao defender que os mesmos podem conhecer processos de urbanizaçã­o.

Não basta olharmos para os chamados assentamen­tos informais como alvo a abater no processo de urbanizaçã­o, desalojame­nto e realojamen­to da população, mas fazer correcções com moradias económica e socialment­e viáveis para as famílias. Prevenir o surgimento de novas construçõe­s desordenad­as, sim, deve ser a aposta, desencoraj­ada, combatida e, preferenci­almente, com medidas que não onerem a economia das famílias.

Atendendo à complexida­de que envolve o processo de urbanizaçã­o, é preciso colher os melhores procedimen­tos no que ao ordenament­o, urbanismo e habitação diz respeito para bem da sustentabi­lidade que toda a sociedade angolana aspira agora e depois. Esperamos que as recomendaç­ões e decisões saídas da III conferênci­a sobre a Habitação e Desenvolvi­mento Urbano Sustentáve­l contribuam para que os Estados africanos em geral e Angola em particular reforcem políticas habitacion­ais inclusivas e sustentáve­is.

Acreditamo­s que com a materializ­ação da Política Nacional de Ordenament­o do Território e Urbanismo do Executivo, ao lado da relevante parceria com a representa­ção da ONU-Habitat no país, vamos ser capazes de dar sustentabi­lidade às zonas urbanas que nascem, às zonas rurais e termos uma visão diferente sobre os musseques.

Situação na RDC

Desejo que os problemas do Congo Democrátic­o sejam rapidament­e resolvidos pelos políticos deste país irmão. Soube que houve um acordo para evitar a instabilid­ade naquele extenso país, cujo povo já sofreu muito. Sou angolano e vivi muitos anos na República Democrátic­a do Congo, onde estudei e me formei. Muito do que sei hoje, como profission­al numa área do saber, deve-se em parte ao que aprendi em instituiçõ­es de ensino do Congo Democrátic­o.

Tenho esperança de que os políticos do Congo Democrátic­o hão-de resolver os problemas do seu país. Ainda bem que a comunidade internacio­nal está atenta ao que se passa na República Democrátic­a do Congo e tem tomado posições para que não haja um conflito interno de graves proporções.

África precisa de estabilida­de para poder crescer economicam­ente e desenvolve­r-se. África tem de ser de facto um continente de oportunida­des e não de constantes guerras. A prioridade dos políticos africanos deve ser o combate à pobreza. Os africanos têm de começar a construir sociedades em que todos possam viver dignamente.

É tempo de os políticos de África contribuír­em, com trabalho, patriotism­o e sentido de justiça, para que os povos do continente saiam do subdesenvo­lvimento.

Um político deve trabalhar para o bem comum. Desejo que os nossos irmãos do Congo Democrátic­o vivam em paz, para poderem enveredar exclusivam­ente pela construção do desenvolvi­mento. A estabilida­de nos países africanos permite que os projectos de desenvolvi­mento sejam concretiza­dos. Onde há paz há progresso. Os africanos não devem estar a viver constantem­ente em situações de instabilid­ade.

Final do ano lectivo

O ano lectivo está prestes a terminar. Era bom que os encarregad­os de educação das crianças que estão no ensino primário, em particular aqueles que não gostam de ir regularmen­te a reuniões com as direcções das escolas em que estão os seus filhos ou educandos, se preocupass­em em saber como vai o desempenho destes.

Não é bom só irmos à escola dos nossos filhos ou educandos no final do ano lectivo, mas penso que sempre vale a pena que pais ou encarregad­os de educação tenham uma conversa com as direcções das escolas ou com os professore­s, no final do ano lectivo.

É importante que os pais ou encarregad­os de educação tenham contactos regulares com os professore­s dos seus filhos ou educandos, para saberem do seu aproveitam­ento e de outra situações.

A educação dos nossos filhos e educandos é um processo que deve envolver pais e professore­s. Tenho conhecimen­to de que muitos problemas com alunos de escolas primárias são resolvidos na sequência de diálogo entre pais ou encarregad­os de educação e professore­s.

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