CARTAS DO LEITOR
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Escrevo por preocupações ligadas aos efeitos que a actual crise económica e financeira está a levar a numerosas famílias. Segundo o director dos Serviços de Psicologia do Hospital Américo Boavida, João Tati, pelo menos, 19 pessoas foram parar àquela unidade hospital, porque tentaram suicidar-se.
A crise lidera a lista de causas, fruto do endividamento, promessas de emprego, desemprego e privações materiais a todos os níveis, entre outras causas.
Acho que as famílias devem estar de sobreaviso para melhor acompanhamento dos seus entes queridos, numa altura em que todos precisamos de aprender um pouco mais com a actual crise.
Afinal, não podemos partir do princípio de que cada um de nós está em más condições, na medida em que é possível encontrar pessoas em situação ainda pior. Por isso, o diálogo inter-familiar é fundamental para que muitas brechas e arestas sejam limadas.
Queda de helicóptero
Escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para abordar uma situação com contornos técnicos, sobre os quais não é pecado ter uma opinião. A queda do helicóptero no bairro do Palanca levanta a questão da circulação de “máquinas voadoras” em espaços densamente povoados. Não sei o que diz o regulamento da IATA, muito menos a legislação angolana em matéria de aeronáutica, mas julgo que não é recomendável que helicópteros e outras aeronaves circulem em áreas povoadas sob pena de qualquer avaria técnica levar ao seu despenhamento.
Por outro lado, está na hora de as autoridades que superintendem o sector da aviação apertarem o cerco para a inspecção das aeronaves que se fazem ao espaço aéreo nacional, para que tenham as revisões em dia.
Espero que o trabalho técnico, que se está a fazer, para apurar as causas, seja capaz de apresentar em tempo útil resultados que atestem as razões da queda do referido aparelho. Acredito os peritos trabalham arduamente e que nos próximos tempos serão capazes de apresentar os resultados da investigação para bem de todos nós.
Tomada de medidas
Sou estudante de medicina e acompanho com interesse informações sobre saúde e bem-estar das populações. Recentemente, circulou pelo país informações sobre a existência no mercado angolano de combustível em condições inapropriadas. Na verdade, tratouse de um produto com elevado grau de toxicidade. Embora estejam ainda por confirmar, as denúncias sobre a hipotética circulação no mercado de combustível tóxico, a reacção do ministro do Comércio sobre a tomada de medidas de averiguação já é muito positiva.
Sempre pensei que as autoridades poderiam simplesmente ignorar o trabalho da organização não governamental suíça, Public Eye, segundo a qual um consórcio europeu vende derivados de petróleo denominado “padrão africano”, numa alusão à suposta má qualidade dos referidos produtos. Segundo a mesma pesquisa, trata-se de oito países africanos, incluindo Angola, em que ao longo de três anos, foi analisado combustível com um percentual elevado de concentração de enxofre.
Relativamente a Angola, o titular da pasta do Comércio afirmou que, até à presente data, não há, exactamente, confirmação da existência desse produto. Mas, caso seja verdade, as autoridades competentes tomarão as devidas medidas para o tirar de circulação.
“Tão logo essas denúncias sejam confirmadas, tomar-se-ão as medidas competentes para repor a normalidade do mercado”, afirmou o governante.
Termino, felicitando as autoridades angolanas. Mas, em todo o caso, devem fazer muito mais para que as medidas reactivas tenham capacidade efectiva para impedir que tais produtos, uma vez comprovado o grau de perigosidade, entrem no país.