Rússia acusa Ocidente de ajudar os terroristas
A Rússia acusou, ontem, o Ocidente de “distorcer a realidade” do que ocorre na Síria, especialmente, na cidade de Alepo e disse que o mesmo é culpado pelo financiamento terrorista ao invés de evitar que os jihadistas que fogem do Iraque entrem em território sírio.
“Ao invés de estarmos concentrados em evitar que milhares de militantes do Estado Islâmico saiam de Mossul e entrem na Síria, organizam uma sessão como esta”, afirmou Alexey Borodavkin, embaixador da Rússia perante a ONU em Genebra, durante o Conselho de Direitos Humanos da ONU.
O órgão realizou, ontem, uma sessão especial sobre o cerco militar à cidade de Alepo, alvo de uma ofensiva militar por parte das forças governamentais sírias com o apoio da aviação russa no bombardeamento da parte leste da cidade, controlada por forças da oposição e militantes extremistas.
Borodavkin referiu-se à “pausa humanitária” anunciada pelas autoridades russas que, disse, “tem por objectivo separar a população civil dos terroristas” e deixar entrar os comboios humanitários da ONU.
“Ao invés de ajudar a lutar contra os terroristas, o Ocidente realiza uma guerra de informação para justificar o apoio aos jihadistas e distorcer a realidade”, afirmou o embaixador. As autoridades russas propuseram à ONU prolongar até hoje a suspensão temporária dos bombardeamentos contra a zona leste de Alepo, inicialmente, prevista para vigorar apenas ontem, entre as 8h00 e as 19h00 locais.
“A Rússia disse à ONU que vai instaurar uma pausa de 11 horas por dia durante três dias, a partir de quinta-feira”, afirmou o porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da Organização das Nações Unidas (OCHA), Jens Larke, numa mensagem de correio electrónico, enviada à agência France-Presse.
Um prolongamento da trégua por três dias já tinha sido evocado, na quarta-feira à noite, pelas autoridades sírias, embora por apenas oito horas diárias.
As Nações Unidas anunciaram, também, que vão começar as evacuações médicas de emergência, que não foram possíveis antes sem “todas as autorizações” necessárias: da Rússia, do Governo da Síria e dos grupos rebeldes.
Segundo Jan Egeland, coordenador humanitário da ONU para a Síria, mais de 200 pessoas, entre feridos em combate e doentes graves, precisam de ser retiradas com urgência do leste de Alepo.
A retirada de doentes é feita por pessoal da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e o paciente pode ser acompanhado pela família.