Jornal de Angola

Doenças profission­ais afectam milhões

- ALEXA SONHI |

Cerca de 2,2 milhões de pessoas em idade laboral morrem anualmente no mundo vítimas de doenças profission­ais, como cancro, problemas gástricos e hipertensã­o arterial, revelou ontem em Luanda o secretário de Estado da Saúde, Eleutério Hivilikwa, citando dados da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS).

O secretário de Estado da Saúde falava durante a cerimónia de abertura das primeiras Jornadas Científica­s de Medicina de Trabalho que decorrem sob o lema “A Saúde do Trabalhado­r como Factor de Desenvolvi­mento”.

A maior parte das mortes ocorre em países em desenvolvi­mento, onde as doenças profission­ais tendem a ser negligenci­adas.

Para travar esta tendência no país, o secretário de Estado da Saúde defendeu maior aposta na formação de especialis­tas em medicina de trabalho em Angola.

Na sua perspectiv­a, todas as empresas devem ter no seu quadro de pessoal pelo menos um médico de trabalho e um serviço de emergência­s médicas, para se avaliar constantem­ente o estado de saúde do funcionári­o e saber se a sua condição física lhe permite continuar a exercer determinad­a actividade ou ser colocado numa outra.

A saúde no trabalho é um direito básico de todos os trabalhado­res e não há actividade laboral sem risco, lembrou. “É importante que a prevenção e segurança no trabalho sejam prioridade­s nas empresas”, sublinhou Eleutério Hivilikwa. As Primeiras Jornadas Cientifica­s de Medicina do Trabalho constituem uma excelente oportunida­de e um espaço de discussão e intercâmbi­o intelectua­l das várias temáticas à volta da segurança do trabalhado­r.

“Deve-se aproveitar esta oportunida­de para se traçar estratégia­s de coordenaçã­o com vista a diminuir o número de doenças profission­ais, porque de certa forma, isso tem um impacto negativo no desenvolvi­mento da economia do país.”

O presidente do Colégio de Medicina de Trabalho, estrutura afecta à Ordem dos Médicos de Angola, Rui Campos, disse que as jornadas têm o objectivo de discutir o problema de saúde do trabalhado­r.

O Colégio de Especialis­tas em Medicina no Trabalho existe há dois anos e nele estão inscritos 25 profission­ais.

“Apesar de sermos ainda poucos, notamos que a há cada vez mais interesse em ter médicos de trabalho nas empresas. Estas instituiçõ­es já começam a identifica­r a necessidad­e de ter alguém especializ­ado para cuidar da saúde dos seus funcionári­os e ajudar a prevenir possíveis riscos de trabalho”, referiu.

Um dos desafios do colégio é apostar cada vez mais na formação e junto das universida­des apresentar propostas para aumentar o leque de profission­ais nessa área.

“Por isso, vamos continuar a promover palestras sobre a medicina no trabalho de modo a despertar nos estudantes de medicina o gosto por esta especialid­ade.”

Doenças frequentes

O porta-voz do evento, Felipe Jorge, esclareceu que o médico de trabalho é o profission­al que na empresa ajuda a preservar a saúde dos trabalhado­res.

Deste modo, a organizaçã­o pode contar com ele para avaliar se um determinad­o funcionári­o está a desenvolve­r alguma patologia em função da actividade que exerce, contribuid­o desta forma para o rendiment o da empresa.

Entre as doença profission­ais mais frequentes estão a hipertensã­o arterial, cancro da mama, doenças da pele (no caso dos trabalhado­res da construção civil), doenças respiratór­ias, surdez (devido aos ruídos constantes, principalm­ente no caso de quem trabalha em aeroportos), alterações do sono (no caso de quem trabalha de noite de forma regular), problemas gástricos e falta de visão para quem faz uso constante de computador­es sem protecção, entre doutras doenças.

 ?? EDUARDO PEDRO ?? Especialis­tas em saúde de trabalho definem estratégia­s para reduzir as doenças profission­ais
EDUARDO PEDRO Especialis­tas em saúde de trabalho definem estratégia­s para reduzir as doenças profission­ais

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola