Doenças profissionais afectam milhões
Cerca de 2,2 milhões de pessoas em idade laboral morrem anualmente no mundo vítimas de doenças profissionais, como cancro, problemas gástricos e hipertensão arterial, revelou ontem em Luanda o secretário de Estado da Saúde, Eleutério Hivilikwa, citando dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O secretário de Estado da Saúde falava durante a cerimónia de abertura das primeiras Jornadas Científicas de Medicina de Trabalho que decorrem sob o lema “A Saúde do Trabalhador como Factor de Desenvolvimento”.
A maior parte das mortes ocorre em países em desenvolvimento, onde as doenças profissionais tendem a ser negligenciadas.
Para travar esta tendência no país, o secretário de Estado da Saúde defendeu maior aposta na formação de especialistas em medicina de trabalho em Angola.
Na sua perspectiva, todas as empresas devem ter no seu quadro de pessoal pelo menos um médico de trabalho e um serviço de emergências médicas, para se avaliar constantemente o estado de saúde do funcionário e saber se a sua condição física lhe permite continuar a exercer determinada actividade ou ser colocado numa outra.
A saúde no trabalho é um direito básico de todos os trabalhadores e não há actividade laboral sem risco, lembrou. “É importante que a prevenção e segurança no trabalho sejam prioridades nas empresas”, sublinhou Eleutério Hivilikwa. As Primeiras Jornadas Cientificas de Medicina do Trabalho constituem uma excelente oportunidade e um espaço de discussão e intercâmbio intelectual das várias temáticas à volta da segurança do trabalhador.
“Deve-se aproveitar esta oportunidade para se traçar estratégias de coordenação com vista a diminuir o número de doenças profissionais, porque de certa forma, isso tem um impacto negativo no desenvolvimento da economia do país.”
O presidente do Colégio de Medicina de Trabalho, estrutura afecta à Ordem dos Médicos de Angola, Rui Campos, disse que as jornadas têm o objectivo de discutir o problema de saúde do trabalhador.
O Colégio de Especialistas em Medicina no Trabalho existe há dois anos e nele estão inscritos 25 profissionais.
“Apesar de sermos ainda poucos, notamos que a há cada vez mais interesse em ter médicos de trabalho nas empresas. Estas instituições já começam a identificar a necessidade de ter alguém especializado para cuidar da saúde dos seus funcionários e ajudar a prevenir possíveis riscos de trabalho”, referiu.
Um dos desafios do colégio é apostar cada vez mais na formação e junto das universidades apresentar propostas para aumentar o leque de profissionais nessa área.
“Por isso, vamos continuar a promover palestras sobre a medicina no trabalho de modo a despertar nos estudantes de medicina o gosto por esta especialidade.”
Doenças frequentes
O porta-voz do evento, Felipe Jorge, esclareceu que o médico de trabalho é o profissional que na empresa ajuda a preservar a saúde dos trabalhadores.
Deste modo, a organização pode contar com ele para avaliar se um determinado funcionário está a desenvolver alguma patologia em função da actividade que exerce, contribuido desta forma para o rendiment o da empresa.
Entre as doença profissionais mais frequentes estão a hipertensão arterial, cancro da mama, doenças da pele (no caso dos trabalhadores da construção civil), doenças respiratórias, surdez (devido aos ruídos constantes, principalmente no caso de quem trabalha em aeroportos), alterações do sono (no caso de quem trabalha de noite de forma regular), problemas gástricos e falta de visão para quem faz uso constante de computadores sem protecção, entre doutras doenças.