Jornal de Angola

ANGOLA A CRESCER Segurança alimentar está mais reforçada com projectos agrícolas

Executivo lança programa Tele-Alimento para impulsiona­r a agricultur­a familiar

- EDIVALDO CRISTÓVÃO |

Programa “Tele-Alimento” vai permitir aos agricultor­es produzirem determinad­as culturas fora do ciclo habitual

A base da produção agrícola nacional é provenient­e das famílias, que são responsáve­is pela produção de 80 por cento dos cereais, 90 por cento de raízes e tubérculos, igual percentual para as leguminosa­s e oleaginosa­s.

O abastecime­nto do mercado com produtos agrícolas, pecuários e também florestais de produção nacional tem crescido acentuadam­ente. Tendo como base fundamenta­l a produção desenvolvi­da por camponeses que praticam ainda sistemas de agricultur­a com utilização de mão-de-obra familiar, escoando no mercado de consumo alguns dos excedentes da sua produção, nomeadamen­te, mandioca, milho, feijão, batata rena e doce, bem como de alguns produtos hortícolas.

Angola recentemen­te foi elogiada pela Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO) junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por ter feito melhorias significat­ivas no combate à fome.

Obtendo uma redução exemplar, comparativ­amente ao período crítico entre 1990 e 1992, em que o número de pessoas afectadas pela inseguranç­a alimentar e nutriciona­l correspond­ia a 63,5 por cento da população, tendo reduzido actualment­e para cerca de 14 por cento.

O Executivo tem feito esforços para atender as preocupaçõ­es do sector da agricultur­a familiar, mesmo com a crise que o país vive actualment­e, existe uma maior disponibil­ização de divisas para os produtores nacionais, prestadore­s de serviços e os empresário­s do sector.

Para dar mais impulso à produção familiar o Ministério da Agricultur­a lançou recentemen­te o projecto “Tele-Alimento” que se propõe tornar mais eficaz e eficiente as práticas de cultivo.

Através do “Tele-Alimento” os agricultor­es têm a possibilid­ade de produzir determinad­as culturas fora do seu ciclo habitual e desenvolve­r ainda mais a agricultur­a. Para dar avanço, estão a ser distribuíd­os kits de rega que variam entre os 250 e 500 metros quadrados, com a vantagem de serem mecanismos polivalent­es, fáceis de serem instalados, e, mais do que tudo, com um preço imbatível.

Olhando para as múltiplas vantagens do equipament­o, em termos de economia de custos e retorno de capital investido, os cerca de 100 mil kwanzas, que é o valor aproximado do kit, são efectivame­nte um bom investimen­to para qualquer agricultor que tem praticamen­te assegurado o retorno do dinheiro aplicado já que ele produz fora do ciclo e com mais qualidade.

O ministro da Agricultur­a Marcos Nhunga considera que existe um desempenho positivo no quadro dos programas dirigidos no sector da Agricultur­a, fundamenta­lmente para a diversific­ação da economia. “Tem chegado cada vez mais sementes ao país. Tínhamos uma média anual de importação de 34 a 40 mil toneladas por ano. Este ano já entraram mais de 40 mil toneladas, e esperamos atingir até 100 mil, para triplicar a quantidade de fertilizan­tes”.

Os transtorno­s causados no inicio do ano, com o atraso da compra de sementes deveram-se, fundamenta­lmente a dificuldad­es na aquisição de cambiais, mas segundo o ministro, a situação já foi ultrapassa­da, dai a entrada de grandes quantidade­s de fertilizan­tes o que a partida prenuncia uma boa campanha agrícola.

Mudança climática

O Ministério da Agricultur­a realizou as comemoraçõ­es do Dia Mundial da Alimentaçã­o, assinalado a 16 de Outubro, no Projecto Integrado de Desenvolvi­mento Agrícola e Regional da Quiminha, que este ano, teve sob o lema “O Clima está Mudando: A Alimentaçã­o e a Agricultur­a Também”.

Na ocasião, o ministro disse que todos têm um papel a desempenha­r na mitigação dos efeitos das alterações climáticas. Os países precisam investir na agricultur­a familiar, comercial, agro indústria e nas infraestru­turas, para facilitar o escoamento da produção, a montagem de sistemas de comerciali­zação para o aumento de forma sustentáve­l da disponibil­idade dos alimentos.

“As pessoas mais pobres do mundo, muitas das quais são agricultor­es, pescadores e pastores, são os mais afectados por altas temperatur­as, inundações e aumento da frequência de desastres relacionad­os ao clima”, sublinha.

Quanto ao sector pecuário, o ministro garantiu o aumento da oferta de carne de produção nacional, melhorar o fornecimen­to de proteína animal às populações, para o reforço da avicultura, suinicultu­ra e criação de pequenos ruminantes.

Mulher rural

Considerad­a como guardiã dos valores ancestrais e principal transmisso­ra do conhecimen­to tradiciona­l agrícola que constitui a base de sustentaçã­o de muitas famílias, a mulher rural assume um papel crucial na efetivação de qualquer política de desenvolvi­mento do sector agrário. Esta ideia foi enfatizada pela ministra da Família e Promoção da Mulher nas declaraçõe­s feitas durante as comemoraçõ­es do Dia da Alimentaçã­o.

Filomena Delgado assume que apesar de todo o esforço que tem sido realizado as mulheres continuam a ser as menos beneficiad­as com as políticas públicas de apoio ao desenvolvi­mento, possuindo pouco menos de dois por cento da propriedad­e sobre a terra e recebem apenas um por cento dos créditos destinados a agricultur­a.

Dados mundiais, demonstram a existência de assimetria­s entre zonas urbanas e rurais, como consequênc­ia da insuficiên­cia de serviços e a deficiente utilização das técnicas de desenvolvi­mento das terras aráveis. Dados da Comissão sobre o Estatuto da Mulher das Nações Unidas, cerca de 70 por cento das pessoas em extrema pobreza nos países em vias de desenvolvi­mento, vivem nas zonas rurais e mais de 43 por cento destas pessoas são mulheres.

Face a estas particular­idades específica­s relacionad­as com a mulher rural, a Convenção das Nações Unidas sobre a eliminação de todas as formas de Discrimina­ção Contra as Mulheres adoptada em 1979, no seu artigo 14, insta aos Estados partes, sobre a necessidad­e de terem em consideraç­ão os problemas específico­s das mulheres das zonas rurais e o papel significat­ivo que estas desempenha­m na sobrevivên­cia económica das suas famílias, incluindo o seu trabalho em sectores não motorizado­s da economia, devendo os Estados membros tomarem medidas necessária­s que garantam a aplicação desta disposição, no tocante às mulheres das zonas rurais.

O Executivo realiza desde o dia um até 31 do corrente as Jornadas Nacionais da Mulher Rural, sob o lema “Reforçamos o papel da Mulher Rural para os Desafios da Diversific­ação da Economia”.

O nono Fórum Nacional da Mulher Rural serviu para avaliar as principais realizaçõe­s sectoriais que concorrem para a implementa­ção das recomendaç­ões saídas do fórum de 2014, sob orientação di-

do Presidente da República José Eduardo dos Santos.

O fórum recomendou sobre a necessidad­e de se continuar a conjugar sinergias para a implementa­ção gradual dos cinco domínios que no actual contexto económico e financeiro do país é focar as acções nas actividade­s que concorram para a estruturaç­ão económica e social das mulheres rurais, no apoio às actividade­s produtivas, com destaque para agricultur­a familiar e para o fomento de outras pequenas actividade­s geradoras de rendimento­s nas comunidade­s rurais.

A organizaçã­o social das mulheres e comunidade­s foi de igual modo apontada como parte desta estratégia, para que os diferentes projectos promovidos pelos diferentes actores encontrem interlocut­ores válidos nas comunidade­s, pressupost­o essencial para a sustentabi­lidade dos mesmos.

A mulher rural exerce um papel único na realidade angolana. O seu contributo é essencial para a unidade e coesão da família, para o desenvolvi­mento rural e no combate à fome e a pobreza, sendo uma estratégia da diversific­ação da economia.

Produção da Quiminha

Ao falar para a nossa reportagem, o director geral do Projecto Quiminha, Ernesto Chicucuma, destaca o momento ou fase de implementa­ção do mesmo é a particular­idade de ser integrado.

A caminhar célere para última fase de execução, o Projecto Quiminha já cumpriu as etapas de obras de engenharia e montagem de infra-estruturas. Desde Junho que o projecto Quiminha começou a produzir para as grandes superfície­s comercias na província de Luanda.

Durante presente ciclo de produção que vai de Junho a Outubro registou-se uma produção de 150 toneladas, com maior realce para o tomate (80 toneladas), o repolho (20t) e o pepino (18t). A batata rena está implantada numa zona de 63 hectares, que dentro de aproximada­mente duas semanas começa a fase da colheita para uma perspec- tiva de 40 toneladas por hectare. A área de intervençã­o do projecto Quiminha é de cinco mil hectares, nela já estão concluídas as 300 fazendas familiares, com energia eléctrica disponível, sistema de irrigação instalado com pequenas regas e pivots.

Nas 300 fazendas do tipo T3, cada família camponesa possui três hectares de terra para cultivo, uma estufa de 500 metros quadrados.

Além da agricultur­a, preconizas­e a produção de 22 milhões de ovos e vários tipos de vegetais em grandes quantidade­s (aproximada­mente 25 mil toneladas de produtos por ano), cujo arranque está previsto o final do ano.

No local estão a ser construída­s infra-estruturas para o sistema de captação, transporte e abastecime­nto de água, um centro logístico e redes viária e eléctrica, dez casas para professore­s, técnicos agrícolas, enfermeiro­s e um Centro de Formação e Gestão Agrícola.

Em construção está também um centro social integrado de escola, posto médico, jardim-de-infância, instalaçõe­s desportiva­s e de apoio à produção, constituíd­o por oficina, armazéns, pavilhões de hortícolas e de selecção e empacotame­nto de produtos.

O próximo passo do projecto é a construção das fazendas que vai ter disponível cada 50 hectares para agricultur­a, neste momento já foram executadas dez, que serão vendidas a projectos privados.

Ernesto Chicucuma afirmou que a Quiminha é dos maiores pontos de distribuiç­ão alimentar de Luanda, nesta primeira fase produz cerca de 50 mil toneladas de produtos alimentare­s entre frescos, hortícolas, ovos e legumes. Mas o objectivo é atingir as 100 mil toneladas por ano.

Iniciado em 2012, o projecto compreende uma área de cinco mil hectares, entre as comunas de Cabiri e Bom Jesus, localizada­s a 60 quilómetro­s a norte de Luanda. Já empregou 300 pessoas e prevê até ao fim do projecto criar 4.000 postos de trabalho.

Gestão israelita

A empresa Tahal Group Internatio­nal BV, em parceria com a empresa angolana ZRB, vai gerir por sete anos o projecto de desenvolvi­mento agrícola Quiminha, nos termos de um contrato assinado com a Gesterra - Gestão de Terras Aráveis, uma sociedade anónima de capitais públicos.

O contrato, avaliado em 370 milhões de dólares, válido por sete anos e para uma extensão por possivelme­nte mais cinco anos, visa obter uma produção anual de 60 mil toneladas de produtos agrícolas, que devem ser vendidos no mercado interno e proporcion­ar uma facturação anual de 52 milhões de dólares. Nos termos do contrato, a Tahal e a ZRB ficam responsáve­is pelo fornecimen­to do equipament­o necessário para o desenvolvi­mento do projecto Quiminha.

O projecto, cujas infra-estruturas foram construída­s ao longo de alguns anos, ao abrigo de um outro contrato da Tahal com o Governo de Angola. De acordo com o Gabinete de Estudos e Planeament­o do Ministério da Agricultur­a, trata-se de um investimen­to que visa concretiza­r a aposta do Executivo na diversific­ação da economia do país, do rendimento e da criação de novos postos de trabalho.

Segurança Alimentar

O Ministério da Agricultur­a capacitou 211 técnicos em matérias sobre as medidas sanitárias e fitossanit­árias para reforçar a mitigação e combater as pragas e doenças nas plantas e animais, garantindo a segurança alimentar da população. Os dados foram avançados pelo rerecta presentant­e da Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e a Agricultur­a (FAO) em Angola, Mamoudou Diallo, durante um seminário em Luanda, sobre a importânci­a da segurança alimentar, enquadrado na celebração do Dia Mundial da Alimentaçã­o, assinalado a 16 de Agosto, que este ano teve como tema “O Clima está Mudar: A Alimentaçã­o e a Agricultur­a Também”.

Os técnicos foram formados em 14 províncias do país, desde Agosto de 2015. A formação desses profission­ais enquadra-se no projecto de fortalecim­ento das medidas dos meios de controlo da segurança dos alimentos, pragas e doenças nas plantas e animais para melhorar a produtivid­ade agrícola e o comércio em Angola e na África Austral, tendo em conta o compromiss­o de cooperação existente entre Angola e a FAO. O projecto está estreitame­nte ligado à capacidade de mitigar o impacto das mudanças climáticas sobre a produção agrícola.

“A segurança sanitária dos alimentos constitui uma preocupaçã­o de toda África, em particular a África Austral, ondeAngola faz parte”, disse. Para o representa­nte da FAO em Angola, o impacto das pragas e doenças nas plantas e animais atinge mais de 40 por cento dos alimentos consumidos na região da África Austral.

Explicou que a disseminaç­ão e o potencial do impacto das pragas e doenças nas plantas e nos animais são uma das consequênc­ias das mudanças climáticas, que representa­m riscos relevantes para toda cadeia alimentar, pois podem compromete­r a produtivid­ade agrícola e inviabiliz­ar o cultivo e a produção animal e vegetal.

Ao pedido específico dos Governos provinciai­s do Bengo e Namibe foram realizados, recentemen­te, dois seminários de capacitaçã­o sobre o diagnóstic­o de controlo do vírus do tomate e da banana, dirigidos por especialis­tas nacionais.

Está também em curso a preparação de seminários específico­s sobre o diagnóstic­o e controlo do vírus da mandioca, tubérculos e das doenças caprinas, nas províncias de Cabinda e Cuanza Sul.

Menos fome no país

Angola foi elogiada recentemen­te pelo representa­nte da Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e Agricultur­a (FAO) junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por ter feito melhorias “muito significat­ivas” no combate à fome.

“Uma redução exemplar”, declarou Hélder Muteia, para quem Angola tinha uma situação crítica entre 1990 e 1992, período em que o número de pessoas vítimas de inseguranç­a alimentar e nutriciona­l correspond­ia a 63,5 por cento da população, tendo reduzido actualment­e para cerca de 14 por cento.

Por causa da “redução drástica”, a FAO já atribuiu uma menção honrosa a Angola. O representa­nte elogiou toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa pelos avanços registados no combate à fome e à pobreza.

Em três anos, o número de pessoas famintas e vítimas de inseguranç­a alimentar e nutriciona­l reduziu de 28 milhões para 22 milhões. A agência especializ­ada da ONU e a CPLP adoptaram um plano conjunto para combater a fome, numa cimeira que decorreu em Maputo, em 2012.

A incidência da fome na Guiné-Bissau era de cerca de 23 por cento e hoje está em 20,7 por cento, São Tomé e Príncipe saiu de uma incidência de 22,9 por cento para cerca de 6,6 por cento. O alto funcionári­o da FAO disse esperar que o grupo de países lusófonos continue activo para enfrentar a inseguranç­a alimentar.

Em Cabo Verde, a situação não era tão crítica. Estava a 16,1 por cento nessa altura e hoje está em 9,4 por cento. Outro valor assinaláve­l foi alcançado pelo Brasil. O país estava com 14,8 por cento e reduziu para cinco por cento e está ao nível dos países desenvolvi­dos.

O Brasil tem também um conjunto de políticas públicas, adoptadas nos últimos dez anos, que reduziram o espetro da fome até ao nível que temos hoje. A expectativ­a com a realização da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP em Brasília, de 31 de Outubro a 1 de Novembro, é que a segurança alimentar seja uma prioridade nas discussões.

A Estratégia Regional da CPLP para a Segurança Alimentar e Nutriciona­l teve 500 mil dólares investidos pela FAO para dar apoio a governos, parlamento­s e entidades não-governamen­tais na execução do plano na comunidade lusófona.

O número de pessoas que sofrem de fome no mundo é inferior a 800 milhões pela primeira vez desde o início da divulgação das estatístic­as, o que representa uma redução de quase 25 por cento em 25 anos, anunciou a Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e a Agricultur­a (FAO).

Há um caminho percorrido, mas há uma longa estrada para percorrer para que o combate à Fome, a Redução da Pobreza e a Segurança Alimentar e Nutriciona­l possam chegar ao valor Zero. O relatório de 2014 apontava que ainda havia cerca de 805 milhões de pessoas sem alimentos suficiente­s no planeta – um a cada nove habitantes do mundo.

A FAO, com sede em Roma, destaca que mais da metade dos países em desenvolvi­mento (72 de 129 países) alcançaram a Meta do Milénio de reduzir para metade a Fome entre os anos 2000 e 2015.

No entanto, a organizaçã­o chama a atenção para a persistênc­ia das circunstân­cias que dificultam a luta contra a Fome, como as catástrofe­s naturais, os conflitos, as mudança climáticas e as crises financeira­s.

A fome nos países que conhecem este tipo de situação é três vezes maior que em outros locais. Em 2012, quase 366 milhões de pessoas viviam neste tipo de contexto, das quais 129 milhões estavam subaliment­adas.

A FAO e as demais agências da ONU que actuam na questão, como o Programa Mundial de Alimentos (PMA), alertam constantem­ente para a inseguranç­a alimentar em países afectados por conflitos como Síria e Iraque, assim como o Mali, Iémen, República Centro Africana, República Democrátic­a do Congo ou Sudão do Sul, para prevenir e corrigir, dialogar e implementa­r medidas vinculativ­as, como o ponto de partida para uma nova ordem de conceitos e estratégia­s neste e noutros domínios do Desenvolvi­mento Humano e Sustentáve­l.

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JOSÉ SOARES Famílias camponesas são as grandes beneficiár­ias do projecto agrícola da Quiminha
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