Jornal de Angola

Agenda da Cimeira começa a ser preparada hoje pelos Ministros

Ministros dos Negócios Estrangeir­os começam a preparar hoje a agenda de trabalhos

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Para preparar os documentos a serem discutidos na Cimeira de Luanda, na quarta-feira, reúnemse a partir de hoje os ministros dos Negócios Estrangeir­os dos Estados que integram o Mecanismo Regional de Supervisão do Quadro de Paz, Segurança e Cooperação para a República Democrátic­a do Congo. A partir de amanhã começam a chegar em Luanda os Chefes de Estado e de Governo e os representa­ntes das organizaçõ­es internacio­nais e regionais parceiras do Mecanismo.

Os Chefes de Estado e de Governo e os representa­ntes das organizaçõ­es internacio­nais e regionais parceiras do Mecanismo de Supervisão do Acordo de Paz, Segurança e Cooperação para a República Democrátic­a do Congo começam a chegar a Luanda para a Cimeira de quartafeir­a, que vai avaliar a aplicação dos compromiss­os assumidos pelas partes.

Numa promoção da Organizaçã­o das Nações Unidas, com o apoio do Governo de Angola, a Cimeira de Luanda foi convocada devido ao agravament­o da situação política na RDC, com registo de cenas de violência que resultaram em mais de uma centena de mortos.

Além da República Democrátic­a do Congo, as partes vão avaliar os últimos acontecime­ntos na República Centro Africana, Burundi e Sudão do Sul, que continuam a preocupar a região e o continente africano em geral, apesar do acordo assinado a 24 de Fevereiro de 2013, em Addis Abeba, do qual são signatário­s 12 países e organizaçõ­es internacio­nais e regionais, incluindo a União Africana e a Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) e as Nações Unidas.

Para a Cimeira de Luanda, estão previstas, entre outras, as presenças do Presidente da Tanzânia, que dirige o processo de negociação no Burundi, do secretário-geral da francofoni­a, que também é um dos participan­tes do recente acordo de entendimen­to na República Democrátic­a do Congo, e do secretário­geral da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), que também é parte dos esforços dos acordos de paz na Região dos Grandes Lagos.

Em Luanda encontra-se já, desde sexta-feira, o enviado especial do secretário-geral da ONU para esta Região dos Grandes Lagos, Said Djinnit. À sua chegada, no Aeroporto Internacio­nal 4 de Fevereiro, o diplomata afirmou que as Nações Unidas esperam que as discussões na Cimeira de Luanda sejam francas e abordem os reais problemas dos Estados-membros da região. “Esperamos que os países-membros da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos tenham uma discussão franca sobre os problemas reais desta região, que tem muito potencial para ser grande referência no mundo e poucos motivos para os problemas que vive actualment­e”, declarou.

O diplomata argelino disse esperar que os problemas sejam resolvidos o “mais depressa possível” e esclareceu que o encontro não é propriamen­te uma Cimeira de Chefes de Estado e de Governo dos Grandes Lagos, mas uma reunião oportuna sobre o Acordo-Quadro da região. Said Djinnit elogiou a presidênci­a de Angola na Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos e sublinhou que ela está a ser uma mais-valia, pois é “muito cooperativ­a e com resultados positivos”, o que constitui para as Nações Unidas um motivo e oportunida­de para que as partes continuem a trabalhar juntas.

Encontro de ministros

Para preparar os documentos a serem discutidos na Cimeira de Luanda, reúnem-se hoje e amanhã os ministros dos Negócios Estrangeir­os dos Estados que integram o Mecanismo Regional de Supervisão do Quadro de Paz, Segurança e Cooperação para a República Democrátic­a do Congo.

Nesta sétima reunião de Alto Nível do Mecanismo de Supervisão Regional do Acordo para a Paz, Segurança e Cooperação na República Democrátic­a do Congo e na Região, as partes vão debater a aplicação dos compromiss­os assumidos, avaliar o estado de neutraliza­ção das forças negativas e o repatriame­nto dos combatente­s desarmados.

Progressos na RDC

A Cimeira de Luanda decorre após uma intensa jornada diplomátic­a encetada pela Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), através do Órgão de Coordenaçã­o de Políticas de Defesa e Segurança, que deu um novo impulso ao apoio ao diálogo interno e resultou na assinatura de um acordo entre o Governo e a oposição, para a criação de um Governo de inclusão e a realização de eleições em Abril de 2018.

O Presidente Joseph Kabila deve liderar o Governo de inclusão e já garantiu que não tenciona candidatar-se às próximas eleições. O ministro congolês dos Negócios Estrangeir­os, que esteve em Luanda na semana passada, considerou “extremamen­te preocupant­e” a situação na República Democrátic­a do Congo. JeanClaude Gakosso disse o mesmo que Maite Nkoana-Mashabane, ministra sul-africana das Relações Internacio­nais e Cooperação, que também esteve em Luanda, tendo sido recebida pelo Presidente José Eduardo dos Santos.

Maite Nkoana-Mashabane falou da necessidad­e de priorizar o diálogo na República Democrátic­a do Congo, mas mais do que isso conseguir manter a estabilida­de num país que é “vital para a região”, e com quem a África do Sul assinou, juntamente com Angola, um importante acordo de cooperação política, económica e de segurança. Já o chefe da diplomacia congolesa disse que a República Democrátic­a do Congo faz parte das prioridade­s da agenda política da região, mas de um modo particular para Angola e Congo Brazzavill­e.

“É um país vizinho, um país irmão que sempre mereceu atenção, mas estes últimos episódios tornam a situação especial”, assinalou Maite Nkoana-Mashabane aos jornalista­s à saída da audiência que lhe foi concedida pelo Presidente José Eduardo dos Santos.

 ?? FRANCISCO BERNARDO ?? Presidente da República Democrátic­a do Congo Joseph Kabila (à esquerda) um dos participan­tes à Cimeira de Luanda
FRANCISCO BERNARDO Presidente da República Democrátic­a do Congo Joseph Kabila (à esquerda) um dos participan­tes à Cimeira de Luanda

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