Governo admite fragilidade mas garante o compromisso
O chefe da equipa de negociadores do Governo, Humberto de la Calle, admitiu que o processo de paz na Colômbia está fragilizado após a rejeição, em referendo, do acordo com a guerrilha das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
“Não podemos esconder que a situação é frágil”, declarou Humberto de la Calle em mensagem sobre as dúvidas em relação a um futuro acordo com as FARC, após o referendo de 2 de Outubro.
Humberto de la Calle disse que a incerteza sobre o rumo da paz deve terminar, pois o cessar-fogo está a ser mantido. O negociador proferiu esta afirmação antes de partir para Havana, capital de Cuba, onde tenta conseguir um novo acordo com os rebeldes, depois de quatro anos de árduas conversações de paz.
Com base no acordo de paz, as partes declararam em Agosto um cessar-fogo bilateral e definitivo, que após a derrota no referendo foi prorrogado pelo Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, até 31 de Dezembro.
O resultado do referendo impede a implementação dos termos do acordo de paz, o que levou Juan Manuel Santos a reunir-se com os principais líderes que se opõem ao acordo, entre eles o ex-presidente Álvaro Uribe, para receber propostas e iniciar uma renegociação.
“A necessidade de consolidar um novo acordo de maneira eficaz e rápida não corresponde apenas ao desejo da maioria dos colombianos, mas atende também ao propósito de evitar um retrocesso que reinicie o horror da violência”, afirmou Humberto de la Calle.
O chefe da equipa de negociadores do Governo destacou a disposição patriótica que encontrou em dezenas de propostas nos diversos sectores políticos e sociais contrários ao acordo final, firmado em 26 de Setembro, na cidade de Cartagena. “É uma satisfação saber que ninguém se opõe à busca de um acordo de paz”, declarou Humberto de la Calle, que convocou todas as partes a trabalhar com generosidade e actuar com grandeza para alcançar uma paz estável e duradoura.
A Colômbia passou por um conflito armado há mais de 50 anos envolvendo guerrilheiros, paramilitares e agentes da força pública, que já deixou 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados. O Presidente Juan Manuel Santos orientou a equipa de negociadores a explorar ao máximo as possibilidades que estão em cima da mesa para reforçar os termos do acordo, que em breve vai ser apreciado pelas partes.
Juan Manuel Santos pediu aos líderes da oposição para apresentarem as suas propostas sobre o acordo de paz, principalmente nas questões que colheram grande descordância política ou técnica, e que acabaram por tornar inviável ou impraticável os termos referentes a segurança e a integração de ex-guerrilheiros.
Nações Unidas
As Nações Unidas ofereceram no sábado garantias às autoridades colombianas de cooperação e ajuda na continuidade das negociações de paz com a guerrilha para manter o processo dentro de um ambiente de cordialidade e segurança.
A ONU manifestou a sua posição em comunicado onde indica que o processo de paz na Colômbia é uma garantia real de pacificação e um exemplo de entendimento, que deve ser aproveitado por todas as partes para consolidar o desenvolvimento no país.
As Nações Unidas prometeram igualmente apoio aos mais necessitados, que ainda se encontram em situação difícil no interior do país, numa colaboração estreita com as autoridades. O Governo colombiano prometeu tudo fazer para manter o clima de grande tranquilidade em todo o território nacional.