Estados Unidos podem enviar mais armamento aos rebeldes
Rússia acusa Ocidente de crime de guerra em bombardeamentos a civis no Iraque
Os Estados Unidos e a Europa, no quadro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mantêm até agora, apesar de vários encontros, um profundo afastamento político e técnicooperacional da Rússia sobre a melhor maneira de terminar a guerra na Síria.
Nos últimos dias, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, conduziram encontros de avaliação técnica da situação na Síria, mas não conseguiram aproximar as posições dos seus governos.
As diferenças políticas e militares mantêm-se inalteráveis. Kerry e Lavrov procuram ampliar as suas teses e demonstrar que estão certos sobre a melhor forma de terminar o conflito. No quadro diplomático, Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha estão centrados em dificultar ao máximo os contactos da Rússia sobre a Síria, a quem acusam de estar a promover condições de agravamento da guerra.
O jornal norte-americano The Washington Post noticiou que os Estados Unidos consideraram a possibilidade de fornecer armas pesadas aos rebeldes, na esperança de permitir que a oposição se defenda da aviação russa e da artilharia do Exército sírio.
O Pentágono reconhece, segundo o jornal, o alto profissionalismo da Força Aeroespacial russa na Síria. Na última reunião do Presidente norte-americano com a sua equipa responsável pela segurança nacional, foi discutido o assunto se os EUA devem fornecer novas armas à oposição síria apoiada pela CIA.
O plano não foi aprovado nem rejeitado, informou o The Washington Post. Tal incerteza neste assunto indica “um cepticismo crescente na Administração Obama em relação ao programa secreto da CIA no âmbito do qual os EUA têm treinado e armado milhares de militantes sírios nos últimos três anos”, lê-se na matéria. A proposta de aumento do apoio aos rebeldes sírios em forma de meios de defesa antiaérea, para ser usada contra a aviação síria e a Força Aeroespacial russa recebeu o nome de plano B. Supõe-se, reza a matéria, que é uma alternativa ao plano A que consistia no diálogo diplomático entre a Rússia e os EUA sobre a Síria.
Alguns políticos que antes eram apoiantes do programa, por exemplo, o secretário de Estado John Kerry, encaram-no com cepticismo. Kerry teme que o fornecimento de novas armas leve a que os militantes matem algum dos militares russos e que isso conduza a uma confrontação com Moscovo. O programa de apoio à oposição moderada foi o elemento central da estratégia norte-americana para derrubar o Presidente sírio Bashar Assad. Segundo cientistas políticos norte-americanos, agora é pouco provável que mesmo uma versão ampliada do programa permita aos EUA alcançar o seu objectivo, tendo em conta a intervenção russa no conflito.
Ao mesmo tempo, é muito possível que Obama passe a responsabilidade pelo destino deste programa ao presidente seguinte.
Voos da OTAN
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) prepara o envio de aviões de vigilância para colaborarem com a coligação internacional que combate o Estado Islâmico (EI) na Síria e no Iraque.
Os líderes da OTAN aprovaram formalmente na reunião de Varsóvia, em Junho, o auxílio à aliança contra o Estado Islâmico nos dois países com informações recolhidas pelas aeronaves de vigilância desde o espaço aéreo da Turquia e águas internacionais do Mediterrâneo.
Fontes da OTAN explicaram que os aviões podem melhorar a perspectiva geral da missão da coligação e destacaram que eles não vão estar envolvidos em missões de combate.
A operação pode arrancar inicialmente sem a Alemanha. No último dia 12, o Governo alemão aprovou a participação de soldados seus na acção, mas a decisão precisa de ser aprovada pelo Bundestag, a câmara baixa do Parlamento, algo que deve ocorrer em Novembro.
Os aviões Awacs vão partir da base turca de Konya e realizar voos de reconhecimento para oferecer dados em tempo real às aeronaves de combate da coligação. Os Awacs são um dos poucos recursos de propriedade da OTAN e não dos seus Estados-membros.
Crime
O Ministério da Defesa da Rússia denunciou, no sábado, a morte de dezenas de civis num bombardeamento realizado pelo Ocidente contra um funeral perto da cidade de Kirkuk, que classificou de crime de guerra. “Segundo testemunhas, uma marcha fúnebre foi confundida com um grupo de guerrilheiros. Dezenas de civis iraquianos, incluindo mulheres e crianças, morreram”, disse o portavoz militar russo, Igor Konashenko.
O general afirmou que o ataque ocorreu na sexta-feira na pequena aldeia de Dakuk, situada a 30 quilómetros de Kirkuk, onde não há presença de membros do Estado Islâmico.
Konashenko disse que esse tipo de ataque mortal contra regiões povoadas apresenta todos os traços de um crime de guerra e representa uma rotina diária para a coligação liderada pelos Estados Unidos.
“Com muita assiduidade, os bombardeamentos da coligação atingem casamentos, funerais, hospitais e comboios humanitários”, acusou o general russo.