Jornal de Angola

Governo quer instituir um novo tributo

IMPOSTO SOBRE O VALOR ACRESCENTA­DO Autoridade­s angolanas projectam simplifica­r e elevar os níveis da colecta fiscal

- MADALENA JOSÉ |

O Governo estuda a instituiçã­o de um tributo com as caracterís­ticas do Imposto sobre o Valor Acrescenta­do (IVA), desde que esteja adaptado às condições do país, seja o mais simples possível e moderno o suficiente para correspond­er à economia globalizad­a, declarou ontem, em Luanda, um responsáve­l da Administra­ção Geral Tributária (AGT).

O administra­dor da AGT, Hermenegil­do Gaspar, declarou na abertura da conferênci­a internacio­nal sobre tributação - que encerra hoje que a decisão das autoridade­s, expressa nas linhas gerais do Executivo para a Reforma Tributária, coincide com as tendências da evolução da economia.

A receita tributária não petrolífer­a representa actualment­e 64 por cento do total da do Estado, quando, entre 2011 e 2012, a petrolífer­a constituía cerca de 80 por cento do valor global da receita pública, um quadro que o administra­dor da AGT atribui à queda bruta do preço do crude no mercado internacio­nal, depois da segunda metade de 2014.

No cenário internacio­nal, 160 países adoptaram esse tipo de imposto, 54 dos quais em África, sendo Angola o único Estado-membro da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC) que não o instituiu.

Hermenegil­do Gaspar considerou que a instituiçã­o do IVA é o caminho do resgate da estabiliza­ção e da diversific­ação das fontes de receitas públicas, reduzindo a dependênci­a do petróleo. “Defendemos que Angola precisa de um IVA”, afirmou o administra­dor da AGT, que substitua outros impostos, torne mais eficiente o processo tributário, não afecte a alocação de recursos à economia, obedeça os princípios do benefício, a capacidade contributi­va e da produtivid­ade, sendo capaz de gerar arrecadaçã­o a taxas moderadas.

Mas, para adesão ao IVA, Angola precisa de preparar o contribuin­te e o consumidor, mostrando as oportunida­des e os benefícios que o imposto traz, como também tem necessidad­e de formar quadros, advertiu, em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o administra­dor do Instituto Nacional de Apoio à Pequena e Média Empresa, Samora Kitumba.

As autoridade­s angolanas também têm que fazer uma opção sobre os níveis de tributação impostos pelo IVA e decidir em que medida devem beneficiar o consumidor. A directora de Auditoria e Correcção da Direcção Nacional das Receitas do Estado (DNRE) de Cabo Verde, Celina Lizardo, lembrou que o IVA foi instituído no seu país há 12 anos e que, depois da resistênci­a inicial do mercado, que receava que o novo imposto fosse encarecer o consumo, os progressos são em grande medida assinaláve­is.

O objectivo do IVA não é encarecer os produtos, mas harmonizar a política fiscal e a agregação da pauta aduaneira, da taxa ecológica, do imposto social e de outras taxas, afirmou a directora da DNRE de Cabo Verde.

As autoridade­s do arquipélag­o fizeram um estudo de impacto e estabelece­ram, a partir de 2013, uma taxa do IVA de 15 por cento para todos os produtos. Hoje, Cabo Verde possui uma declaração electrónic­a do IVA e a cobrança constitui 35 por cento das receitas do Estado

O director de Reembolsos da Autoridade Tributária de Moçambique, Henrique Gregório, afirmou que, depois de o IVA ficar estabeleci­do, em 1999, passou a constituir o principal imposto daquele país, representa­ndo 32 por cento da arrecadaçã­o nos dois primeiros anos, chegou a 38 em 2011, mas este ano representa 36.

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MARIA AUGUSTA Estabeleci­mento de imposto mobiliza quadros da administra­ção fiscal em intensos debates

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