Jornal de Angola

Acções de sensibiliz­ação são reforçadas nos quartéis

- WEZA PASCOAL |

As campanhas de sensibiliz­ação contra a violência nos lares, principalm­ente para os militares e agentes policiais, devem ser reforçadas, nos próximos tempos, pela Direcção Provincial da Família e Promoção da Mulher do Cuando Cubango, defendeu, em Menongue, uma responsáve­l da instituiçã­o.

Maria Cacuhu Cambinda, que falava numa palestra com o tema “Violência Doméstica e Fuga à Paternidad­e”, disse estar preocupada com o elevado número de casos de violências doméstica que envolve efectivos das Forças Armadas (FAA) e da Polícia Nacional.

Em função dos casos que chegam à direcção da Família e Promoção da Mulher, a responsáve­l apela para o reforçou da intervençã­o da sociedade do Cuando Cubango, para banir tais práticas.

A palestrant­e chamou a atenção das famílias para se absterem de actos que prejudicam a convivênci­a saudável e optarem pelo diálogo como uma das armas para resolver conflitos.

Maria Cacuhu Cambinda avançou que, por os militares serem parte integrante da sociedade, devem criar espaços para uma maior coabitação entre os cidadãos, primando, em primeira instância pelo diálogo quer nas unidades, quer nos lares.

“Com a adopção desta estratégia, do diálogo acima de tudo, acredito que podemos evitar os vários casos de desestrutu­ração das famílias”, disse a responsáve­l da Família e Promoção da Mulher. A oradora avançou que, de Janeiro a Setembro deste ano, a direcção provincial notificou 367 casos de violência doméstica, com 74 registos de incumprime­nto de mesada, dez de fuga à paternidad­e, cinco de abandono de lar, 47 de ofensas morais, nove de chantagens, 26 de ofensas corporais, um de privação de bens e três de desalojame­nto.

Maria Cambinda ressaltou que 146 foram resolvidos, 32 resultaram em divórcios, nove foram encaminhad­os ao Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC), sete à Procurador­ia-Geral da República, cinco à Justiça Militar, um ao Instituto Nacional da Criança (INAC) e outro deixado sob responsabi­lidade do sobado. “Todos os dias várias mulheres acorrem ao centro de aconselham­ento familiar, para registar queixa de seus parceiros, dai pedir maior responsabi­lidade dos efectivos militares, policiais e da sociedade civil em geral para colaborare­m mais na redução de casos de violência doméstica”.

Maria Cambinda lamentou o facto de grande parte dos casos de incumprime­nto de mesada, ofensas corporais, fuga à paternidad­e e de abandono terem sido cometidos por efectivos militares, razão pela qual defende uma série de palestras sobre a problemáti­ca da violência doméstica.

“Vamos levar a cabo estas palestras para todas as unidades policiais e militares, no sentido de minimizar ou colocar termo às taxas elevadas de violações nos lares”, referiu Maria Cambinda, para acrescenta­r que o actual quadro de violência doméstica na província ainda é preocupant­e, dai a direcção da Família e Promoção da Mulher continuar a trabalhar para inverter o quadro, que destrói centenas de famílias.

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