Solicitada isenção fiscal para agricultura
A isenção de impostos sobre os sectores da Agricultura e das Pescas viabiliza o processo de diversificação e permite que o país atinja níveis de crescimento económico de dois dígitos, considerou ontem, em Luanda, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA).
José Severino, que falava nas III jornadas técnico-científicas da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, afirmou que, enquanto a agricultura e a pesca continuarem a pagar imposto industrial, as suas actividades vão manter-se encarecidas, além de que os investimentos serão inibidos pela elevada carga fiscal. “Como consequência, poucas pessoas se atrevem a investir na agricultura de grande escala”, realçou.
O presidente da AIA solicitou também que os combustíveis consumidos nos dois sectores aufiram de subsídios estatais. As empresas agrícolas e de pesca, declarou, pedem empréstimos aos bancos para conseguirem desenvolver as suas actividades, mas, com os impostos industriais e o preço do combustível altos, terão grandes problemas em reembolsar o dinheiro aos bancos em tempo oportuno. José Severino prevê que, embora este ano Angola registe fracos indicadores de crescimento “devido à situação financeira que vivemos”, em 2017, “com o preço do barril de petróleo a custar 52 dólares”, Angola pode obter uma gestão cambial mais cómoda. Mas, advertiu, os bancos têm de rever a sua política de empréstimos e deve haver recursos para as micro e médias empresas em todos os centros económicos do país, “porque são o motor da economia e os investidores no interior não podem continuar a ter dificuldades em chegar aos centros de decisão.”
O presidente da AIA defende uma maior flexibilidade para com os investidores estrangeiros, posto que, enquanto a lei determinar que para estes investirem no país têm de ter parceiros angolanos com 30 por cento do negócio, “vão pensar duas vezes e, se possível, optar em investir noutros países, atendendo que os custos aqui são altos.”
José Severino apresentou o tema “Roteiro para diversificação da economia angolana” nas III jornadas técnico-científicas da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto, realizadas ontem sob o lema “Angola - perspectivas socioeconómicas”.
O decano da faculdade, Redento Maia, declarou na abertura que as jornadas técnico-científicas servem para os estudantes adquirirem conhecimentos com oradores experimentados na área económica.