A diplomacia em tempo de crise
PODEROSO INSTRUMENTO
A diplomacia caracteriza-se pela interacção natural que os Estados mantêm entre si com vista a defender os seus interesses nacionais no exterior. Portanto, envolve uma dimensão política e outra técnica, facto que obriga as estruturas vocacionadas para a diplomacia e as missões diplomáticas em si a uma adaptação com a dinâmica política, económica e social da conjuntura nacional e internacional.
No campo interno, as estruturas devem reflectir o estado da situação política, económica e social. É assim que os países que têm uma comunidade emigrante significativa chegam a ter um ministério ou uma secretaria de Estado para as comunidades. Se houver trocas comerciais intensas com um determinado Estado as embaixadas são cabimentadas com um Adido Comercial e assim por diante.
A missão diplomática tem que ser flexível na sua função de representar oficialmente o Estado. É um misto de fervor nacionalista e a perícia necessária para o domínio das técnicas diplomáticas que envolvem desde o protocolo de boas maneiras, leis, domínio da situação interna do Estado receptor até aos costumes que fazem a diferença quando se trata de mais-valia para o Estado emissor.
As questões que se colocam hoje é saber qual a importância das missões diplomáticas em tempo de crise. Que tipo de missão o Estado deve manter e como capitalizar a presença dos diplomatas nas mais diversas capitais do mundo a favor do país.
A resposta é óbvia, numa situação de conflito é necessário recorrer aos técnicos com experiência militar e/ou especialistas em recolha de informação para que possam estar na frente diplomática. Conclui-se que em tempo de crise económica as missões diplomáticas têm que adaptar as suas actividades para a captação de investimento externo directo e indirecto.
A capitalização da história do país no palco internacional é a chave, o país tem que estar na ordem do dia pelas melhores razões. Nesse aspecto entra o papel da comunicação social, a relação com os media locais é determinante, mas a projecção externa a partir do interior utilizando canais internacionais sob direcção editorial oficial tem sempre um impacto maior.
As acções diplomáticas devem concorrer para a saída da crise. A actividade do pessoal diplomático deverá incidir sobre os sectores que arrecadem receitas. As campanhas sobre as oportunidades de negócio no país, a organização e participação directa em fóruns para passar uma imagem positiva do país e a postura perante as autoridades locais transformam a imagem de forma negativa ou positiva. A facilitação e simplificação na atribuição de vistos, assim como a prontidão para fornecer qualquer tipo de informação devem ser práticas correntes.
As instituições internas devem acompanhar a mesma dinâmica, sob pena do potencial investidor se sentir defraudado. É necessário preparar as instituições no país para que estejam preparadas para receber os investidores e desenvolver políticas que demonstrem disponibilidade com garantias de estabilidade nos impostos, assim como o rigor na facilitação por parte das autoridades locais para que os mesmos possam ser implementados sem entraves burocráticos. Aqui a incidência recai sobre os recursos humanos, a formação e consciencialização dos técnicos que lidam directamente com o potencial investidor.
O turismo é uma fonte de receita que beneficia directamente o investidor local, cria emprego directo e indirecto e pode alimentar toda a cadeia produtiva. A qualidade da oferta do pacote turístico deve ajustar-se com preços convidativos e convincentes.
Não existe aglomeração humana que não possua uma história que possa ser transformada em produto turístico. Mas as condições a montante devem estar garantidas: transportes, locais devidamente sinalizados e catalogados, guias e/ou informados com formação especializada, assim como a existências de um conjunto de serviços horizontais que são indispensáveis para que o turista sinta que a opção foi a melhor e que seja actor do efeito multiplicador.
As missões diplomáticas devem ter parcerias com as agências de turismo. É necessário clarificar o tipo de turismo que o país e a região indicada em particular está em condições de oferecer: Rural, cultural, religioso, desportivo, repouso ecológico, exótico, o turista tem de saber com o que vai contar.
Portanto, as acções para fazer face à crise devem estar voltadas para fora do território, sobretudo quando o objectivo expresso é a captação de investimento externo. A estratégia para fazer face à crise passa obrigatoriamente pela diplomacia. As missões diplomáticas estão na linha da frente e delas pode depender a última decisão de um determinado investidor optar ou não pelo país.
Nesta perspectiva, a frente diplomática deve ser reforçada e reformulada porque a retracção pode significar perdas em relação aos objectivos já alcançados. Todo o trabalho de criação de imagem e com fins económicos acaba por não surtir o efeito desejado.
A diplomacia deve ser exercida como um catalisador comercial e económico do país, podendo trazer retornos noutros sectores, como o político, cultural e no da inovação tecnológica, sendo um dos fundamentos da cooperação internacional na actualidade. Em tempo de crise a diplomacia deve ser intensificada por ser um instrumento poderoso que abre as portas do exte-