Jornal de Angola

Negada existência de esquadrões de morte

Autoridade­s tranquiliz­am a população sobre onda de assassinat­os e prometem justiça

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O ministro moçambican­o da Justiça, Isaque Chande, rejeitou, quarta-feira, acusações segundo as quais o Governo instituiu esquadrões de morte contra militantes da oposição e afirmou que as autoridade­s perseguem apenas organizaçõ­es criminosas.

Sobre a alegada inércia das autoridade­s no esclarecim­ento da suposta onda de assassinat­os políticos, Chande admitiu apenas a existência de um ataque a um membro do Movimento Democrátic­o de Moçambique ( MDM), terceiro maior partido no país e acrescento­u que decorre um processo para a responsabi­lização dos seus autores.

Durante a sessão com deputados, o ministro da Justiça, Assuntos Constituci­onais e Religiosos, afirmou que a Polícia moçambican­a não persegue opositores políticos, mas grupos de criminosos.

A RENAMO e o MDM acusaram o Governo de ter instituído esquadrões de morte contra membros da oposição, enquanto a bancada da FRELIMO, partido no poder, imputou ao braço armado do principal partido da oposição a autoria de assassinat­os dos seus militantes.

Militantes dos dois principais partidos moçambican­os foram assassinad­os nos últimos meses no país, no contexto da actual violência militar entre as Forças de Defesa e Segurança moçambican­as e o braço armado da RENAMO.

Jeremias Pondeca, antigo deputado e membro do Conselho de Estado pela RENAMO, que integrava a equipa do partido nas negociaçõe­s com o Governo para a paz no país, foi recentemen­te encontrado morto com sinais de balas no corpo.

A acção criminosa gerou comoção no país e uma forte condenação de organizaçõ­es internacio­nais e embaixadas representa­das em Maputo.

A delegação da União Europeia tal como a representa­ção diplomátic­a dos Estados Unidos em Maputo condenaram, na ocasião, o “bárbaro assassinat­o” de um dos negociador­es de paz da RENAMO e apelaram para “uma investigaç­ão célere e exaustiva do crime.” “Qualquer tentativa de intimidar personalid­ades envolvidas na procura de uma paz duradoira em Moçambique deverá ser condenada ao nível mais alto possível”, disse uma nota da Embaixada norte-americana na capital moçambican­a.

A embaixada exortou às autoridade­s para que aos autores do homicídio sejam levados a tribunal, apelando ainda a cessação de todas as formas de violência em Moçambique, incluindo as hostilidad­es entre as Forças de Defesa e Segurança moçambican­as e a Resistênci­a Nacional Moçambican­a (RENAMO).

Jeremias Pondeca tinha saído de casa na madrugada do dia 3 de Outubro, com destino à praia da Costa do Sol, para fazer os habituais exercícios matinais, mas nunca mais voltou. Preocupada com o seu desapareci­mento, a família contactou as autoridade­s, que só conseguira­m identifica­r o corpo na manhã do dia seguinte na morgue do Hospital Central de Maputo.

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DOMBELE BERNARDO Moçambican­os exortados a redobrar a vigilância e a denunciar os actos de grupos criminosos na capital e noutras regiões

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