Agricultura quer transformação local de madeira
O Ministério da Agricultura pretende construir grandes serrações nas provinciais de produção madeireira, por forma a promover a transformação desta matéria-prima e proporcionar mais postos de trabalho no local.
O anúncio foi feito ontem, em Luanda, pelo secretário de Estado da Agricultura, quando falava sobre “O desenvolvimento rural e o combate à pobreza como factores de reinserção social”, nas XX jornadas técnico-científicas da Fundação Eduardo dos Santos (Fesa).
Durante a sua dissertação, José Amaro Tati disse que o sector da Agricultura ainda se depara com algumas dificuldades no tocante à ausência de carreira técnica das áreas fundamentais da agricultura, motivo que provoca uma grande fuga dos agricultores.
O secretário de Estado considerou que as carreiras do extensionista e de outros técnicos são uma boa medida para fixação de quadros no sector.
“O nosso país tem também outras dificuldades, das quais se destaca a falta de melhor equipamento para a criação de uma base logística para o sector de um modo geral, para a produção local de sementes e de fertilizantes, bem como de instrumentos agrícolas por forma a evitar os constrangimentos encontrados no mercado internacional com a sua importação", referiu o secretário de Estado.
Em Angola, sobretudo no meio rural, a principal actividade económica das famílias radica do sector primário (a agricultura, pecuária, pescas e outras), que permite a sobrevivência da população. Para José Amaro Tati, a agricultura no meio rural é, basicamente, praticada por produtores familiares, que são gestores e trabalhadores das suas próprias terras.
“A agricultura familiar é a base da agricultura angolana, sendo a responsável pela produção de 79 por cento dos cereais, 92 de raízes e tubérculos e de 90 das leguminosas e oleaginosas”, precisou. De acordo com dados do Censo Geral da População 2014, a agricultura absorve 9.635.036 habitantes, o que equivale a 37,7 por cento da população nacional, o que representa 1.773.743 de famílias.
José Amaro Tati considera que as pequenas unidades industriais podem colmatar as principais necessidades da população no meio rural. Como exemplo, apontou as pequenas fábricas de transformação de tomate, frutos diversos, mandioca, batata-doce e rena, inhame, peles, pêlos e penas de animais abatidos, para além das carnes, suas vísceras e excrementos. Para ele, a agricultura familiar constitui a maior actividade no meio rural, “devendo por isso haver maior apoio na constituição das micro e pequenas empresas, bem como cooperativas e associações.”
Relançamento
O Ministério da Agricultura, dentro do seu plano estratégico, aposta no aumento da produção e produtividade, com particular atenção para o desenvolvimento da agricultura familiar, sem desprimor para a empresarial. Na área da pecuária, o ministério estimula o aumento da produção de carnes de consumo, a partir do reforço da avicultura, suinicultura e de pequenos ruminantes. No sector florestal, trabalha para a melhoria dos processos de fiscalização e licenciamento das actividades florestais e de extracção de madeira.
A par disso, o Ministério da Agricultura promove um conjunto de intervenções que se articulam a partir de programas dirigidos, com o propósito de saída da crise que assola o país. “Tais programas permitem estrategicamente um acumular de recursos de acordo com as zonas do país, bem como a identificação e concertação para o que for prioritário para a realidade de cada província”, disse.
Para atingir os objectivos com maior celeridade e eficácia, estão organizados e orientados programas dirigidos como os de produção de sementes, adubos, de apoio à agricultura familiar, aumento de produção de ovos e frangos, de cereais, comercialização de grãos, aumento da produção e promoção da exportação da madeira, mel, café e palmar, entre outros programas. Até hoje, foram já implantadas 131 estações de desenvolvimento agrário.
As XX jornadas técnico-científicas da Fesa, que hoje encerram decorrem sob o lema “Experiência de Angola nos processos de reconciliação nacional, reconstrução e reinserção social”.