Educação integra crianças no sistema de ensino
A Direcção Provincial da Educação, Ciências e Tecnologia da Lunda Norte vai, nos próximos dias, fazer um levantamento do número de crianças com necessidades educativas especiais, para permitir a sua integração no sistema de ensino e aprendizagem, informou ontem, no Dundo, o director provincial.
Bartolomeu Dias Sapalo, que falava numa palestra com o tema “O papel dos Pais e Encarregados da Educação dos Alunos com Necessidades Especiais”, afirmou que este processo inclui crianças com deficiências como descoordenação visual, desordem mental, comportamental e emocional, debilidades físicas e atrasos no desenvolvimento mental.
O director provincial da Educação, Ciência e Tecnologia apontou a necessidade de uma maior intervenção dos especialistas, para que essas crianças possam ser observadas de forma a determinar a gravidade das patologias.
Bartolomeu Dias Sapalo recomendou aos gestores do ensino especial que realizem pesquisas em todos os municípios e comunas da província, com vista a identificarem as crianças com necessidades especiais, para serem incluídas em programas de beneficência, sobretudo, o direito ao sistema do ensino.
Bartolomeu Sapalo explicou que o Executivo tem vindo a trabalhar no sentido de continuar a conferir à esta franja da sociedade melhores oportunidades para uma educação especial inclusiva e diversificada, tendo em conta o aperfeiçoamento constante dos métodos educativos. O Ministério da Educação, referiu o director provincial, tem desenvolvido políticas com base no princípio, segundo o qual o sistema educativo promove cidadania sem discriminações e, acima de tudo, como um direito para todos.
“É neste quadro que temos promovido diversos serviços educativos, dentre os quais a educação especial, procurando aplicar métodos científicos viáveis, que nos permitam fazer o acompanhamento socioeducativo dos alunos”, disse o director provincial da Educação, Ciência e Tecnologia.
A província da Lunda Norte tem inscritos, no presente ano académico, 193 alunos com necessidades especiais, no ensino primário e primeiro ciclo, dos quais 133 são do sexo feminino. As aulas são ministradas por seis professores.
Ensino especial
O ensino especial na província funciona em três salas cedidas provisoriamente pela Escola Superior Pedagógica da Lunda Norte, enquanto se espera pela conclusão das instalações definitivas, que estão a ser construídas no bairro Camatundo, na cidade do Dundo. O psicólogo e docente da Escola Superior Pedagógica da Lunda Norte, Manuel Mulaja, considerou importante que os pais, cujos filhos são portadores de deficiências, devem participar activamente na promoção do ensino especial, encaminhando-os para instituições de ensino especializado.
Mais do que encaminha os filhos para as instituições de ensino especial, Manuel Mulaja avançou que os pais devem também fazer o acompanhamento durante o processo de aprendizagem social e escolar, por via da interacção com os docentes. O psicólogo referiu que os pais e encarregados de educação desempenham um papel preponderante na educação, integração e ajustamento social dos filhos portadores de deficiências, dai aconselhar para que prestem mais carinho, aproximação permanente e amor.
Manuel Mulaja apontou as causas de foro emocional, físico, sensorial, neurológica, intelectual, educacional e económica como principais condicionalismos que inibem as crianças com necessidades especiais frequentarem escolas normais do ensino geral.
Os distúrbios provenientes de uma educação familiar mal orientada, podem resultar em problemas no aprendizado, disse Manuel Mulaja, que explicou que o maior problema do foro educacional ocorre durante a infância e é ligado ao ambiente familiar.
Crianças excepcionais
O docente fez referência às diferenças entre crianças deficientes e excepcionais, esclarecendo que tudo isso tem a ver, sobretudo, com a inteligência, exemplo de superdotados e deficientes mentais dependentes, por desvios físicos, como os psicossociais e múltiplos, em que se destacam os surdos e mudos.
Manuel Mulaja realçou o facto de os pais desempregados, por não terem possibilidades de sustentabilidade da família, acabarem por abandonar crianças com deficiências ou, por vezes, entregando-as às outras famílias ou ainda simplesmente abandoná-las à própria sorte.
Esta situação, disse o psicólogo, marca o recrudescimento de um problema social bastante grave, do qual se exige que as autoridades criem as condições indispensáveis para acudir a este grupo da sociedade.