Fado com Ary e Ana Moura
CRUZAMENTO DE CULTURAS Cine Atlântico acolheu a empolgante segunda edição do Festival Caixa Luanda
Ary e a cantora portuguesa Ana Moura estão entre as artistas que mais aqueceram a noite de fado, que marcou a segunda edição do Festival Caixa Luanda, quinta-feira, no Cine Atlântico, em Luanda.
A noite foi de muitas surpresas, além da de Ary que, surpreendentemente, interpretou as canções “Oh gente da minha terra” e “Maria Lisboa” da rainha do fado, Amália Rodrigues, e uma canção do folclore português, o que a fez dançar e brincar no palco no seu estilo peculiar, embora sem tanto “escangalho”.
Ainda no palco, Ary confessou ter feito pesquisas na Internet, para conhecer as bases do fado, que a deixaram encantada e temer o abandono do semba, o seu estilo musical de eleição.
“Foi algo inédito, fiquei bastante emocionada por me terem escolhido nesta segunda edição. Para mim, o fado é um estilo melancólico, o que contrasta com o meu perfil, pois sou energética, mas consegui, estou feliz e agradeço à direcção do Banco Caixa Geral de Angola por me terem escolhido.”
O festival comoveu também alguns músicos portugueses que cataram pela primeira vez em Angola, como a fadista Gisela João, que preencheu de alegria o público ao interpretar várias canções populares, todas acompanhadas por danças.
Maria Ana Bobone, Hélder Moutinho, Marco Rodrigues e José Gonçalez, que também encantaram a noite, apresentando o que há de mais jovem vocal e instrumental da terra do fado, enquanto Raquel Tavares foi a grande ausente por motivo de doença. Sendo um dos objectivos do festival o cruzamento das culturas angolana e portuguesa, mais dois cantores angolanos subiram ao palco, Toty Sa’Med e Daniel Nascimento que fizeram dueto com a fadista Ana Moura, antes de a mesma encerrar o concerto, acompanhada por Ângelo Freire (guitarra portuguesa), Pedro Soares (viola de fado), André Moreira (baixo e contrabaixo), João Gomes (teclados) e Alexandre Frazão (bateria e percussões).
Era meia-noite, quando o festival encerrou com Ana Moura, após sucessivas interpretações em português e uma em quimbundo, “Hoola hoop” - uma recolha do cancioneiro popular angolano, cantada por Rui Mingas - que Ana Moura interpretou com o guitarrista Toty Sa’Med, requintada de requebros da cintura bem à moda dançante angolana, aliás, é filha de mãe angolana e pai português.
O festival
O surgimento do Festival Caixa Luanda simboliza a mudança do nome do Banco Caixa Totta Angola que passou a designar-se Banco Caixa Geral Angola.
A mudança da marca propiciou a criação de um festival de fado, à semelhança do que existe em Lisboa, com o Caixa Alfama, localidade onde nasceu o fado, actualmente Património Imaterial da Humanidade.
“O Festival de Luanda é a internacionalização do festival, após a primeira experiência, em 2015, tido como um sucesso. Decidimos organizar a segunda edição, com mais de mil e 600 pessoas, e um elenco constituído pelas melhores vozes do fado português”, disse Fernando Pereira, presidente da Comissão Executiva do Banco Caixa Geral Angola.
Referiu que o objectivo é unir os povos e as culturas. Na sua óptica, o Festival Caixa Luanda afirma-se como uma referência de prestígio no calendário cultural angolano e ajuda a difundir a amizade e o vínculo cultural entre Angola e Portugal, dando continuidade à edição anterior. “É um orgulho para o banco continuar a promover o fado através do festival.”
Em 2015, na primeira edição, a organização do festival convidou a artista angolana Yola Semedo.