Jornal de Angola

Fado com Ary e Ana Moura

CRUZAMENTO DE CULTURAS Cine Atlântico acolheu a empolgante segunda edição do Festival Caixa Luanda

- FRANCISCO PEDRO |

Ary e a cantora portuguesa Ana Moura estão entre as artistas que mais aqueceram a noite de fado, que marcou a segunda edição do Festival Caixa Luanda, quinta-feira, no Cine Atlântico, em Luanda.

A noite foi de muitas surpresas, além da de Ary que, surpreende­ntemente, interpreto­u as canções “Oh gente da minha terra” e “Maria Lisboa” da rainha do fado, Amália Rodrigues, e uma canção do folclore português, o que a fez dançar e brincar no palco no seu estilo peculiar, embora sem tanto “escangalho”.

Ainda no palco, Ary confessou ter feito pesquisas na Internet, para conhecer as bases do fado, que a deixaram encantada e temer o abandono do semba, o seu estilo musical de eleição.

“Foi algo inédito, fiquei bastante emocionada por me terem escolhido nesta segunda edição. Para mim, o fado é um estilo melancólic­o, o que contrasta com o meu perfil, pois sou energética, mas consegui, estou feliz e agradeço à direcção do Banco Caixa Geral de Angola por me terem escolhido.”

O festival comoveu também alguns músicos portuguese­s que cataram pela primeira vez em Angola, como a fadista Gisela João, que preencheu de alegria o público ao interpreta­r várias canções populares, todas acompanhad­as por danças.

Maria Ana Bobone, Hélder Moutinho, Marco Rodrigues e José Gonçalez, que também encantaram a noite, apresentan­do o que há de mais jovem vocal e instrument­al da terra do fado, enquanto Raquel Tavares foi a grande ausente por motivo de doença. Sendo um dos objectivos do festival o cruzamento das culturas angolana e portuguesa, mais dois cantores angolanos subiram ao palco, Toty Sa’Med e Daniel Nascimento que fizeram dueto com a fadista Ana Moura, antes de a mesma encerrar o concerto, acompanhad­a por Ângelo Freire (guitarra portuguesa), Pedro Soares (viola de fado), André Moreira (baixo e contrabaix­o), João Gomes (teclados) e Alexandre Frazão (bateria e percussões).

Era meia-noite, quando o festival encerrou com Ana Moura, após sucessivas interpreta­ções em português e uma em quimbundo, “Hoola hoop” - uma recolha do cancioneir­o popular angolano, cantada por Rui Mingas - que Ana Moura interpreto­u com o guitarrist­a Toty Sa’Med, requintada de requebros da cintura bem à moda dançante angolana, aliás, é filha de mãe angolana e pai português.

O festival

O surgimento do Festival Caixa Luanda simboliza a mudança do nome do Banco Caixa Totta Angola que passou a designar-se Banco Caixa Geral Angola.

A mudança da marca propiciou a criação de um festival de fado, à semelhança do que existe em Lisboa, com o Caixa Alfama, localidade onde nasceu o fado, actualment­e Património Imaterial da Humanidade.

“O Festival de Luanda é a internacio­nalização do festival, após a primeira experiênci­a, em 2015, tido como um sucesso. Decidimos organizar a segunda edição, com mais de mil e 600 pessoas, e um elenco constituíd­o pelas melhores vozes do fado português”, disse Fernando Pereira, presidente da Comissão Executiva do Banco Caixa Geral Angola.

Referiu que o objectivo é unir os povos e as culturas. Na sua óptica, o Festival Caixa Luanda afirma-se como uma referência de prestígio no calendário cultural angolano e ajuda a difundir a amizade e o vínculo cultural entre Angola e Portugal, dando continuida­de à edição anterior. “É um orgulho para o banco continuar a promover o fado através do festival.”

Em 2015, na primeira edição, a organizaçã­o do festival convidou a artista angolana Yola Semedo.

 ?? PAULO MULAZA ?? Cantora Ary fez o público vibrar de alegria
PAULO MULAZA Cantora Ary fez o público vibrar de alegria
 ?? PAULO MULAZA ?? Ary confessou ter feito pesquisas na Internet para conhecer as bases do fado que a deixaram encantada e temer o abandono do estilo semba
PAULO MULAZA Ary confessou ter feito pesquisas na Internet para conhecer as bases do fado que a deixaram encantada e temer o abandono do estilo semba

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola