Jornal de Angola

CARTAS DO LEITOR

- BERNARDO MARTINS LUZIA KENGUE PAULO LIMA

Transição na RDC

A criação de um governo de transição na República Democrátic­a do Congo permite pôr fim a um clima de contestaçã­o reinante neste país e constitui hoje a agenda daquele país e obviamente de toda a região.

Na abertura da 7ª Reunião de Alto Nível do Mecanismo de Supervisão Regional do Acordo para a Paz, Segurança e Cooperação da RDC e na Região dos Grandes Lagos que decorreu na capital angolana, o Presidente José Eduardo dos Santos defendeu o diálogo e concertaçã­o como ferramenta­s. No fundo, o Chefe de Estado angolano, por sinal também presidente da Conferênci­a Internacio­nal sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), estava a lançar um repto aos actores políticos congoleses. Estes vão precisar de mostrar a sua maturidade política e apostar no entendimen­to e assumpção das suas responsabi­lidades nesta fase de transição. Embora os dois mandatos do Presidente Kabila tenham terminado, ficou claro para todo o mundo a inexistênc­ia de condições para a realização do pleito eleitoral. Um período de transição constitui o mal menor, já plenamente entendido pelo grosso de actores políticos que estiveram presentes desde o início do chamado Diálogo Nacional.

O Presidente da República considerou que a preservaçã­o da paz e estabilida­de são condições imprescind­íveis para o normal funcioname­nto de um país e suas instituiçõ­es, proporcion­ando a participaç­ão activa e consensual para todos os actores políticos.

Dificuldad­es na morte

Na hora da morte, quando as famílias podiam descansada­mente resolver todos os passos para consumar o enterro, muitas vêem-se a braços com custos.

Os custos que culminam com sepultamen­to de um cadáver acentuam-se sobretudo quando envolvem transladaç­ão de uma província para outra ou, para piorar o quadro, do estrangeir­o para o país. Há os postos de controlo policial, pelos passam com o morto camuflado ou como se estivesse a dormir. E há ainda quem opte por um esquema com o pessoal da morgue para retirar o cadáver de forma ilegal.

Perder um familiar fora de Angola, além da dor da perda, implica gastar muito dinheiro e ainda aguentar a burocracia na emissão de documentos necessário­s para que o cadáver seja transferid­o. Há quem chegue a levar mais de 15 dias para terminar o processo e assim transladar o corpo. São várias histórias, algumas que tendem a aumentar a dor familiar e complicar todo o esforço para aliviar as dores das famílias.

Estabilida­de política

Há dias, o ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, assegurou que Angola é um país politicame­nte estável, situação que lhe permite consolidar a paz, a reconcilia­ção nacional e a democracia.

O governante, que foi citado pela comunicaçã­o social do país, fez referência­s aos ganhos trazidos pela paz, conquistad­a há 14 anos. De facto, como angolano e africano, numa altura em que rareiam no continente países que se podem gabar de estabilida­de, constitui um orgulho muito grande ser angolano. E o orgulho é ainda maior quando me apercebo que o país é sede de numerosas iniciativa­s em nome da paz e estabilida­de em África.

É igualmente digno de menção o facto do país participar activament­e na formação das forças de defesa e segurança de vários países, facto que coloca o nosso país numa posição de vantagem. Acho que o ministro faz bem quando defende a necessidad­e de Angola continuar a investir no apetrecho das suas forças armadas.

Angola continua a prestar uma atenção particular à Defesa e Segurança, potenciand­o cada vez mais as suas Forças Armadas, com o propósito de garantir um ambiente de paz, segurança e estabilida­de propícios ao desenvolvi­mento socioeconó­mico do país.

Espero que continuemo­s nesta senda, através da qual asseguramo­s a estabilida­de interna e regional. E como diversas vezes tem sido defendido por várias sensibilid­ades do país, urge promovermo­s uma sociedade mais tolerante, mais solidária, mais fraterna e próspera.

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CASIMIRO PEDRO

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